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Falta de saneamento é o principal entrave ao desenvolvimento da Maricultura no Litoral Norte, segundo pesquisador

Tamoios News

Em 2000, foi formada associação de produtores, a Associação dos Pescadores e Maricultores da Praia da Cocanha – MAPEC, que passou a organizar os produtores e proporcionar aos mesmos facilidades para desenvolverem os seus cultivos, o que possibilitou a expansão da atividade.

A escolha da praia da Cocanha deveu-se às condições ambientais favoráveis, proporcionada pelo abrigo contra a penetração de ondulações e ventos fortes de sul e sudeste, devido à barreira geográfica formada pela ilha de São Sebastião e, localmente, pela presença da ilha da Cocanha e do ilhote de Fora.

Desde então as atividades da MAPEC são embasadas em estudos científicos e a fazenda marinha da Cocanha, exerce a função além da produção de alimento, como também de laboratório para vários trabalhos de pesquisa.

O pesquisador Hélcio Luiz de Almeida Marques, do Instituto de Pesca, órgão ligado à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, desenvolve estudos científicos em parceria com a MAPEC desde 2007, sua área de pesquisa é aquicultura marinha (maricultura), com objetivo para aumento da produção de pescado para o consumo da população.

Essa parceria rendeu cinco trabalhos de dissertação de mestrado e dois trabalhos de conclusão de curso, que tiveram reflexo imediato na produção do mexilhão e as pesquisas sempre foram embasadas nas dificuldades diretas dos maricultores.

Ele destaca que para produção do mexilhão é preciso uma excelente qualidade da água, “na Cocanha ainda temos uma condição satisfatório de qualidade, diferente de outras regiões do litoral norte de São Paulo, fazendo com que a produção de mexilhões não seja satisfatória para o consumo”, ressalta Marques, então a qualidade da água é fundamental para produção de alimento nas águas do oceano.

Com objetivo de embasar cientificamente as ações realizadas pela MAPEC, convidamos o pesquisador e parceiro Hélcio Luiz de Almeida Marques a responder algumas questões relevantes que fazem jus ao Projeto Farol do Lixo, Um Farol de Soluções para um Oceano Sustentável.

1-  Qual a importância da pesquisa científica em relação a poluição dos oceanos e aquecimento global?

Sem dúvida a pesquisa científica tem papel relevante na quantidade de poluição que existe no mar, nos locais onde essa poluição é mais intensa e na proposição de medida mitigatórias para poluição, mas infelizmente só a pesquisa científica não resolve esse problema, esse problema não é só da pesquisa científica mas de toda sociedade como um todo, dos órgãos governamentais da população, então apenas com uma ação conjunta de todos esses órgãos é que esse problema pode ser mitigado.

2-  Qual pesquisa o senhor realizou na Fazenda Marinha da Cocanha, que contribuiu para trabalhos de prevenção a poluição nos oceanos.

Eu especificamente não participei de nenhuma pesquisa de prevenção da poluição nos oceanos, mesmo por que eu disse que temos problemas que não só podem ser solucionados por atores simples como a população, mas principalmente por órgão governamentais, é claro que algumas orientações básicas são sempre passadas aos maricultores no sentido deles colaborarem com a preservação de seus cultivos evitando o uso de materiais que possam vir a contaminar o mar, evitando o descarte de material que não é degradável, material também que pode vir a contaminar o mar perto se seus cultivos, enfim colaborando que seu cultivo seja um exemplo de sanidade da qualidade do mar, para os demais atores que estão envolvidos, como a navegação de recreio e outras atividades.

3-  Como um problema global sobre a poluição nos oceanos, atinge as comunidades de cultura tradicional caiçara, em específico, a MAPEC que depende do oceano limpo, para produzir o mexilhão próprio para o consumo humano, além da pesca artesanal?  

Nesse ponto eu tenho uma opinião particular eu acredito que os problemas globais são muito difíceis de serem resolvidos, como eu disse não depende só de uma comunidade de um governo, na verdade o global seria todos países contribuírem para evitar a poluição, mas o que nós temos observado é que o problema do oceano limpo para MAPEC ele é mais localizado do os problemas globais, por exemplo a contaminação por esgotos domésticos é um problema real é um problema que atua diretamente sobre a produção de alimentos, mas não só sobre isso atua sobre a balneabilidade das praias, do turismo da pesca enfim tudo, e é um problema localizado, não é um problema global, é um problema regional, e o que poderia ser feito!

 4- Quais ações imediatas cada pessoa pode adotar para minimizar os efeitos da poluição nos oceanos?

Eu acho que para minimizar as poluições nos oceanos, eu acho que nós devemos minimizar a poluição no nosso quintal na nossa casa e nisso a população pode sim contribuir muito, a população pode pressionar seus vereadores, a população pode pressionar o poder público municipal para que esse poder público pressione principalmente a empresa que é responsável pelo saneamento básico no estado de São Paulo que é a SABESP para que ela cumpra a sua função que é sanear a água, que é uma coisa que a SABESP nunca fez e não está fazendo, ou se fez, fez em muito pouca escala que não resolveu até agora os problemas por que nós continuamos com águas contaminadas, principalmente na época de temporada, e isso aflige muito os maricultores, eu diria que o maior problema da maricultura hoje seria o saneamento básico das águas marinhas, esse problema teria que ser resolvido para que a maricultura pudesse crescer como empreendimento e também cresceria de forma saudável e sustentável,

5- Qual a importância dessa ação de conscientização Farol do Lixo.  Um Farol de Soluções para um Oceano Sustentável, a partir dos pescadores que sofrem os efeitos da poluição dos oceanos e do aquecimento global?

Acredito que cada um pode fazer além das ações que estamos vendo que estão sendo feitas por vocês nesta ação, eu acho que a pressão popular é muito importante, os maricultores se unirem se juntarem a outros órgãos, outros atores e pressionar a Câmara dos vereadores, o poder público municipal, talvez até os deputados e cobrar efetivamente que a SABESP cumpra com papel primordial que é fazer o saneamento básico no estado de São Paulo, sem esse primeiro passo nós não vamos conseguir resolver esse problema global do oceano.

E a ação Farol do Lixo, um Farol de soluções para um oceano sustentável é uma ação muito importante para conscientização da população, conscientização dos atores das pessoas para que o oceano seja mantido limpo, com a qualidade de água necessária para nós fazermos o uso devido das águas do oceano, então sucesso para vocês e tenho certeza que mais e mais pessoas se conscientizem da necessidade de cuidar principalmente do nosso quintal primeiro, da água de Caraguatatuba da praia da Cocanha, das praias adjacentes para depois então nós conseguirmos ter vozes para lutar por um oceano globalmente limpo mais sustentável.

Segundo o pesquisador, a população tem que se unir para cobrar os órgãos públicos em todas esferas para o estado através da empresa do saneamento básico, SABESP faça o que já deveria ter feito a muito tempo, executar o saneamento básico no estado e especificamente nas cidades do litoral norte de São Paulo.

MAPEC promove ação ambiental do projeto “O Farol do Lixo”, no  22 de março de 2024 , “Dia Mundial da Água”, na praia da Cocanha, em Caraguatatuba, São Paulo. 

Fonte: Comunicação – Plataforma Digital Fato