Segundo laudo divulgado pela Secretaria de Segurança Pública, houve problema na frenagem, que podem ter causado a alta velocidade do veículo, momentos antes do acidente
Por Ricardo Hiar, de Caraguatatuba
A Polícia Civil ainda investiga as causas do acidente envolvendo um ônibus da empresa União do Litoral e que resultou na morte de 18 pessoas no início do mês. O veículo, que fazia o transporte de estudantes, capotou na rodovia Mogi Bertioga. Na última semana, segundo divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado, foi constatado que o veículo estava em alta velocidade no momento do acidente e apresentou deficiência nos freios.
A situação ainda não esclarece o caso por completo, tampouco se houve alguém ou algum fator responsável pelo acontecimento. Logo após o acidente, alguns estudantes e familiares chegaram a relatar que o motorista Antonio Carlos da Silva costumava trafegar acima da velocidade. A informação, porém, não foi confirmada por todos os sobreviventes. Alguns chegaram a contestar, visto que o mesmo não era o motorista fixo da linha 12, que transportava alunos da Costa Sul à universidades de Mogi das Cruzes.
Com o apontamento do laudo, ficou confirmado o excesso de velocidade, mas ainda será necessária a análise do tacógrafo – espécie de caixa preta do ônibus, que registra a velocidade. Conforme a secretaria de segurança, é preciso averiguar se a situação da alta velocidade foi ocasionada pelos problemas nos freios.
“A conclusão é que o veículo trafegava numa velocidade acima da máxima permitida na via e que o exame dos freios do veículo concluiu que ele apresentava deficiência na frenagem devido ao desgaste excessivo dos tambores dos freios dianteiros, que deveriam ter sido substituídos por novos, demonstrando manutenção inadequada do veículo”, afirmou o secretário da segurança pública, Mágino Alves Barbosa Filho.
A direção da empresa União do Litoral ainda não comentou o resultado do laudo, mas vem afirmando desde o ocorrido, que o veículo estava em boas condições. “O ônibus em questão está com vistoria da ANTT em plena validade, vistorias da EMTU e ARTESP rigorosamente em dia, além de ter passado por manutenção preventiva há 15 dias, estando apto para realizar o transporte”, afirma trecho da nota emitida pela empresa.
Na ocasião do acidente, o proprietário da empresa, Luiz Carlos Soares, disse que o veículo estava em plenas condições de circular. “Se houve excesso de velocidade, o tacógrafo vai indicar. Falha mecânica é algo imprevisível, mas a empresa tem plena convicção de que o ônibus estava em boas condições. O motorista era experiente e exemplar em sua atividade”, comentou na ocasião.
Colega de profissão do motorista envolvido no acidente, Elzio Neves, comentou que Antonio Carlos era bastante cauteloso com o veículo com o qual trabalhava. “Até nas folgas ele ia à empresa, organizar o veículo, verificar cada detalhe, testar o funcionamento. Foi uma fatalidade o que aconteceu”.
Em meio à muitas críticas que colocaram como causa do acidente a possível imprudência do motorista, a cunhada dele também saiu em defesa. “Ele era muito correto em tudo o que fazia. Era dedicado e nunca soubemos de uma reclamação contra ele nem neste, nem na outra empresa que trabalhou como motorista. Ser motorista era um sonho dele, que ele aprendeu com o pai. É difícil para quem conhecia ele ouvir as pessoas dizendo que ele foi culpado de algo”, completou.
O Núcleo de Física do Instituto de Criminalística foi o responsável pelo laudo da perícia, que apontou as falhas na frenagem. As testemunhas e vítimas sobreviventes do acidente ainda estão prestando depoimento para o inquérito, que investiga o ocorrido. Conforme o secretario Mágico Filho, a Delegacia de Bertioga continua a frente dessa apurarão, que deveria indiciar os responsáveis, caso sejam identificados.