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Instituto Conservação Costeira (ICC), de São Sebastião assume cadeira titular no Conselho Estadual de Mudanças Climáticas

Tamoios News
Fortes chuvas que aconteceram em 19 de fevereiro de 2023, na cidade de São Sebastião - SP

O Instituto Conservação Costeira (ICC), de São Sebastião, assumiu nesta quarta-feira (22) uma cadeira titular no Conselho Estadual de Mudanças Climáticas (CEMC), representando a sociedade civil em um espaço estratégico para a formulação de políticas públicas. A participação do ICC marca a primeira vez que uma entidade do litoral paulista ocupa essa posição de destaque, trazendo as demandas das comunidades costeiras para o centro das decisões climáticas no estado.

O CEMC, instalado pelo governador Tarcísio de Freitas no Palácio dos Bandeirantes, é um fórum consultivo criado para monitorar a implementação da Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC). Com uma composição tripartite, o conselho reúne representantes do governo estadual, de municípios e da sociedade civil. O governador destacou a importância da iniciativa para fortalecer a resiliência das cidades frente aos desastres ambientais: “Este conselho é um passo essencial para integrar esforços e criar uma governança que promova a sustentabilidade e a proteção climática em São Paulo.”

A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, reforçou o papel do CEMC como articulador entre diferentes setores: “Com uma abordagem coordenada, vamos atuar em áreas estratégicas como restauração ecológica, segurança hídrica e economia de baixo carbono, garantindo que as ações de mitigação e adaptação climática sejam efetivas e inclusivas.”

A cadeira do ICC no conselho reflete a articulação de uma ampla coalizão socioambiental, composta por organizações como Sea Shepherd Brasil, SOS Mata Atlântica, Gaia Social, Instituto Arayara, Iniciativa Verde e Instituto Pacto Sustentabilidade. A advogada ambiental e diretora do ICC, Fernanda Carbonelli, assumiu a responsabilidade de levar as demandas do litoral paulista ao CEMC: “Representar o litoral paulista é uma oportunidade única de garantir que nossas comunidades costeiras sejam ouvidas e que suas necessidades sejam integradas às políticas estaduais. Trabalhar em coalizão fortalece nossa atuação e amplia nosso impacto.”

Anton Altino Schwyter, suplente pela organização Arayara, ressaltou a relevância do trabalho conjunto: “A presença de uma coalizão tão diversa no conselho demonstra o compromisso da sociedade civil em buscar soluções climáticas que beneficiem a todos, especialmente as populações mais vulneráveis.”

Apesar de ser um território altamente vulnerável, o litoral paulista historicamente carece de representação nos espaços de decisão. A tragédia de 2023 na Vila Sahy, que expôs a fragilidade das comunidades costeiras frente às mudanças climáticas, é um exemplo da urgência de ações preventivas. Durante o desastre, o ICC liderou esforços de socorro e recuperação, destacando-se como uma referência na articulação socioambiental.

Fernanda Carbonelli relembrou o impacto da tragédia e a necessidade de avanços: “A tragédia na Vila Sahy foi um alerta de que não podemos mais adiar ações efetivas para proteger nossas comunidades. Nossa atuação no CEMC será pautada pela busca de soluções concretas e inclusivas.”

Um dos projetos de maior impacto do ICC é o Restaura Litoral, que utiliza drones e cápsulas biodegradáveis para reflorestar áreas degradadas na Serra do Mar. O projeto foi premiado internacionalmente e serve como exemplo de como ciência e tecnologia podem transformar a gestão ambiental.

Sobre o projeto, Carbonelli afirmou:.”O Restaura Litoral mostra que inovação e colaboração são essenciais para enfrentarmos os desafios climáticos. Nossa missão é replicar essa abordagem em outras regiões do estado e do país.”

Plano Estadual de Mudanças Climáticas

O CEMC também será responsável por monitorar a implementação do Plano Estadual de Adaptação e Resiliência Climática (PEARC) e do Plano de Ação Climática 2050 (PAC 2050), ambos focados na redução de emissões de gases de efeito estufa e na adaptação das cidades paulistas. De acordo com Natália Resende, o PAC 2050 prevê uma redução de 79% das emissões até 2050, com investimentos em energia limpa, restauração ecológica e economia circular.

Durante o evento, o governo também anunciou iniciativas como o Centro Paulista de Radares e Alertas Meteorológicos (CePRAM), que integrará dados de radares meteorológicos em todo o estado, e o Finaclima-SP, um fundo privado voltado para financiar projetos de mitigação climática e conservação da biodiversidade.

União para o Futuro

A participação do ICC no CEMC é um marco não apenas para o litoral norte, mas para todo o estado de São Paulo. Representando uma coalizão diversa, o instituto se compromete a trabalhar em união com outras entidades e com o governo para construir um futuro mais sustentável. Carbonelli finalizou com um apelo à colaboração:
“Precisamos de união para enfrentar os desafios climáticos. Acreditamos que, juntos, podemos criar soluções que protejam nossas comunidades e preservem nossos ecossistema.

Jornalista Poio Estavski