Fechando o ano de 2024 com muita arte, a Fundação Educacional e Cultural de Caraguatatuba por meio do Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba (MACC) realiza a abertura de três exposições no dia 20 de dezembro, às 18h. As mostras Emaranhadas, do Coletivo Linhas do Mar, Olhares de Ennio Angelo e Frondosa, de Bianca Canada, podem ser visitadas até o dia 28 de fevereiro de 2025. As duas últimas, integram o projeto “Por Dentro do MACC”, promovido pela Lei Paulo Gustavo.
O Linhas do Mar é de Caraguatatuba e apresenta “‘Emaranhadas”. O coletivo está inserido num movimento de bordados políticos que surgiu no Brasil a partir de 2017, com o Linhas do Horizonte, Linhas de Sampa e Linhas do Rio. Fundado por quatro mulheres, em fevereiro de 2020, atualmente conta com cerca de quinze integrantes que se reúnem toda semana para bordar e planejar ações em espaços públicos.
De adorno nos enxovais e ocupação para as donas de casa prendadas, a delicada arte têxtil foi à luta com as mulheres, saiu às ruas e continua encantando. É uma arte da paciência, de quem não dá ponto sem nó e entende que andar junto enriquece a jornada.
Os suportes do bordado ativista são o panfleto – quadradinho de tecido que aborda um tema, denunciando ou homenageando; o bóton que traz de forma muito objetiva uma causa; mas também os patuás e peças maiores como painéis, faixas e estandartes. São confeccionados com muito amor e distribuídos de forma gratuita para quem se identifica com a defesa dos direitos humanos e da democracia.
“Dos pontos requintados das colchas de antigamente, emergem pontos certeiros, inconstantes e ousados, de quem experimenta e reinventa a técnica, colocando-a em diálogo com outras tantas referências. Emaranhadas em muitas lutas, subversivas e persistentes, a cada delicado ponto aplicam a força de quem quer alcançar o outro e construir um novo mundo: os dias mulheres que virão”, conta Sara Sousa, curadora da exposição.
Já a exposição “Olhares de Ennio Angelo“ é uma homenagem ao artista e professor que marcou gerações com sua arte singular, e leva o público a uma viagem pelo universo do artista com obras que exploram a liberdade, a espiritualidade e a cultura de diferentes povos e lugares como “Vôo de Ícaro”: Uma metáfora visual da busca pela liberdade, “Iansã” e “Kamayurá”: Um tributo às culturas afro-brasileira e indígena, “O Boi e os Tuaregues”: Retratos de cenas cotidianas de outros povos e “Família Caiçara”: Um registro afetivo das tradições locais.
A mostra também inclui séries que destacam a fauna marinha, o cotidiano caiçara e personagens imortalizados em cenas que vão da espiritualidade à beleza do dia a dia. Para enriquecer a experiência, o público será envolvido por sons de mar, pássaros e florestas, criando uma ambientação multissensorial.
Ennio Angelo Bertoncini (1930-2023) dedicou sua vida à arte e à educação. Formado pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e pela Faculdade de Belas Artes de São Paulo, foi professor em diversas instituições e participou de exposições no Brasil e no exterior. Residente de Caraguatatuba por mais de três décadas, Ennio deixou um legado cultural inestimável, com obras doadas para teatros, museus e espaços culturais do Litoral Norte de São Paulo. “Suas obras demonstram a capacidade técnica e a ousadia de um artista que enxerga cada criação como um ato de prazer e experimentação.”, comenta o crítico de arte Oscar D’Ambrosio.
A fotografia estará representada pela exposição “Frondosa”, de Bianca Canada, que leva tradição e histórias dos caiçaras ao público e promete uma experiência que une arte, história e acessibilidade. A exposição começa na Casa Caiçara, espaço onde objetos tradicionais retratam o cotidiano dos pescadores e suas famílias. O ambiente traz elementos simbólicos como redes de pesca, areia e conchas, além de fotografias que ilustram a fauna, flora e o trabalho dos caiçaras. Integra a mostra, uma árvore com 300 fotos em formato de folhas simboliza a conexão entre as gerações: caiçaras do passado, presente e futuro.
Aos sábados, o evento ganha um toque especial com apresentações de moradores locais, que narram “causos” e histórias da região. O público também poderá assistir a um vídeo com lendas caiçaras contadas por Rita Brugnerotti e Angelo Pereira. A curadoria é de Claudia Lopes.
Serviço
Abertura: 20 de dezembro de 2024, 18h (sexta-feira)
Período: 21 de dezembro a 28 de fevereiro de 2025
Visitação: terça a sábado
Local: Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba (MACC) – Praça do Caiçara, Caraguatatuba, SP
Horário: Das 10h às 20h
Entrada: Gratuita