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Imagem da virgem Maria amamentando o menino Jesus é restaurada na APAMI São Sebastiao

Tamoios News
Imagem totalmente restaurada - APAMI São Sebastião

Atendendo a um projeto de estado de São Paulo, em 1951 foi fundada a APAMI – Associação de Proteção e Assistência à Maternidade e Infância. O nome da entidade já definia os seus objetivos, que se resumiam ao suporte de saúde e assistência social à gestantes carentes e suas crianças.

A primeira presidente da Associação foi Nair Ribeiro Scaramelli, esposa do então prefeito Jair Scaramelli. Crianças eram atendidas pela APAMI com roupas e medicamentos até completarem 12 anos. O médico, Dr. Carlos Alberto Câmara Leal de Oliveira era quem dava assistência médica, tendo feito isso por longos anos.

Aqui em São Sebastião, a APAMI atende à todo Litoral Norte Paulista. Desde a sua criação, segue entregando enxovais, cestas de natal, brinquedos, cobertores e cestas básicas alimentares para mães em situação de vulnerabilidade social. As voluntárias da instituição se reúnem às terças-feiras, a partir das 14hrs, na sede que fica localizada na Rua Benjamin Constant, 22, no centro histórico da cidade.

Foto: Arquivo Pessoal Cibele Mello

Atualmente a APAMI se mantém do trabalho das voluntárias. Conversamos com Regina, atual diretora aqui em São Sebastião, ela conta que são realizados diversos trabalhos como bordado, crochê, tricô e costuras. Há ainda as que bordam em casa. As peças produzidas são vendidas no final de ano no bazar de natal e ajudam no sustento da causa. Regina explica que o aluguel do local é recebido como colaboração em dinheiro de algumas pessoas da cidade e  não há qualquer verba governamental.

Em frente à sede da APAMI São Sebastião encontra-se a imagem da virgem Maria amamentando o menino Jesus. Uma linda obra com azulejos datados de 1951. A imagem estava precisando de restauração e foi então que Cibele Mello foi convidada para executar o trabalho.

Cibele Mello

Com extenso currículo, Cibele Mello, veio para São Sebastião em 1961, na primeira infância. Sempre demonstrou interesse pelo desenho, vindo a se aprimorar a partir de 1987, através de pesquisas e estudo da história da arte e de obras clássicas. É auto didata em pintura, desenhos artísticos e esculturas. Além da sua formação e dos diversos cursos na área de artes, comunicação e design de interiores, Cibele ainda estudou desenho no atelier do artista plástico Benjamin Gonzalez em Ubatuba.

Ela nos conta emocionada sobre o convite para o trabalho com a obra na APAMI: “Este restauro era um desejo antigo, pois convivi com esta imagem desde a infância. Este local faz parte da vida dos sebastianenses. Quando a APAMI me contratou para este trabalho me senti muito honrada e consciente do desafio que teria pela frente.”

Cibele prontamente aceitou o desafio. Primeiramente realizou a pesquisa dos materiais, testou combinações entre eles, até conseguir se aproximar da aparência de vitrificação. Testes concluídos e aprovados, ela seguiu para execução.

Aqui na cidade Cibele também já realizou diversos trabalhos, entre eles, o Painel comemorativo dos 35 anos do TEBAR (Terminal Marítimo Almirante Barroso) em 2011, em azulejo – baixo esmalte. A decoração de carnaval da Rua da Praia nos anos de 2011, 2012, 2013 e 2014. Em 2017 projetou e executou cenário em 8 palcos para encenação da paixão de Cristo na praça de eventos (av. Dr. Altino Arantes). Ensinou desenho e pintura em oficinas culturais pela Fundass e recentemente retomou algumas destas atividades.

Uma profissional renomada, que já participou de diversos salões de arte, entre os mais importantes em 2002 – I Mostra de arte e cultura do surf- no Saguão da Bienal-Ibirapuera, em São Paulo. E ainda no Salão artes Waldemar Belisário Ilhabela, nos anos de 1995 e 1996, sendo que em ambos ela foi contemplada com medalha de bronze, em desenho e em pintura.

Foto: Arquivo Pessoal Cibele Mello

Ainda sobre a restauração da obra aqui na APAMI, Cibele conta que ficou extremamente feliz com a quantidade de feedback’s positivos, de caiçaras e de outras pessoas que a viram trabalhando. Ela relata que ficou encantada ao ouvir que “esta obra tinha mesmo que ser restaurada, e tinha que ser por você”.

E Cibele completa, “me encanta porque não nasci aqui, mas vim pra cá muito pequena, aos 3 anos de idade. Todas as minhas referências estão aqui. Eu era caiçara de Coração, agora sou de coração, corpo e alma!”

Por Daniele Murillo / Redação Tamoios News