Somente após comprar os “ônibus aquáticos” a prefeitura deu início à licitação para construção de píeres de atracação; vereador questiona falta de planejamento e fracionamento das licitações
Por Gustavo Nascimento, de Ilhabela
Após comprar três embarcações para transporte coletivo que custaram R$ 4,5 milhões para o município de Ilhabela com recursos financeiros provenientes dos royalties, os chamados “Aquabus” continuam paralisados em um iate clube do arquipélago e não cumpriram seu objetivo.
A prefeitura comprou os “ônibus aquáticos” e adiou por várias vezes o início das atividades. O primeiro Aquabus chegou em fevereiro de 2015 e começaria a operar em junho do mesmo ano, o que não aconteceu até o momento.
Depois da vinda das embarcações, houve outro problema apontado inclusive pelos vereadores: a ausência de acessibilidade nos ônibus aquáticos, o que dificultaria o embarque e desembarque de idosos e pessoas com deficiência.
Para contornar o problema, a prefeitura resolveu efetuar construção de píeres para atracação de embarcações como o Aquabus. E tentou fazer uma licitação para o serviço de engenharia para fabricação e instalação de flutuantes e passarelas metálicas nos píeres do município ao custo estimado de R$ 1,3 milhão.
O Tribunal de Contas barrou o certame da atual administração devido a supostas irregularidades nos editais. Foram, ao todo, quatro representações barradas pelo TCE. Deste número três foram feitas pelo vereador Onofre Sampaio Junior (PROS), que critica a forma de como a administração conduz o projeto de instalação do serviço marítimo, além de erros no edital de licitação das passarelas.
“Houve falta de planejamento da atual administração. O Aquabus não tem condições técnicas tanto para atracar nos píeres quanto para o transporte de pessoas com mobilidade reduzida. Nossos questionamentos às licitações foram também quanto ao fracionamento dos processos”, disse o vereador ao Tamoios News.
Inicialmente, as embarcações seriam utilizadas para o turismo de passageiros, mas depois seria destinado para reforçar o transporte público. Com isso, os interessados em ir da Barra Velha até a Vila (Centro) desembolsariam R$ 3,75 para fazer o trajeto pelo mar em aproximadamente 10 minutos, desviando dos congestionamentos que, na Alta Temporada, chegam a uma hora.
Em outubro deste ano, durante as discussões sobre melhorias na travessia de balsas na Dersa, em São Paulo, uma das propostas para agilizar o serviço intermunicipal seria o reforço dos Aquabus, para acomodar os passageiros que viajam a pé e tornaria o embarque e desembarque de veículos mais rápido. A proposta não avançou até os dias de hoje.

Foto: Júlio Cardoso
Novos píeres – O mesmo vereador ouvido pela reportagem também barrou esta semana a licitação para construção de três novos píeres na cidade, nas praias da Garapocaia (Pedra do Sino) e Praia do Viana, ambas no norte da ilha, e também na Praia do Veloso, na região sul. O valor estimado para construção era de R$ 1,9 milhão.
Em nota, o prefeito de Ilhabela, Toninho Colucci, classificou como “denuncismo e politicagem” as ações do vereador e do Instituto Ilhabela Sustentável para paralisar licitações públicas.
“O vereador e a ONG questionam vírgulas nas mais variadas licitações somente por política. Não prejudica o prefeito Toninho Colucci, mas sim o município de Ilhabela. Temos uma equipe formada por funcionários públicos que se dedicam diariamente para promover os processos de forma clara e transparente. Todas as vezes comprovamos que não há irregularidades, só que tudo isso demanda tempo”, afirmou.
Ainda em nota, o prefeito de Ilhabela classifica que comprova que não há irregularidades nas licitações para instalação de flutuantes nos píeres para a atracação dos Aquabus.
“Só isso vai atrasando o processo e consequentemente o benefício não chega ao cidadão. Mais uma vez reforço, não prejudica o prefeito, prejudica a população”, disse.

Foto: Júlio Cardoso