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Falta de acessibilidade continua dificultando acesso às praias

Tamoios News
Rodrigo Lourenço Ribeiro, de 25 anos, psicólogo de São Paulo, afirma que tem muita dificuldade para chegar na areia

Pessoas com mobilidade reduzida, seja por paralisia cerebral, tetraplegia, idosos e vítimas com sequelas de AVC (acidente vascular-cerebral) continuam enfrentando muitas dificuldades para frequentar as praias do Litoral Norte. O número de turistas com problema de mobilidade cresceu muito, mas praias e comércios continuam sem acessibilidade

Por Salim Burihan

Segundo as pessoas entrevistadas, todas elas, com algum tipo de deficiência, a maioria das praias da nossa região não oferece acessibilidade adequada.

Em Caraguá, São Sebastião e Ilhabela existem o programa conhecido como “Praia Acessível”, mas os cadeirantes cobram acessibilidade em todas as praias.

Segundo eles, a falta de acessibilidade prejudica o turismo de cadeirantes e pessoas com dificuldades motoras. Eles alegam que não é justo poder frequentar e conhecer apenas as praias onde existe o programa Praia Acessível.

“Frequento a região há muitos anos, não vejo acessibilidade em nenhuma delas, a não ser aquelas que são do programa Praia Acessível”, lamenta Rodrigo Lourenço Ribeiro, de 25 anos, psicólogo de São Paulo.

“Acho uma falta de visão muito grande das prefeituras e dos comerciantes, pois cresce a cada dia o número de cadeirantes e de pessoas com problema de mobilidade que querem visitar e passear pelo litoral norte, mas encontram muita dificuldade. Em algumas praias do sul do país este tipo de acessibilidade está sendo ampliada por causa do grande número de turistas com mobilidade reduzida”, comentou.

Segundo ele, se não fosse o apoio dos pais para carregar a cadeira até a beira do mar, dificilmente, poderia apreciar o mar. “Bastaria colocar uma passarela de madeira ou plástico em cada uma das praias para que o cadeirante pudesse chegar até a areia”, detalhou.

Rodrigo tem má formação na coluna, uma doença congênita e depende da cadeira para se locomover. Ele adora ficar na praia apreciando o mar ao lado dos pais, mas para fazer isso depende e muito do apoio da família.

“A areia é muito fofa e eles(os pais) precisam se esforçar muito para que eu possa ficar curtindo o mar. Não gosto de nadar, gosto apenas de ficar apreciando o mar. Me faz muito bem”, disse.

O cadeirante Léo Soprano, de 41 anos, piloto de moto velocidade “adaptada” na Itália, não se conforma com a falta de acessibilidade nas praias e comércios a beira mar em Caraguatatuba. Ele vive na Itália, mas passa todo verão em Caraguatatuba.

Léo Soprano, de 41 anos, piloto de moto velocidade “adaptada” na Itália, disse que comércios e praias devem ter mais acessibilidade

“Nenhuma das praias que conheço aqui no Litoral Norte possui acessibilidade. Nem, nos banheiros. Isso dificulta muito a presença de cadeirantes e até de pessoas idosas”, contou.

Segundo ele, em praias da Itália, Inglaterra, França e Espanha a acessibilidade é garantida. “Não sei se existe uma lei exigindo isso, mas é padrão em todas as praias europeias garantir o acesso de pessoas com deficiências em suas praias”, afirmou.

As prefeituras, segundo ele, deveriam exigir que os quiosques instalem esteiras de plástico ou de madeira -utilizadas para facilitar o acesso das cadeiras pela areia e chegar ao mar.

“Isso é muito comum na Europa, custa muito barato e é bem simples, basta apenas sensibilizar as prefeituras e conscientizar os proprietários de quiosques”, alertou.

A prefeitura de Ilhabela informou que as praias com acessibilidade na ilha são: Julião, Curral, Portinho, Perequê, Praia Grande e Pedra do Sino.

 

Praia Acessível

 

Em Caraguá, São Sebastião e Ilhabela existe o Programa Praia Acessível para pessoas com mobilidade reduzida, paralisia cerebral, tetraplegia, idosos e vítimas com sequelas de AVC (acidente vascular-cerebral).

Em Caraguá, além do banho assistido por monitores em cadeiras anfíbias, o projeto também oferece: vôlei sentado/adaptado, surf adaptado, handbikes, bicicleta dupla, frescobol adaptado, dominó, peteca e xadrez, damas, aula de alongamento e dança.

O programa acontece na Praia do Centro, perto da pista de skate, das 8h30 às 16h30. Em algumas ocasiões, o programa também é oferecido na Prainha.

Em Ilhabela, segundo a prefeitura, o programa Praia Acessível, oferece duas cadeiras anfíbias, disponíveis: uma na praia Ilha das Cabras e uma na Armação.

No município de São Sebastião, o programa vem sendo desenvolvido aos finais de semana no Balneário dos Trabalhadores (Praia Grande), na Região Central, por conta da estrutura que o local oferece, com banheiros e chuveiros. Já, na Costa Sul, com formato itinerante, atende as praias de Boiçucanga, Camburí, Praia da Baleia e Juquehy.

Em São Sebastião, no verão, o horário de atendimento do programa Praia Acessível é das 9h às 17h, de terça a domingo.

EmUbatuba, segundo a prefeitura, não tem o programa Praia Acessível.