Geral Ubatuba

Gastão Madeira: Neta divulga vida e feitos do inventor ubatubense, pouco valorizado e conhecido no País

Tamoios News

Gastão Madeira foi um ubatubense que se dedicou ao desenvolvimento da aviação. Seus feitos e invenções contribuíram para surgimento do avião. Apesar de tudo isso é pouco conhecido pelos brasileiros, mesmo em Ubatuba, onde nasceu. A família de Gastão Madeira decidiu divulgar e valorizar os feitos do inventor para que ele seja mais conhecido e valorizado no País

Gastão Madeira em Ubatuba, em frente a placa, que lhe presta homenagens

Por Salim Burihan

A Prefeitura de Ubatuba realiza nesta segunda( 17), uma cerimônia de comemoração dos 150 anos de nascimento de Gastão Galhardo Madeira (1869-2019), inventor ubatubense e pioneiro da aviação. O evento acontecerá às 19 horas, no Teatro Municipal de Ubatuba (praça Exaltação à Santa Cruz, 22 – Centro).

O destaque da programação é a palestra de Cesar Rodrigues, autor do livro Voando Além do Tempo – O pensar de Gastão Madeira, publicado pelo Instituto Salerno-Chieus. Realizado em parceria com a Comtur, a Fundart e o Núcleo Infantojuvenil de Aviação (NINJA), com a colaboração de Cristina Madeira, neta do inventor, a cerimônia inclui ainda exposição sobre os principais estudos e inventos de Gastão Madeira.

Neta

A jornalista Cristina Madeira, neta do inventor ubatubense, não conheceu o avô, falecido em 1942, mas soube dos seus feitos pelo pai.

A neta Cristina, com Pedro Paulo, Celso Teixeira e o escritor César Rorigues

“Foi uma vida bastante corrida a dele(Gastão Madeira). Ganhou bolsa de estudo do governo para estudar na França, mas retornou devido a guerra mundial. A guerra prejudicou os seus estudos, acabando precocemente com os sonhos dele, mesmo assim, meu avô contribuiu para que no futuro surgisse o avião”, contou.

Segundo ela, Gastão Madeira foi uma figura histórica, mas não é muito conhecido pelos brasileiros. “A ideia é promover encontros, livros, palestras para divulgar e valorizar o trabalho que ele fez”, disse Cristina.

Além do evento nesta segunda, em Ubatuba, a família aguarda a publicação do livro do historiador carioca Rodrigo Vizoni, como a biografia de Gastão Madeira, que ainda aguarda patrocínio, para difundir os feitos obtidos pelo inventor ubatubense e sua contribuição para o surgimento do avião.

Cristina também colocou a história do avô nas redes sociais.  Ela lembra o amor que Gastão tinha por Ubatuba. Segundo ela, em suas viagens quando lhe perguntavam de onde ele era, Gastão Madeira respondia: “Sou de Ubatuba. Um caiçara que deu certo”.

É o que faz Cesar Rodrigues, que é membro do NINJA, projeto de voluntários para a divulgação da cultura aeronáutica para crianças e jovens que, desde 2011, é sediado no Colégio Dominique, de Ubatuba, na sala “Gastão Madeira”, com o apoio do Instituto Salerno-Chieus.

Interessado pelos projetos de Madeira, em especial pela dirigibilidade dos balões, Rodrigues percebeu que pouco se sabia da sua história, até mesmo entre os ubatubenses.

“Veio daí a ideia de aprofundar as pesquisas e resgatar as contribuições de alguém que foi tão importante para a aviação e, ao mesmo tempo, tão esquecido”, explica Rodrigues.

“Comemorar os 150 anos do nascimento de Gastão Madeira  é resgatar a memória de um talentoso e esquecido  pensador do início da aeronavegação, com o desejo de que se assegure um registro histórico da aviação e que contribua para a formação de uma identidade cultural da cidade de Ubatuba, ao enfatizar personalidades locais, desconhecidas das atuais gerações”, destaca Rodrigues.

Desde o início do ano, o NINJA já vem realizando diversas atividades de comemoração do sesquicentenário de nascimento do inventor ubatubense.

Saiba mais

Considerado pelo Instituto Histórico e Geográfico um dos pioneiros da aviação no mundo, Gastão Galhardo Madeira, advogado e inventor, nasceu em Ubatuba, em 20 de junho de 1869.

Em 2019, completam-se 150 anos de seu nascimento. Para celebrar o sesquicentenário, a Prefeitura Municipal de Ubatuba, juntamente com a Fundação de Arte e Cultura de Ubatuba (Fundart), a Companhia Municipal de Turismo (Comtur) e o apoio do Núcleo Infantojuvenil de Aviação (Ninja), comemoram seu legado com a palestra “Gastão Madeira, inventor ubatubense e pioneiro da aviação”, que será ministrada por César Rodrigues, autor do livro “Voando Além do Tempo – O pensar de Gastão Madeira”. O evento será realizado em 17 de junho, às 19 horas, no Teatro Municipal de Ubatuba – Praça Exaltação à Santa Cruz, 22 – Centro.

