A greve nacional dos petroleiros e petroleiras teve início à 0h desta segunda-feira, 15 de dezembro, por tempo indeterminado, em resposta à falta de avanços nas negociações do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) e à proposta considerada insuficiente e provocativa apresentada pela gestão da Petrobrás. A paralisação ocorre de forma articulada em todo o país, com mobilizações simultâneas em unidades operacionais, terminais e plataformas offshore.
No Litoral Paulista, a greve começou com impacto imediato. Na Refinaria Presidente Bernardes de Cubatão (RPBC), todas as portarias amanheceram fechadas, com piquetes organizados, trabalhadores e trabalhadoras nas entradas e presença ativa do Sindipetro-LP, além de sindicatos parceiros e organizações sociais. O Sindicato também realiza diálogo com trabalhadores contratados, reforçando que a adesão ao movimento é uma decisão coletiva, livre de qualquer tipo de coação.
A paralisação se espalha por toda a base do Litoral Paulista, atingindo a Unidade de Tratamento de Gás de Caraguatatuba (UTGCA), o Terminal Almirante Barroso (Tebar), em São Sebastião, o Terminal de Pilões, em Cubatão, o Terminal de Santos, a UTE-EZR, também em Cubatão, e a Edisa Valongo. No offshore, a greve está presente nas plataformas P-66, P-67, P-68, P-69, P-70, P-71 e na Plataforma de Mexilhão, evidenciando o caráter nacional do movimento, com FNP e FUP mobilizadas.
A deflagração da greve é resultado de quase cinco meses de negociações sem avanços concretos. A proposta da Petrobrás prevê apenas 0,5% de ganho real, limita-se à reposição inflacionária para parte da categoria e exclui aposentados e pensionistas, aprofundando desigualdades. Os trabalhadores reivindicam a recomposição das perdas salariais acumuladas desde 2019, além de uma pauta que inclui valorização profissional, saúde e segurança, recomposição de efetivo e o fim de retrocessos nos direitos.
Mesmo diante dessas reivindicações, a gestão da Petrobrás mantém uma política de priorização do mercado financeiro. Até setembro de 2025, a empresa acumulou lucro líquido de R$ 94,5 bilhões e já destinou cerca de um terço desse valor ao pagamento de dividendos aos acionistas. Para a categoria, trata-se da política do chamado “Robin Hood às avessas”, que retira direitos de quem produz para ampliar a remuneração do capital.
Além do arrocho salarial, a proposta da empresa impõe retrocessos concretos, como ataques à AMS, redução de garantias no retorno de férias, manutenção da supressão de folgas em regimes especiais e ausência de avanços no teletrabalho. A gestão também tenta pressionar a categoria ao condicionar o adiantamento da PLR e da PRD à assinatura do ACT até o fim do ano.
Diante desse cenário, os petroleiros e petroleiras reafirmam que a greve é um instrumento legítimo e necessário para garantir respeito, direitos e dignidade. Sem uma proposta que valorize quem sustenta os resultados bilionários da empresa, não haverá acordo. A mobilização segue firme em todo o país e sem previsão de encerramento.
As entidades sindicais seguem buscando negociação com a Petrobrás, com o objetivo de evitar impactos à população e assegurar que não haja aumento nos preços dos combustíveis. No entanto, a empresa mantém uma postura intransigente e se recusa a negociar o contingente mínimo, aprofundando o impasse e a responsabilidade pelo prolongamento da paralisação.
Fonte: Sindicato dos Petroleiros do Litoral Paulista

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