Morar num barco a beira mar deve ser o sonho de muita gente. O casal Fernando e Jamille transformou isso em realidade. O casal vendeu tudo o que tinha para investir num catamarã e viver com os filhos em Ilhabela
Por Simone Rocha
O analista de sistemas, Fernando Previdi e a enfermeira Jamille, e seus dois filhos, André, de oito e Laura, de seis, moram há dois anos, num catamarã de 47 pés (14,50 metros), que fica ancorado no Saco da Capela, na Ilhabela.

Fernando e Jamille concretizaram um sonho de morar num barco a beira mar
O barco é uma casa flutuante, com cozinha, sala, quartos, banheiros, varanda, área gourmet e tem outros dois quartos, que ficam numa área reservada, que eles alugam para pessoas que querem ter uma experiência como a deles.

Os filhos André, de oito e Laura, de seis, estudam em escola da ilha
Aliás, esse é o atual ganha pão da família, que não tem outra residência a não ser o barco e largaram tudo para viver no mar, literalmente!
De família humilde, do interior de São Paulo, Fernando veio poucas vezes para a praia na infância. Depois de adulto passou a frequentar mais o Litoral Norte. Casado, ele e a esposa achavam que ter lancha era coisa de rico.
“Até que um dia estava em um passeio de barco e perguntei o valor de uma lancha e ao ouvir que com uns 15 mil reais conseguiria comprar uma fiquei completamente entusiasmado”, relembra.
Conseguiu convencer a esposa e juntando as economias compraram a primeira lancha de 21 pés (6,30 metros), com um motor de popa 135HP V6. Ele e a esposa tiraram a habilitação para pilotar barcos (Arrais).
A primeira lancha foi apenas o início de uma nova etapa na vida do casal, que depois decidiu vender o carro e adquirir uma lancha maior. E um tempo depois começaram a pensar na possibilidade de morar em um barco.
Venderam o apartamento e investiram tudo nesse sonho. A história é longa e eles tem um blog onde contam todos os detalhes dessa aventura (catguina.blogspot.com).
Com um oceano a disposição, os Previdi escolheram Ilhabela devido a infraestrutura e também por serem apaixonados pelo local.
“O sistema de saúde, segurança e a educação também contaram muito em nossa decisão de ancorar aqui”, explica Jamille.
O abastecimento de água é feito por meio de uma mangueira da Sabesp que chega até o barco e eles podem encher as quatro caixas de 200 litros cada, que ficam no subsolo.
A energia elétrica vem por placas de energia solar que Fernando instalou, mas eles também têm um gerador, para os períodos sem sol. O gás é o de botijão convencional. Tem internet, TV, vídeo game e até uma máquina de lavar. Eles pretendem seguir viagem pela costa brasileira em janeiro de 2020.

Barco é bem equipado
“Atualmente nossos filhos estudam em período integral em uma escola pública aqui na Ilhabela, mas ano que vem vamos fazer o sistema de estudo homeschooling (Educação domiciliar). Vamos até o Recife e pretendemos participar da corrida de veleiros que vai de Recife até Fernando de Noronha. Futuramente temos o sonho de chegarmos ao Caribe, depois Estados Unidos e um dia cruzar o oceano e atracar na Europa! Tudo a bordo do nosso catamarã Guina”, revela Fernando.
Jamille conta que os primeiros anos foram de experiência no mar e na nova vida marítima. “Aprendemos a cada dia. Agora já estamos estruturados e não tem sentido morar num barco e ficarmos parados aqui para sempre. Vamos nos aventurar pelo mundo e nossos filhos estão ansiosos pela viagem! Teremos a companhia de uma família muito especial, Sidney, Juliana, Joana e Théo, que também mora num barco (Obelix) aqui no Saco da Capela e que vão seguir viagem com a gente em uma parte do percurso”, empolga se Jamille.

Catamarã fica atracado no Saco da Capela
De acordo com o casal Previdi, atualmente cerca de 10 famílias vivem em barcos, somente na região do Saco da Capela, na Ilhabela. O que significa que em breve vamos conferir novas histórias de gente assim como Fernando e Jamille, que inspiram jovens e adultos a não desistirem de seus sonhos.