
Caixas eletrônicos que foram alvo de explosões em estabelecimento comercial de Maresias
Por Ricardo Hiar, de São Sebastião
A Costa Sul de São Sebastião foi alvo nos últimos anos de diversas ações criminosas, envolvendo explosões de caixas eletrônicos. Em muitos casos, houve reincidência nos crimes, fazendo com que os equipamentos deixassem de ser repostos pelas instituições financeiras.
Além disso, os próprios estabelecimentos comerciais deixaram de ter interesse em manter os caixas, principalmente devido a sensação de insegurança e de poderem ser alvos em potencial das quadrilhas especializadas nesse tipo de crime.
Essa problemática vem trazendo transtornos aos moradores e turistas, que ficam sem opção para poder fazer as operações financeiras. Segundo relatam, para fazer um simples saque pode ser um grande problema.
Essa é uma situação vivida pela pensionista Maria da Penha Dias, 55. Ela reclama do panorama e afirma que disposição geográfica da cidade é um fator que complica a situação ainda mais.
“Hoje em dia se a gente não sacar o dinheiro com antecedência, não tem o que fazer aqui na Costa Sul. Já passei por transtornos de não poder comprar algo ou paguei contas com multas por atraso, mesmo tendo o dinheiro no banco, simplesmente por não conseguir um caixa funcionando para fazer um saque ou um pagamento”, disse.
Moradora de Cambury, ela conta que muitas vezes precisa se deslocar até o centro de São Sebastião para pegar uma pequena quantidade de dinheiro. “A gente tem que enfrentar toda essa estrada, pra fazer um saque, porque as poucas opções por aqui, muitas vezes não funcionam”, acrescentou.
O Banco do Brasil, por exemplo, tem apenas um posto de atendimento em Boiçucanga, mas que funciona das 10 às 14h. Para quem não consegue ir até o local nesse período, não há outra opção.
Os moradores e visitantes de Boraceia acabam tendo muitas dificuldades por conta da distância. Para se locomoverem até o centro, por exemplo, são cerca de 70km. A vendedora Miriam Dias Almeida, 34, sabe bem o que isso representa e diz que já fez o percurso apenas para conseguir sacar dinheiro.
“Eu tento fazer tudo no débito, mas tem contas que eu preciso pagar no dinheiro, onde não aceitam cartão. Aí as poucas possibilidades que temos está em Boiçucanga, mas já passei por situações em que fui até lá e não estavam funcionando. O jeito foi ir até o centro. É sempre um grande transtorno, pois eu fico restrita para pegar algo que é meu”, comentou.
Por meio da assessoria de imprensa, o Banco do Brasil informou que os clientes do Banco do Brasil em São Sebastião contam com 30 caixas eletrônicos, sendo 21 terminais da rede própria do BB e mais seis equipamentos da Rede Banco24horas, sem gerar custos adicionais aos seus clientes.
O Banco ressalta que gerencia a disponibilidade de seus terminais de autoatendimento (TAAs) de acordo com a realidade de cada praça e acrescenta que a parceria com a TecBan faz parte de acordo firmado em 2014 pelas principais instituições financeiras do país com a empresa para substituição gradativa de parte dos TAAs próprios dos bancos por equipamentos da Rede Banco24horas. Até 2020, a parceria prevê a instalação e o compartilhamento de 30 mil terminais de autoatendimento em todo o Brasil.
Litoral Norte
Apesar de ser mais crítica na Costa Sul de São Sebastião, por conta das distâncias, essa situação não é tão diferente no restante do litoral norte. Dados recentes apontavam que o banco Santander mantinha 54 caixas de auto-atendimento ao longo da região.
Em Caraguatatuba, a Praia das Palmeiras e Massaguaçu também ficaram sem nenhuma opção a auto-atendimento bancário. Nessas localidades, a distância do caixa mais próximo é de cerca de 10 quilômetros.
Prisões
Em fevereiro deste ano, uma operação conjunta entre as polícias Civil, Militar e Federal prendeu quinze pessoas por suspeita de atuarem em uma quadrilha de roubos a caixas eletrônicos. A operação ocorreu em São Sebastião. No total, foram presos 11 homens e quatro mulheres. Dois adolescentes estavam com o bando e foram apreendidos.
O grupo estava em uma casa no bairro Canto do Mar. Quando os suspeitos perceberam a presença da polícia começaram a atirar. Alguns tentaram fugir pela rua e houve troca de tiros, mas ninguém ficou ferido.