Em alguns momentos, representantes do Legislativo foram vaiados; protesto ocorreu porque muitas pessoas podem perder o emprego
Por Raell Nunes, de Ubatuba
Na última sessão de Câmara deste semestre em Ubatuba, o que marcou foi um protesto dos funcionários da Comtur (Companhia Municipal de Turismo), que administra a Zona Azul da cidade.
O motivo da manifestação, que reuniu dezenas de pessoas, se deu pelo projeto de lei, aprovado na semana passada, que extingue a cobrança de estacionamento rotativo em vias públicas do município.
Segundo os manifestantes, o movimento aconteceu pela discordância com os seis vereadores que querem colocar em vigor a lei que dá fim à Zona Azul em Ubatuba. Na ocasião, seis vereadores foram favoráveis ao projeto, um votou contra e dois se abstiveram.
Conforme apontam, essa conjuntura prejudica centenas de famílias dependentes de um emprego para sobreviverem. Os funcionários afirmam que no Litoral Paulista não há muitas oportunidades de trabalho com carteira assinada, como é o caso deles atualmente.
Dentre os presentes, alguns seguravam cartazes com os dizeres, tais como: “Comtur gera mais de 300 empregos indiretos e 35 diretos. Quem irá repor essas vagas?”, “Não ao fim da Comtur”, “Nos deixem trabalhar”, “Representantes do povo tirando o trabalho do povo?”, “Quem é contra o trabalhador é contra o progresso”, entre outros.
João Toledo, diretor de turismo da Comtur, disse que os funcionários presentes na Casa de Leis estavam ali por livre e espontânea vontade. Para ele, não houve, em nenhum momento, um pedido da diretoria para que os mesmos fizessem a manifestação.
O diretor disse considerar o protesto válido, uma vez que os munícipes estão defendendo seus cargos. De acordo com Toledo, Ubatuba foi uma das poucas cidades do Brasil que gerou vagas de emprego e a Comtur é a grande responsável por essa situação.
“Nós geramos mais de 400 empregos, imagine o caos que seria se isso acabasse. Hoje, com o dinheiro que é arrecadado com a Zona Azul, foram entregues duas ambulâncias à Santa Casa. O asfalto que está sendo feito e muito capital investido na saúde da cidade vem com o recolhimento da cobrança de estacionamento”, afirmou.
Entenda o caso
Na semana passada, sete dos vereadores assinaram uma proposta de regime especial de urgência. O projeto não estava na pauta do dia e pegou a todos de surpresa. A propositura impede que a Comtur ou qualquer outra empresa cobre estacionamento em espaços públicos de Ubatuba.
Na hora da votação do projeto de lei, Silvio Carlos de Oliveira Brandão (PSDB), o Silvinho Brandão, e Manuel Marques (PT) se abstiveram e Adão Pereira (PCdoB) votou contra. Na justificativa, os seis vereadores favoráveis afirmam que o objetivo é cortar cobranças indevidas e injustas.
“Ubatuba virou fábrica de multa. O prefeito está usando a Zona Azul só para arrecadar. Não investe nada nas praias, só explora”, afirmou o vereador Reginaldo Fábio de Matos (PMDB), o Bibi.
Já o petista Manuel Marques disse que muitas cidades do litoral que trabalham com o turismo cobram a Zona Azul. Para ele, há muitos empregos em jogo e isso penalizaria os funcionários da Cumtur, pois seriam demitidos.
“O comércio, que paga encargos trabalhistas e também emprega, começa a ser prejudicado com cobrança da Zona Azul em suas portas. Comerciantes relatam que pessoas deixam de frequentar o local, ao saber que tem que pagar para estacionar. Perdendo freguês, se gera demissões”, retrucou o presidente da Câmara, Claudnei Bastos Xavier (PSDB), o Pastor Xavier.
Em nota, a Prefeitura de Ubatuba disse que foi pega de surpresa com a atitude dos legisladores e o jurídico vai analisar todo o trâmite que envolve o referido projeto de lei. Em breve, o Poder Executivo prometeu se manifestar oficialmente.