Provas de resistência de natação e corrida pedestre já causaram a morte de dois atletas no Litoral Norte nos últimos quatro meses.
As provas, de natação ou corrida de aventura exigem muito empenho dos atletas. Os organizadores nem sempre exigem atestado médico aos participantes, apenas a assinatura de um termo de responsabilidade.
No termo, constam as dificuldades e desafios da prova e isenta o organizador de possíveis acidentes ou ocorrências.
No domingo 02), um atleta, de São Paulo, de 61 anos, morreu após participar de uma maratona aquática, o Circuito Mares, na praia da Cocanha.
No dia 22 de setembro, um atleta de 29 anos, morreu durante a disputa do Desafio das Praias, em Ubatuba.
Nos dois casos, suspeita-se que ambos morreram devido aos desgastes exigidos nas competições.
Maratona Aquática
Em Caraguá, na disputa de uma maratona aquática na praia da Cocanha, no domingo(02), um atleta de 61 anos, logo após disputar a prova de natação, foi para uma pousada onde estava alojado.
Lá, passou mal e recebeu os primeiros socorros pelos funcionários da pousada.
Foi acionada a URSA(Unidade de Resgate e Salvamento Aquático), com um médico e enfermeiro, mas o atleta não resistiu e faleceu.
Suspeita-se que ele tenha sofrido uma parada cardíaca em decorrência do uso de energéticos para disputar a competição.
Um outro atleta, de 68 anos, de Ubatuba, também passou mal após a competição e está internado na Santa casa de Caraguá.
Após deixar o mar, o atleta teria solicitado atendimento junto aos organizadores ainda na praia da Cocanha.
Uma ambulância contratada pela organização encaminhou o atleta até a Santa Casa de Caraguá.
Segundo informou o hospital, na tarde de domingo(02), o atleta estava entubado e ainda requeria cuidados.
A mulher do atleta estava no hospital acompanhando o atendimento médico.
A praia da Cocanha sediou neste domingo o Circuito Mares, que realizou provas de natação e aquathlon, com a participação de cerca de 1.000 atletas.
Não conseguimos contatos com os organizadores da prova Circuito Mares para obter informações sobre os atletas que passaram mal após a prova.
Corrida de Aventura
Em setembro, no dia 22, o atleta A.S.L, de 29 anos, da cidade de Mauá(SP), morreu quando participava da competição Desafio 28 Praias, em Ubatuba.
O atleta de Mauá participava pela primeira vez do Desafio das Praias, segundo os organizadores. Ele disputava a prova de 21 quilômetros de percurso, quando no trecho final da prova, se sentiu mal.
O atleta teria sido socorrido por médicos da organização da prova, mas não resistiu e veio a falecer. A suspeita é que ele tenha morrido devido a uma parada cardíaca.
A competição, de 42 quilômetros, é disputada passando por praias, subidas, trilhas e cachoeiras, exigindo muito preparo dos atletas. Cerca de 2 mil competidores participaram da prova, disputada sob sol forte e muito calor, naquele sábado.
Prefeituras
Ubatuba
Na morte do atleta em Ubatuba, em setembro, o secretário de Esportes de Ubatuba, Alberto Jacob, informou na ocasião, que foi a primeira morte ocorrida em comopetições realizadas na cidade. Jacob alegou ter sido uma fatalidade.
Jacob explicou que a empresa organizadora do evento em parceria com a prefeitura adota todas as medidas necessárias para a realização do Desafio das 28 Praias.
“Analisamos o percurso, contamos com apoio das policias rodoviária estadual e federal, da policia militar, dos bombeiros, do Samu. Colocamos ambulâncias, médicos e socorristas, informou.
Segundo ele, a empresa organizadora sempre adotou todos os procedimentos para que a disputa seja realizada com total segurança dos participantes.
Caraguá
A reportagem solicitou informações à Prefeitura de Caraguatatuba sobre a morte do atleta ocorrida após a prova da Cocanha.
O evento foi realizado em parceria com a Secretaria de Esportes, que inclusive, solicitou ao Gbmar(Grupamento de Bombeiros Marítimos) reforço de guarda-vidas no local das provas.
A Prefeitura informou que quando o evento é realizado em parceria com a Prefeitura, independentemente do número de atletas, deve haver uma ambulância desde o início até o final do evento.
Segundo a Prefeitura, em competições marítimas, as normas são do Corpo de Bombeiros. O que foi o caso deste fim de semana.
Empresa
Com relação a morte do atleta em Ubatuba, em setembro, a Mindset, empresa que organizou o Desafio das Praias, informou que organização tinha 260 pessoas trabalhando na prova, quatro ambulâncias para possível remoção de atletas, uma ambulância UTI, com médico na área de chegada e socorristas para primeiros socorros nas trilhas.
A empresa informou ainda que teria feito tudo o que era possível para salvar o atleta e considerou a morte dele uma fatalidade, uma vez que foi a primeira morte ocorrida nas provas que são realizadas há quatro anos na cidade.
A empresa detalhou ainda, na ocasião, que os atletas assinam um termo de responsabilidade, antes de serem inscritos.
Nesse termo, estão detalhados os riscos e as dificuldades da competição, isso, para isentar os organizadores de qualquer coisa que venha a ocorrer durante a disputa.
A Mindset detalhou ainda que a organização tem um seguro saúde e a família do atleta seria beneficiada pelo seguro. O valor do seguro não foi informado pela empresa.
A reportagem não conseguiu o contato com os organizadores da competição Circuito Mares.