As gestações de Norma dos Santos Nielsen não foram iguais à da maioria das outras mães. O destino tinha outros planos. Levou muito, mas muito mais tempo, além dos nove meses.
Não sentiu enjoo e nem desejos gastronômicos malucos. Ela queria viver a maternidade de qualquer maneira e a adoção foi o caminho mais puro para nascerem em seu coração suas duas filhas, Antônia e Mirela. Caminhos diferentes, mas não menos amorosos. Ela e o marido fizeram o cadastro nacional de adoção e iniciaram as buscas.
“Na primeira vez, tive que esperar por quatro anos até o dia mais importante de minha vida e de meu companheiro Bressane Nielsen a chegada de Antônia, que adotamos com dias ainda, logo após seu nascimento. Mirela nasceu no seio da nossa família com seis anos, após anos de espera. Aos três aninhos, Antônia disse que queria muito uma irmã. Hoje elas têm 13 e 14 anos”.
“Antes, perdemos três gestações, e um dia, numa conversa com meu marido, resolvemos adotar. “Temos outro jeito de sermos pai e mãe”, disse ele. Eu queria ser mãe de qualquer jeito e o sonho de adoção vem da minha mãe, que teve quatro filhos, mas dizia que queria adotar”, relembra.
Norma nasceu em Caraguatatuba, é profissional de educação física e empresária em Taubaté. Ela conta que foram duas adoções muito diferentes. Como Antônia chegou com dias de vida, ela viveu todas as fases da maternidade, acompanhou o crescimento da primeira filha. Seu nome é uma homenagem às avós do casal.
“Antônia minha avó e a avó do meu marido, Maria Antônia. Quando ela estava com três anos iniciamos as buscas para trazer uma irmã para ela. E nosso primeiro encontro foi maravilhoso, com a Mirela entrando correndo no Fórum e as duas se abraçando”, relembra emocionada.
Mirela chegou requerendo cuidados de saúde específicos, devido à sua história de vida, mas com o amor e carinho da família, é uma menina feliz, cheia de vida e energia.
“Hoje elas estudam na mesma escola, mas em séries diferentes. Mirela tem um irmão que foi adotado por um casal que por acaso é cliente da minha academia, e um dia, se encontraram no pátio do colégio e se abraçaram reconhecendo-se irmãos. Foi um dia muito emocionante. Eles sempre se encontram em aniversários, churrascos de família. É muito importante manter esse vínculo, afinal, são irmãos”, frisa Norma.
“As duas são unidas, é uma felicidade enorme tê-las comigo, às vezes ainda choro de emoção por ter sido presenteada. Sempre quis ser mãe, parece que elas nasceram de mim, cada uma é um pedacinho meu. Não consegui ser uma mãe do ventre como dizem, não consegui gerar, mas não vejo diferença nenhuma, parece que passei pelos nove meses esperando-as chegar”, conta a mãe.
Norma acompanha grupos de adoção e percebe que têm muitas pessoas querendo adotar as crianças e não conseguem, pois a espera é muito grande. Ela conta que tem que entrar em contato com as comarcas para saber se há crianças prontas a serem adotadas, porque senão elas crescem nos abrigos.
“No meu caso, tanto o amor da adoção pequena como a da adoção tardia… essa emoção… é a mesma. O cheirinho delas… parece que sempre estiveram aqui. Elas falam sobre a adoção de forma muito natural. Uma vez pediram para Antônia se desenhar na barriga da mamãe dela e ela disse que não, porque ela veio do coração e deu uma ‘palestra’ sobre a adoção dela na escola e era ainda muito pequena.
Mirela também em outra situação disse que ia desenhar ela abraçando e colocando a cabeça próxima ao coração. São muito resolvidas e somos muito felizes”, afirma.
Então é isso. Fica aqui a mensagem do Tamoios News para todas as mães da face da Terra. Seja da barriga ou do coração que pulsa de emoção, de medo, de felicidade, de gratidão. Ouvimos muitas, mas há tantas, tantas… Celebremos o Dia das Mães com a felicidade de mostrar alguém como a Norma e tantas Normas que lutaram pela maternidade.
Texto: Adriana Coutinho/ Tamoios News