Na tarde do último domingo (20), um grupo de aproximadamente 20 pessoas, em sua maioria mulheres, realizou um ato com cartazes e gritos, motivado por denúncias de violência sexual contra o dono de uma academia de Ubatuba, incluindo processos que correm em segredo de justiça e registros de boletins de ocorrência.
Segundo uma publicação do Coletivo Feminista de Ubatuba, a pressão das mulheres já fez com que a academia fechasse e atualmente o acusado não atua mais na cidade.
As fontes ouvidas pela reportagem explicaram que preferiram não expor o nome do estabelecimento, nem do acusado e das denunciantes, para não prejudicar o andamento dos processos.
O ato teve início às 15 horas. O grupo partiu da frente da academia até o cruzamento da Av. Carlos Drummond de Andrade com a Rua Guarani.
Os cartazes exibiam as frases: “Justiça para mulheres de Ubatuba”, “Esporte não violenta mulheres”, “Somos o grito das que não tem voz!”, “Não é minha culpa”, “Chega de abuso”, “Abuso: não se cale, denucie!”, “Cadeia para abusador”, “Fisioterapeuta Fake”.
O o portal Tamoios News ouviu uma das denunciantes que esteve no ato, que pediu para não ser identificada. “Com o tempo, a lembrança do abuso sofrido não dilacera mais a alma, aprendi isso. Mas mesmo depois de muitos anos, ainda há dor, ainda há revolta, ainda há mágoa e ainda falta justiça! No ato foi a primeira vez que gritei o que estava preso em mim por todos esses anos, chorei ao gritar, ao olhar a minha volta e estar cercada por mulheres fortes, que além das próprias lutas, lutam a de outras mulheres que ainda não encontraram a sua voz, finalmente encontrei a minha. Depois de passar pela experiência desse ato, depois de gritar, depois de sentir o apoio das mulheres do coletivo feminista de Ubatuba, de poder conversar sobre o meu abuso, só agora, eu sinto que posso me curar, que eu sou forte, que eu não tenho culpa, que eu não estou sozinha e que a luta ainda não acabou!”, declarou.
Para Barbara Buck, representando as mulheres do PSOL de Ubatuba, “esse evento foi um marco para as mulheres de Ubatuba porque reuniu mulheres de diversos coletivos Feministas da cidade que estão dando apoio às vítimas de diversas formas. Além disso, que essa discussão chegue na mídia é fundamental para que a gente entenda de uma vez que os abusadores não são monstros, mas sim homens respeitados e queridos. Essa é a maior dificuldade que as vítimas desse tipo de violência enfrentam, a incredulidade da sociedade. Precisamos falar sobre a proximidade dos abusadores de suas vítimas, e temos que acreditar nas mulheres isso é fundamental pra que a sociedade se transforme em um lugar mais seguro pras mulheres.”