Três unidades prisionais do Vale do Paraíba e Litoral Norte produzem juntas mais de 800 quilos de alimentos com o trabalho desenvolvido em sua horta local. Os custodiados preparam o solo, plantam e colhem uma grande variedade de verduras, legumes e temperos que ajudam a compor o cardápio da população carcerária dos estabelecimentos penais e seus servidores.
No Vale do Paraíba, 20 reeducandos da Penitenciária 1 “Dr. Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra” de Tremembé cultivam cerca de 1.500 pés de mandioca por semana, além de hortaliças e alguns temperos. Alface, almeirão, couve, mandioca, cebolinha, salsinha, coentro e manjericão saltam aos olhos na horta da unidade.
“Os reeducandos se sentem produtivos ao mesmo tempo em que são condicionados a ter responsabilidade”, explica o diretor da P1 de Tremembé, André Luiz Bolognin.
A Penitenciária 2 “Dr. José Augusto César Salgado” de Tremembé tem um grande acervo de produtos em seu plantio orgânico: alface, escarola, couve-manteiga, repolho, cenoura, quiabo, batata doce, mandioca, berinjela, beterraba, rúcula e especiarias em geral (como a salsinha, cebolinha, coentro, sálvia, manjericão, erva-doce, erva-cidreira, orégano e pimentas) forram o campo de trabalho de pelo menos 14 sentenciados.
“O quem planta, colhe, nunca fez tanto sentido como agora”, afirma a diretora do Centro Administrativo da PII de Tremembé, Rosecleis Gonçalves, servidora diretamente envolvida na atividade.
No Litoral Norte, o Centro de Detenção Provisória (CDP) “Dr. José Eduardo Mariz de Oliveira” de Caraguatatuba conta com 53 canteiros que desenvolvem vários tipos de alface, como a lisa, americana, Mônica e crespa. Também se adaptaram ao clima da região a couve manteiga, o agrião e a rúcula. Aproximadamente 150 pés de hortaliças são colhidos pelas mãos de quatro reclusos que cumprem pena no local.
O CDP também se destaca no uso de um adubo especial, feito de compostagem (conjunto de técnicas usadas para estimular a decomposição de materiais orgânicos). O processo é realizado com restos de alimentos que foram descartados na cozinha dos detentos.
A atividade no solo ainda impacta na remição de pena. “A cada três dias de trabalho, um dia é descontado do total da pena”, afirma Bolognin.
*Texto: Daisyane Mendes / Fonte: SAP