Recentemente, problemas no abastecimento de oxigênio hospitalar em São Sebastião repercutiram na imprensa nacional e motivaram uma ação conjunta do Ministério Público e Defensoria Pública do Estado de São Paulo.
Porém, segundo o ex-integrante do Conselho Municipal de Saúde (Comus) e ex-funcionário do Hospital de Clínicas de São Sebastião (HCSS), Roberto Magiolino, a situação não é novidade. Ele afirma que em 2017, se não fossem os esforços da equipe do HCSS, pacientes teriam ficado sem oxigênio.
“Em 2017, houve um problema sério. Em um final de semana, a usina parou. A empresa de manutenção só seria acionada na segunda-feira. Os funcionários detectaram o problema e avisaram a Interventora que o oxigênio não era suficiente para aguardar a segunda-feira chegar. Havia necessidade de compra imediata de cilindros. A Interventora disse que resolveria tudo na segunda-feira. Inconformados, os funcionários desrespeitaram a interventora e entraram em contato com a empresa de Taubaté, Portogás. Mesmo com restrições para venda para São Sebastião, por pendências financeiras, em razão da situação de desespero dos funcionários, a empresa vendeu o oxigênio. Os funcionários do hospital foram até a garagem da prefeitura, arrumaram um caminhão, e foram até Taubaté buscar os cilindros. Pegaram, trouxeram e instalaram os cilindros. Salvaram 10 vidas da UTI”, conta Magiolino.
Manutenção das usinas de oxigênio
Atualmente, a empresa que faz a avaliação preventiva das usinas de oxigênio do HCSS é a Luk Indústria e Comércio de Usinas Geradoras de Oxigênio, de São José dos Pinhais (PR).A empresa paranaense foi mencionada na ação ajuizada na última sexta-feira (29/1) pela Promotoria e Defensoria.
Na ação, a promotora Janine Baldomero aponta que a distância entre a empresa e o município de São Sebastião pode implicar na morosidade para realização da manutenção das usinas de oxigênio. “Em tempos de pandemia, onde a necessidade de qualquer reparo justifica o imediato comparecimento às usinas de oxigênio, implica na morosidade deste deslocamento, dependente da rede de aeroportos, escada de voos, ou ainda de um longo tempo de deslocamento por vias terrestres”, aponta Baldomero.
A mesma ação requer a implementação de uma equipe de monitoramento do abastecimento de oxigênio pela rede pública municipal de São Sebastião destinados ao tratamento da covid-19, assim como a contratação de empresa para realizar desratização e dedetização do Hospital das Clínicas.
Determinação judicial
Em resposta à ação, o Juiz Dr. Guilherme Kirschner determinou na segunda-feira (01) que a vigilância sanitária realize vistoria com a máxima urgência possível, e envie um relatório.
O Juiz também determinou que o Conselho Municipal de Saúde envie relatório sobre o atendimento aos pacientes de Covid-19 no HCSS.
Outra determinação é que o HCSS / Irmandade da Santa Casa Coração de Jesus e a prefeitura apresentem, no prazo de 72 horas, atestado técnico, emitido por órgão ou empresa independente, dando conta da higidez e segurança do sistema de fornecimento de oxigênio ao Hospital de Clínicas de São Sebastião.
O portal Tamoios News questionou a empresa Luk Indústria e Comércio de Usinas Geradoras de Oxigênio e a prefeitura de São Sebastião, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.