Por Leonardo Rodrigues
A baixa procura nos postos de saúde do Litoral Norte levou as cidades estenderem a campanha de vacinação contra a febre amarela, que tinha como data final o dia 17. Agora os trabalhos de conscientização e mutirão de vacinação foram prorrogados até 2 de março. A reportagem do Tamoios News procurou um especialista para falar sobre a importância de se vacinar, e desmistificar informações falsas, mas que assustam e desencorajam a população. Alexandre Naime Barbosa é professor e médico infectologista, e acredita que a informação é a melhor forma de promover a saúde, “levando ciência até a população”.
O receio da vacina levou, por exemplo, a Secretaria de Saúde de Caraguá a mudar de estratégia para a campanha. Agora a imunização será casa por casa em bairros próximos a mata. Com uma população de 115 mil pessoas, apenas 34.714 foram imunizadas na cidade.
Para Barbosa, que é membro titular e especialista pela Sociedade Brasileira de Infectologia, o medo de tomar a vacina é por desconhecimento de uma relação de custo-benefício. Já que toda vacina, ou medicação tem a sua indicação e contra indicação.
“O que exageram muito é em relação ao medo dos eventos adversos. Como ela é uma vacina feita de um vírus atenuado, ou seja, vírus enfraquecido é um vírus vivo, ele causa uma pequena infecção como se fosse uma mini febre amarela”, explica o professor doutor de Infectologia da Faculdade de Medicina de Botucatu.
Esse receio de “eventos adversos” se reflete no número de pessoas da região que decidiram não se vacinar. Em Ilhabela, dos 39 mil habitantes, aproximadamente 23 mil não se vacinaram ainda. Já em Ubatuba, 38 mil já foram vacinados, mas a Prefeitura diz que a campanha continua até atingir pelo menos 95% da população. Para isso, cerca de 50 mil pessoas precisam ainda ser alcançadas. São Sebastião tem praticamente metade da população vacinada. De acordo com o último levantamento da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) até a segunda-feira (19) foram aplicadas 28.372 doses o que corresponde a 49% da população a ser vacinada. A cidade, com uma população de 85 mil, tem o melhor índice de campanha até o momento.
“As pessoas têm medo porque desconhecem que o risco de ter complicação é muito pequeno perto do beneficio de ficar protegido contra um vírus tão perigoso e que já matou dezenas de pessoas este ano no Brasil”, alerta.
Barbosa, que também é chefe do Serviço de Infectologia e diretor de Assistência do Serviço de Ambulatórios Especializados (SAE) de Infectologia do Hospital das Clínicas de Botucatu, ressalta a eficácia da vacina. Segundo ele, a imunização contra febre amarela protege acima de 95%, podendo chegar a 98%, contra o vírus da febre amarela. “Obviamente em uma situação de surto que nós estamos vivendo, ela (a vacina) é muito desejada”, comenta.
O médico também chama a atenção de situações em que a vacina não é recomendada. Ele elenca pessoas que tem problemas de imunidade, imunodepressão, por exemplo, pessoas acima de 60 anos, ou usando medicações que diminuem a imunidade (como coticoide, terapia para câncer, ou ainda pessoas que tenham imunodepressão pelo HIV). “Essas não podem fazer uso da vacina, ou precisam tomar a vacina depois que pesar muito bem a relação custo-benefício”.
Óbito – Questionado se existe risco de óbito em razão da vacina, o médico não descarta mas considera como algo “muito raro”. De acordo com ele, existe um caso a cada 500 mil doses de vacinas. Ou seja, a cada 1 milhão de doses, dois casos de uma doença chamada viscerotrópica, que é a febre amarela causada pelo vírus da vacina.
“Mas como eu falei é algo muito raro. Se a pessoa não tomar a vacina, é arriscado ter mais de duas ou três centenas de casos causados pelo próprio vírus da febre amarela. No atual surto que estamos vacinando milhões de pessoas, essa taxa está mais leve. Ela chega a um caso a cada 800, 900 mil doses. Então é um risco baixo, perto do risco que se tem de contrair o vírus da febre amarela”.
Alexandre Barbosa ressalta que é preciso considerar que a vacina demora “um pouco” para fazer efeito. Isso porque o organismo precisa produzir os anticorpos, que são a linha de defesa do sistema imunológico contra o vírus. Em média isso demora até 10 dias, então só a partir daí é que a pessoa pode se expor a lugares onde possivelmente haja mosquitos transmissores da febre amarela.
Outra precaução é ficar atento a possíveis reações locais, como febre, mau estar, náuseas ou vomito. O médico destaca que se esses sintomas aparecerem deve-se procurar atendimento médico o mais rápido possível. “Pois a complicação que existe, após o evento de vacinação de febre amarela pode ser muito grave. É um evento muito grave, mas raro”, observa.
O doutor também afasta o termo “epidemia” ao falar sobre febre amarela no país. De acordo com Alexandre Barbosa o mais correto ao que estamos vivendo é “surto”.
“São surtos isolados, mas bastante importante de transmissão da febre amarela silvestre, em que o mosquito, que vive na floresta, ele acaba por algum motivo saindo de seu habitat e vindo a picar os seres humanos”.
No atual surto de febre amarela no Brasil, o médico admite que já houve quase uma centena de óbitos. “Isso não acontecia desde 1940, quando realmente existia uma epidemia, mas que não era silvestre e sim urbana. Então não existe exagero, estamos vivendo uma situação grave do ponto de vista epidemiológico, com muitas mortes e centenas de casos de pessoas com febre amarela e é necessário que a vacinação seja mantida, mesmo agora que o calor diminuiu e a transmissão caiu um pouco. Assim que as condições meteorológicas mudarem as pessoas vão voltar a se expor e o problema vai continuar”.
Tenho 61 anos tomei a vacina a uma semana e estou tendo dor no corpo, ou seja reação da vacina , hoje acordei melhor, minha humilde opinião entre essa reação e o risco de contrai a doença, fico com essa reação que é suportável e não correrei o risco vital da febre amarela.