A Frente Parlamentar do Litoral Norte reuniu-se nesta quinta(28), em Ilhabela, para discutir a atuação do SAMU na região. A ouvidora de Ilhabela e um vereador da cidade apresentaram supostas denúncias de omissão no atendimento, que a frente decidiu investigar. O SAMU completou nove anos na região, com mais de 360 mil atendimentos no período. É um dos serviços mais elogiados pela população
Por Salim Burihan
A Frente Parlamentar Paulista do Litoral Norte, composta por vereadores das quatro cidades da região, reunida em Ilhabela, nesta quinta(28), decidiu apurar possíveis omissões no atendimento pelo SAMU(Serviço de Atendimento Móvel de Urgência).

Frente Parlamentar reunida nesta quinta(28) em Ilhabela
Foi sugerido por vereadores a criação de uma central em cada cidade e que as solicitações dos usuários sejam gravadas para que se possa apurar supostas omissões no atendimento.
O SAMU completou nove anos no Litoral Norte e é um dos serviços mais elogiados pela população da região. As prefeituras tem investido na melhoria e ampliação do atendimento em seus municípios. As denúncias de supostas omissões no atendimento pelo SAMU apresentadas na reunião dos vereadores se referem apenas ao município de em Ilhabela, onde o SAMU conta atualmente com duas viaturas, mas que até a metade do ano, contava com uma só para atender os 35 mil habitantes da Ilha.
No encontro, realizado na Câmara Municipal de Ilhabela, a frente parlamentar esperava contar com a presença da coordenadora regional, Mara Abreu para discutir a regulamentação do serviço na região, mas ela não compareceu à reunião.
“Nosso objetivo era discutir sobre a regulação, como isso funciona, porque todas as vezes que ligamos no SAMU é uma central que distribui isso para as quatro cidades”, afirmou o presidente da frente parlamentar, vereador Valdir Veríssimo, de Ilhabela, que ficou inconformado com a ausência da coordenadora do Samu na reunião.
Outro vereador que ficou irritado com a ausência de representantes do SAMU na reunião foi o presidente da Câmara de Ilhabela, Marquinhos Guti. Ele considerou uma falta de respeito por parte dos representantes do SAMU.
“Eu fiquei surpreso porque eu não imaginava esse tipo de situação. Mas acho importante informar os superiores deles que tinham uma reunião com os representantes dos quatro municípios e seu ausentaram. É importante que na próxima reunião mantenha o tema do SAMU, para que até lá alguém cobre deles soluções”,
concluiu.
Mara Abreu justificou que não esteve presente na reunião com os vereadores por motivos de saúde. Segundo ela, um novo encontro com a frente parlamentar será realizado em fevereiro de 2020.
O vereador de Caraguatatuba, Aguinaldo Butiá, que é funcionário do SAMU, adiantou que o serviço é muito elogiado em sua cidade. Segundo ele, em nove anos de existência o SAMU já prestou mais de 130 mil atendimentos na cidade.
O Vereador Claudnei Xavier, de Ubatuba, também, funcionário do SAMU, afirmou que em seu município não tem presenciado demora ou erros no atendimento. “Ouço de alguns munícipes sobre a demora, mas no que eu estive presente foi bem atendido”, explicou. Xavier disse que a central foi instalada em São Sebastião pelo fato da cidade oferecer um melhor sinal de transmissão.
O Vereador De Paula, também, de Caraguatatuba, elogiou os serviços prestados em sua cidade, mas disse achar interessante instalar uma central em cada cidade da região. Ele também criticou a ausência de representantes da coordenação do SAMU no encontro de Ilhabela.
Reclamações
A Ouvidora do Município de Ilhabela Dulce Pinheiro afirmou que o serviço dos funcionários do SAMU que atendem a população é maravilhoso, mas há falhas na triagem da Central. “Eu fui inserida dentro da situação por estar na Escola Gabriel e, em dois momentos que precisamos chamar a SAMU, a vice-diretora foi obrigada a chamar por dois alunos que passaram mal. A primeira há um ano mais ou menos, ela passou mal, veio na minha direção e fui obrigada a fazer o primeiro atendimento, percebi que estava tendo uma convulsão, o funcionário que estava mais atento chamou a SAMU, ficamos ali por 48 minutos esperando. […] Então um professor indignado pegou o carro e levou a aluna para o Hospital Mário Covas”, explicou.
