A criação do Conselho Municipal de Desenvolvimento em Ubatuba está causando muita polêmica na cidade. O conselho deverá aprovar o novo Plano Diretor do município, que estuda a verticalização em algumas praias da cidade.
Ambientalistas e empresários do setor turístico alegam que o conselho foi criado sem seguir os procedimentos determinados pela Constituição Federal, ou seja, não teria havido publicidade, convocação e nem audiências públicas.
Boa parte da sociedade civil organizada só tomou conhecimento da criação do conselho seis meses após a sua aprovação pela Câmara dos Vereadores- a lei foi aprovada no dia 20 de dezembro e não foi tornada pública e nem divulgada e um mês após, a posse dos conselheiros indicados pela Prefeitura, ocorrida em junho.
Entidades ambientalistas vão questionar o prefeito Délcio Sato, com cópia ao Ministério Público de Ubatuba, solicitando que ele reveja a criação do conselho e amplie a participação de mais segmentos da sociedade civil nas discussões do plano diretor.
Segundo ambientalistas e empresários, o conselho foi instituído de maneira suspeita, sem publicidade, sem audiência pública e sem a representatividade de segmentos importantes da cidade. O Plano Diretor deverá liberar a construção de prédios com mais de quatro pavimentos em praias do município, atendendo os interesses dos empresários da construção civil.
Os ambientalistas tomaram conhecimento, apenas nesta terça(23), da instituição do Conselho Municipal de Desenvolvimento, durante uma reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente.
“Foi tudo feito as escuras, sem a participação efetiva da sociedade civil organizada. Só tomamos conhecimento de que o conselho já havia sido criado na reunião do Conselho de Meio Ambiente, realizada ontem(terça), quando sugerimos uma moção pedindo à prefeitura a criação do Conselho Municipal de Desenvolvimento. Ali, fomos surpreendidos com a informação dada por um dos representantes da prefeitura, que o conselho já tinha sido criado e instituído”, explicou o ambientalista Beto Francine.
Segundo ele, a entidade ambientalista que está no conselho, não foi indicada pelo segmento, mas sim, nomeada pela prefeitura. “O coletivo de entidades ambientalistas de Ubatuba vai questionar o prefeito Sato pedindo a suspensão do Conselho Municipal de Desenvolvimento. Queremos que o conselho seja criado de maneira transparente e com a representatividade da maioria dos segmentos da sociedade civil organizada de nossa cidade”, disse Francine.
Francine disse que o conselho, do jeito que foi formado, deverá defender os desejos dos empresários da construção civil, favoráveis a verticalização, indo contra os anseios da sociedade civil organizada. “Veja, no conselho instituído pela prefeitura, não existem representantes dos bairros, dos sindicatos, do setor náutico e dos empresários que atuam na área do turismo…” , detalhou.
O empresário Hugo Galo, disse que foi surpreendido com a informação de que o Conselho de Desenvolvimento já tinha sido criado. “Não houve publicidade, não houve divulgação, não houve audiências públicas….o processo não foi democrático, como determina a Constituição”, entende ele.
Segundo ele, o trade turístico e o setor náutico não possuem representantes no conselho e a entidade ambiental indicada, não foi escolha dos ambientalistas, mas nomeada pela prefeitura. Para ele, a prefeitura, deixou de fora do processo da discussão do Plano Diretor, vários segmentos da sociedade civil, interessados em participar das discussões.
“Tudo indica, que a formação do conselho não foi um processo claro, transparente e democrático, como deveria ser. Por isso, estou levando o caso ao conhecimento do trade turístico e vamos questionar o prefeito Sato sobre isso. Quanto mais representantes da sociedade civil atuar na discussão do Plano Diretor, melhor será o resultado dela “, afirmou Galo.
Prefeitura
O secretário de Urbanismo, César Aboud, que coordena as questões relacionadas ao Conselho de Desenvolvimento e o Plano Diretor, informou através da assessoria de imprensa da prefeitura, que o conselho formado não se trata do conselho que irá acompanhar o Plano Diretor, que ainda não foi instituído oficialmente.
Segundo Aboud, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano que foi formado pela prefeitura irá apenas assessorar a Secretaria de Urbanismo em questões como a Lei 7.111, de 1978, que trata da Lei do Uso do Solo, que sofreu 78 emendas por parte dos vereadores. Este conselho, segundo Aboud, atuará apenas como “consulta” para a sua secretaria.
Confira o documento que será encaminhado ao prefeito pelos ambientalistas, com cópia ao Ministério Público:
Artigo 15° – Fica Criado o Conselho Municipal de Desenvolvimento-CMD, seguinte composição:
I – o Prefeito Municipal, que será o presidente do Conselho;
II – o dirigente da unidade de planejamento do Município, que substituirá o Presidente, nos impedimentos deste, exercendo, ademais, a função de Secretário Executivo do Conselho;
III – 01 (hum) representante da Procuradoria Jurídica da Prefeitura Municipal;
IV – 01 (hum) representante de cada uma das Secretarias da Prefeitura Municipal;
V – 01 (hum) representante de cada uma das entidades da Administração Indireta de Município;
VI – 01 (hum) representante de cada uma das seguintes áreas da Comunidade local, indicados pelas associações representativas de cada área, dentre seus membros:
a) comércio e prestação de serviços;
b) representante da 119a. Sub-Secção – OAB/SP;
c) profissionais liberais da indústria da construção;
d) profissionais liberais da saúde;
e) profissionais da educação;
f) turismo e hotelaria;
g) indústria da construção;
h) movimentos ambientalistas;
i) atividade pesqueira e maricultura;
VII – 02 (dois) cidadãos detentores de notório saber sobre a realidade do Município de livre escolha do Prefeito Municipal.
I Pelo Poder Público:
a) Secretário Municipal de Urbanismo, que presidirá o Conselho Municipal;
b) 01 (um) representante da Secretaria Municipal de Assuntos Jurídicos, que substituirá o Presidente, nos impedimentos deste, exercendo, ademais, a função de Secretário Executivo do Conselho;
c) 01 (um) representante da Secretaria Municipal de Meio Ambiente;
d) 01 (um) representante da Secretaria Municipal de Segurança Pública e Defesa Civil Social, prioritariamente do Trânsito;
e) 01 (um) representante da Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento;
f) 01 (um) representante da Secretaria Municipal de Turismo;
II – Pela Sociedade Civil:
a) – 01 (um) representante da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Ubatuba (AEAU);
b) 01 (um) representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB);
c) 01 (um) representante da Associação Comercial de Ubatuba (ACIU);
d) 01 (um) representante da Associação Ubatuba Eficiente (AUBAE);
e) 01 (um) representante de Amigos na Preservação, Proteção e Respeito a Ubatuba (APPRU);
f) 01 (um) representante do Instituto dos Arquitetos do Brasil – Seccional Ubatuba (IAB);

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