Ubatuba

Em Ubatuba e São Paulo, há ruas dedicadas ao ilustre inventor. Desde 28 de outubro de 1966, o aeródromo de Ubatuba passou a ser denominado oficialmente como Aeroporto Gastão Madeira, hoje administrado pelo Consórcio Voa São Paulo.  

Em 2011, o Colégio Dominique, de Ubatuba, criou a Sala “Gastão Madeira”, para abrigar o Núcleo Infantojuvenil de Aviação (NINJA), projeto de voluntários para a divulgação da cultura aeronáutica para crianças e jovens, com o apoio do Instituto Salerno-Chieus. Interessado pelos projetos do inventor, em especial pela dirigibilidade dos balões, o autor que atua como voluntário no Núcleo Infantojuvenil de Aviação (NINJA),percebeu que pouco se sabia da sua história, até mesmo entre os ubatubenses. Daí a ideia de aprofundar as pesquisas e resgatar as contribuições de alguém que foi tão importante para a aviação e, ao mesmo tempo, tão esquecido.

Dentre as contribuições de Gastão para a aviação aérea atual, podemos citar a preocupação com  a segurança operacional, manifestada na ideia do Aviplano – um aparelho que planaria vagarosamente até o chão, em caso de pane do motor – e os estabilizadores automáticos, que poderiam, de certa forma,  ser um embrião do que conhecemos hoje como piloto automático.

Sobre Gastão Madeira

Desde criança, Gastão interessava-se em observar o voo dos pássaros e aos 14 anos começou a refletir sobre como, em voo planado, o centro de gravidade era ou não deslocado, de forma que o peso atuasse como fator de propulsão.

Com base nisso, estabeleceu hipótese para explicar cientificamente a sustentação do corpo, assim como o deslocamento das aves no espaço. Segundo ele, o princípio do movimento das aves está na fuga da vertical, pelo afastamento do centro de gravidade. Tal hipótese, aparentemente simples, contém noções fundamentais do voo que contrariavam o pensamento da época.

Seus estudos foram importantes nos primeiros anos da aviação, na transição do emprego dos balões para o mais pesado que o ar. Em 1890, ousou estabelecer o conceito de dirigibilidade dos balões, com a deslocação do centro de gravidade dos aeróstatos. Pensou na segurança do voo, criando o Aviplano – aparelho que tinha a capacidade de planar suavemente em caso de perda do motor.     

Em 1913, Madeira encaminha petição ao então Senado do Estado de São Paulo solicitando subsídios para um novo aeródino, o Brasil – S. Paulo, para ser construído na Europa e sua petição foi finalmente atendida. Desse modo, parte com a família para França em 1914, onde obtém quatro patentes pelo Office National de la Proprieté Industrielle: a primeira, para um “aparelho de divertimento que dá a ilusão de voo”, pedida em 13 de junho de 1914 e concedida em 24 de novembro do mesmo ano; a segunda, para um “dispositivo assegurador da estabilização automática de aeroplanos e análogos”, solicitada em 11 de julho de 1914 e expedida em 22 de janeiro de 1915; a terceira, para “anúncios luminosos comandados por uma porta giratória”, requisitada a 15 de dezembro de 1915 e concedida em 9 de maio de 1916; e a quarta, para um “dispositivo de comando do leme de profundidade de aeroplanos e outros aparelhos aéreos”, requerida em 3 de maio de 1916, foi assegurada em 19 de fevereiro de 1919. Madeira obtém ainda uma patente inglesa, outra norte-americana e uma alemã para “melhoramentos nos estabilizadores das máquinas aéreas”.  

Entretanto, devido à Primeira Guerra Mundial não conseguiu a industrialização dos seus inventos, retornando ao Brasil em 1917.

Em 28 de abril de 1927, ocorre a travessia sem escalas do Atlântico Sul, realizada por quatro brasileiros no hidroavião Jahú  e o nome de Gastão Madeira é lembrado, entre os de Santos Dumont e outros pioneiros da Aviação, numa placa feita em ouro e brilhantes comemorativa do voo.  

Em 1939 foi nomeado sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Em 1940, recebe o privilégio de invenção nº 531, para “novo tipo de hélices para aeroplanos, hidroplanos, dirigíveis e semelhantes”.

Em 1942 o Instituto Histórico e Geográfico propõe uma série de conferências e publicações por ocasião do décimo ano da morte de Santos Dumont e nomeia uma comissão para iniciar as atividades, composta por Oliveira Orlandi, Nicolau Duarte da Silva e Gastão Madeira. Infelizmente o inventor não pode realizar a tarefa, pois já  se encontrava doente e veio a falecer em 4 de agosto de 1942.