Dulce ainda conta que uma funcionária estava com a coluna travada gemendo de dor na escola e acionou a SAMU, a sugestão do médico foi colocar em carro próprio para o Hospital, mas na dificuldade de remoção aguardaram o atendimento. “Esperamos, disse que havia designado do Engenho D’água para fazer atendimento, em 40 minutos entramos em contato de novo. Depois de um tempo eu descobri que não haviam aberto nenhum tipo de chamada para a Central de Regulação de São Sebastião”, contou a funcionária da Ouvidoria, que aguarda uma resposta da CRO sobre ocorrido há mais de um ano.
Gabriel Rocha leu outra denúncia contra o atendimento por telefone da SAMU, que fala de uma solicitação de emergência do serviço com sucessivas interrupções na ligação e relatos de grosseria da atendente, que provocou na urgência no acionamento de uma ambulância do Hospital Mario Covas Junior, pouco tempo depois o paciente foi a óbito.
Impressionado com os relatos, o Vereador Aguinaldo, de Caraguatatuba, afirmou que um requerimento pode ser feito, solicitando a gravação de tais ligações. O Vereador Gabriel Rocha enfatizou sua preocupação com esses casos de omissão de socorro e que o documento a ser elaborado seja encaminhado para a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo.
O Presidente da FREPAP, Valdir Veríssimo solicitou que seja feito um Ofício através da Frente para buscar respostas sobre tais ocorrências. “Eu faço uma sugestão para que nossa assessoria elabore um Ofício, de acordo com todas essas denúncias, que sejam pontuadas as reclamações, diretamente para a Mara [responsável pela regulação do SAMU] para que dê respostas. Então, encaminhamos para nossos deputados, inclusive à Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, em nome da Frente Parlamentar para perceberem que estamos preocupados com essa situação”, enfatizou Veríssimo.
SAMU

Viaturas novas do SAMU em Caraguá
A coordenadora regional do SAMU, Mara Abreu, disse que não compareceu ao encontro com os vereadores por motivo de saúde. Ela entrou em contato com a frente parlamentar para se justificar e já agendou uma nova reunião com os vereadores em fevereiro do ano que vem.
Sobre o desejo dos vereadores de terem uma central do SAMU em cada cidade, Mara explicou que isso não irá resolver nada e que, também, o Ministério da Saúde não permite. Segundo ela, a Central Reguladora instalada em São Sebastião atua muito bem.
Sobre reclamações ou possíveis omissões, Mara explicou que não existe omissão no atendimento, mas sim que são priorizados por um médico da coordenação os atendimentos mais urgentes. Segundo ela, mais de 70% dos chamados são apenas para transporte das pessoas.
“O médico faz a triagem, se a pessoa precisa apenas de transporte, ele pergunta se a pessoa possui meios próprios para se locomover até o hospital ou pronto socorro. Com isso, as viaturas ficam à disposição para atendimentos de urgência e emergência, ou seja, coisas mais graves, que podem salvar vidas”, detalhou.
Os casos de possível omissão relatados em Ilhabela, segundo ela, foram ocasionados pela existência de apenas uma viatura do SAMU na cidade até metade deste ano. Agora, existem duas viaturas para atender a população da Ilha, onde são efetuados 400 chamados por mês.
A coordenadora regional explicou que todas as solicitações feitas pelos usuários são devidamente gravadas e quando aparecem reclamações, elas são transcritas e respondidas. “Temos índice quase zero de reclamações, comparado com a quantidade de atendimentos que fazemos mensalmente, mesmo assim, as pessoas que reclamam diretamente ou através da ouvidoria, são procuradas e recebem uma satisfação do que ocorreu”, contou.
O SAMU completou nove anos no Litoral Norte e tem sido um dos serviços mais elogiados pelos moradores. O serviço, financiado pelo Governo Federal, Estadual e Municipal foi criado em 2003 e faz parte da Política Nacional de Urgências e Emergências, instituída no Litoral Norte, em 22 de Novembro de 2010. A cada ano o SAMU recebe novas viaturas e profissionais buscando atender a demanda na região.
A Central de Regulação Operacional, responsável pela regulação das ocorrências nas cidades de Caraguatatuba, Ubatuba, Ilhabela e São Sebastião (Litoral Norte) atende em média 4.800 solicitações/mês. Em nove anos, o SAMU fez 130.014 atendimentos em Caraguatatuba; 111.777 atendimentos em São Sebastião; 82.560 em Ubatuba; e, 39.989 em Ilhabela.