O empresário Adriano César Pereira, preso no dia 14 de maio, em Ilhabela, na Operação Prelúdio II, deflagrada pela Polícia Federal, teria sofrido ameaças de morte no CDP(Centro de Detenção Provisória), de Caraguatatuba, onde se encontrava preso desde o dia 15 de maio. Adriano foi preso na Operação Prelúdio II, por possível superfaturamento em contrato com a prefeitura de Ilhabela, mas é investigado também outras três operações que envolvem as prefeituras de São Sebastião e Caraguatatuba.
Por causa das possíveis ameaças sofridas em Caraguá, Adriano foi transferido no último dia 24, para o PII, na cidade de Tremembé. O presídio Dr. José Augusto César Salgado, em Tremembé, é destinados aos presos que não são aceitos por detentos em outras instituições carcerárias. São transferidos e alojados no PII por motivo de segurança.
Não conseguimos contatos com os advogados de Adriano, que tentam na justiça, desde o dia 16 de maio, um habeas corpus para que o empresário responda as acusações em liberdade. A Polícia Federal informou não ter conhecimento das ameaças e da transferência de Adriano.
A PF Informou apenas que o ex-prefeito de Ilhabela, Márcio Tenório, acusado de crimes de fraude à licitação, superfaturamento de preços, corrupção ativa e passiva, lavagem de capitais e associação criminosa, deverá prestar depoimento neste mês de junho.
A Coordenadoria de Unidades Prisionais da Região do Vale do Paraíba e Litoral Norte confirmou a transferência de Adriano César Pereira, no último dia 24, do CDP de Caraguá para o PII de Tremembé, mas alegou que as informações sobre as possíveis ameaças de morte que o empresário teria sofrido em Caraguá somente poderiam ser dadas pela SAP(Secretaria de Administração Penitenciária).
Desde a última quinta-feira(30), solicitamos informações à SAP sobre as possíveis ameaças de morte sofridas pelo empresário Adriano Pereira no CDP de Caraguá. Até o fechamento da matéria, a SAP não se pronunciou a respeito do assunto, confirmando apenas a transferência dele para Tremembé.
Prisão

Mansão em Ilhabela, onde o empresário Adriano Pereira foi preso no dia 14 de maio
Ilhabela
Adriano Pereira está sendo investigado em quatro operações da Polícia Federal por envolvimento em contratos superfaturados com as prefeituras de Caraguá, São Sebastião e Ilhabela. O empresário foi preso na manhã do dia 14 de maio em uma mansão de Ilhabela, durante a Operação Prelúdio II.
A Operação Prelúdio II apura os crimes de fraude à licitação, superfaturamento de preços, corrupção ativa e passiva, lavagem de capitais e associação criminosa. Os materiais apreendidos na Operação Prelúdio I serviram de base para a instauração de novo inquérito envolvendo outros alvos, agentes políticos.

PF deflagra Operação Prelúdio II, na Prefeitura de Ilhabela, na manhã do dia 14 de maio último
A Operação Prelúdio II deflagrada em Ilhabela, São Sebastião e Caraguá pela Polícia Federal afastou o prefeito Márcio Tenório do cargo e outros quatro funcionários da prefeitura da ilha, abriu investigações sobre dois vereadores da cidade e prendeu três pessoas, em Ilhabela, Caraguá e São Sebastião. Um total de 90 policiais federais de São Sebastião, Campinas, Santo André e Santos cumpriu 21 mandados de busca e apreensão, três mandados de prisão e seis mandados de afastamento de função pública
Segundo a polícia federal, Adriano teria assinado um contrato superfaturado em R$ 9 milhões com a prefeitura de Ilhabela. O contrato emergencial para coleta de poda de árvores e entulhos foi de R$ 16 milhões, substituindo a empresa anterior que recebia R$ 5,3 milhões pelo mesmo serviço. Segundo suspeita a polícia federal, o contrato seria “uma dívida de campanha” do ex-prefeito da ilha com o empresário Adriano César Pereira. Tenório nega as acusações.
São Sebastião
Adriano Pereira era responsável pela empresa Volpp. Na Operação Torniquete, deflagrada em 2017, sua empresa teria recebido R$ 29 milhões a mais em contratos feitos com o ex-prefeito Ernane Primazzi. As irregularidades teriam sido cometidas entre 2009 e 2016, durante os dois mandatos do ex-prefeito, Ernane Primazzi (PSC). O ex-prefeito nega as acusações.
Um laudo pericial, feito a pedido da Prefeitura de São Sebastião, em 2017, apontou excessos de custos em contratos de obras inacabadas no município. Ao todo são oito contratos, envolvendo quatro secretarias, e que indicavam pagamentos com valores além do previsto por serviços parcialmente desenvolvidos, ou não executados. Todas as obras apuradas são em contratos administrativos com a Volpp Construtora e Transportes Ltda. O laudo foi concluído após estudo dos processos, contratos, identificação do local, vistoria, diligências, confecção de plantas e cálculos.
A soma do que já foi pago entre os projetos analisados é de R$ 42.126.016,98. Porém, o valor referente aos serviços prestados seriam de R$ 12.911.406,62. Isto é, o valor pago foi maior que os serviços efetivamente executados. Uma diferença de R$ 29.214.610,28. O laudo é composto por 41 folhas que incluem inventário fotográfico e mais oito planilhas encartadas. As vistorias em campo foram realizadas entre os meses de junho a setembro, deste ano, pelo perito engenheiro Vitor Bevilacqua, nomeado pela 2a Vara Cível da Comarca de São Sebastião. O laudo pericial também teve o acompanhamento do engenheiro civil Julio de Menezes Borges.
Os valores observados pagos são referentes a diversos projetos de diferentes bairros do município, como intervenções na Avenida Mãe Bernarda, Escola de Juquehy, Orla de Boiçucanga, Hospital de Boiçucanga, Orla da Enseada, entre outros. Os projetos indicados no laudo recaem sobre as secretarias de Habitação (Sehab), com quatro apontamentos, de Cultura e Turismo (Sectur), com dois apontamentos, Saúde (Sesau) e Educação (Seduc), com um apontamento cada.
Caraguá
O empresário também vem sendo investigado por suposto contrato superfaturado assinado com a Prefeitura de Caraguatatuba. A Policia Federal investiga um possível superfaturamento em contrato assinado em 2013, no valor de R$ 3, 5 milhões, entre a Volpp Construtora e Transportes e a Prefeitura de Caraguá, na época administrada pelo ex-prefeito Antonio Carlos da Silva(PSDB). O ex-prefeito nega as acusações.
Antonio Carlos da Silva assinou contrato com a Volpp em 2013 para a construção da UPA Perequê-Mirim. A obra, que deveria ser concluída em 18 meses, teve quatro aditamentos e ficou parada muito tempo. Quando o novo prefeito Aguilar Júnior assumiu a prefeitura em 2017, abriu uma auditoria para saber o que estaria ocorrendo na construção da UPA.
Uma auditoria feita pela atual administração em 2017 concluiu pela existência de diversas irregularidades na obra, com prejuízos ao Erário estimados em R$ 455.675,69, do que decorreu a interposição da ação civil pública de origem. Em suma, alega que a Volpp recebeu valores por diversos serviços que não executou, descrevendo diversos exemplos de serviços fictícios e pagamentos fraudulentos. A operação da polícia federal, que investiga o suposto superfaturamento nas obras em Caraguá, ainda não recebeu nome.