O Instituto Conservação Costeira (ICC), de São Sebastião, assumiu nesta quarta-feira (22) uma cadeira titular no Conselho Estadual de Mudanças Climáticas (CEMC), representando a sociedade civil em um espaço estratégico para a formulação de políticas públicas. A participação do ICC marca a primeira vez que uma entidade do litoral paulista ocupa essa posição de destaque, trazendo as demandas das comunidades costeiras para o centro das decisões climáticas no estado.
O CEMC, instalado pelo governador Tarcísio de Freitas no Palácio dos Bandeirantes, é um fórum consultivo criado para monitorar a implementação da Política Estadual de Mudanças Climáticas (PEMC). Com uma composição tripartite, o conselho reúne representantes do governo estadual, de municípios e da sociedade civil. O governador destacou a importância da iniciativa para fortalecer a resiliência das cidades frente aos desastres ambientais: “Este conselho é um passo essencial para integrar esforços e criar uma governança que promova a sustentabilidade e a proteção climática em São Paulo.”
A secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, reforçou o papel do CEMC como articulador entre diferentes setores: “Com uma abordagem coordenada, vamos atuar em áreas estratégicas como restauração ecológica, segurança hídrica e economia de baixo carbono, garantindo que as ações de mitigação e adaptação climática sejam efetivas e inclusivas.”
A cadeira do ICC no conselho reflete a articulação de uma ampla coalizão socioambiental, composta por organizações como Sea Shepherd Brasil, SOS Mata Atlântica, Gaia Social, Instituto Arayara, Iniciativa Verde e Instituto Pacto Sustentabilidade. A advogada ambiental e diretora do ICC, Fernanda Carbonelli, assumiu a responsabilidade de levar as demandas do litoral paulista ao CEMC: “Representar o litoral paulista é uma oportunidade única de garantir que nossas comunidades costeiras sejam ouvidas e que suas necessidades sejam integradas às políticas estaduais. Trabalhar em coalizão fortalece nossa atuação e amplia nosso impacto.”
Anton Altino Schwyter, suplente pela organização Arayara, ressaltou a relevância do trabalho conjunto: “A presença de uma coalizão tão diversa no conselho demonstra o compromisso da sociedade civil em buscar soluções climáticas que beneficiem a todos, especialmente as populações mais vulneráveis.”
Apesar de ser um território altamente vulnerável, o litoral paulista historicamente carece de representação nos espaços de decisão. A tragédia de 2023 na Vila Sahy, que expôs a fragilidade das comunidades costeiras frente às mudanças climáticas, é um exemplo da urgência de ações preventivas. Durante o desastre, o ICC liderou esforços de socorro e recuperação, destacando-se como uma referência na articulação socioambiental.
Fernanda Carbonelli relembrou o impacto da tragédia e a necessidade de avanços: “A tragédia na Vila Sahy foi um alerta de que não podemos mais adiar ações efetivas para proteger nossas comunidades. Nossa atuação no CEMC será pautada pela busca de soluções concretas e inclusivas.”
Um dos projetos de maior impacto do ICC é o Restaura Litoral, que utiliza drones e cápsulas biodegradáveis para reflorestar áreas degradadas na Serra do Mar. O projeto foi premiado internacionalmente e serve como exemplo de como ciência e tecnologia podem transformar a gestão ambiental.
Sobre o projeto, Carbonelli afirmou:.”O Restaura Litoral mostra que inovação e colaboração são essenciais para enfrentarmos os desafios climáticos. Nossa missão é replicar essa abordagem em outras regiões do estado e do país.”
Plano Estadual de Mudanças Climáticas
O CEMC também será responsável por monitorar a implementação do Plano Estadual de Adaptação e Resiliência Climática (PEARC) e do Plano de Ação Climática 2050 (PAC 2050), ambos focados na redução de emissões de gases de efeito estufa e na adaptação das cidades paulistas. De acordo com Natália Resende, o PAC 2050 prevê uma redução de 79% das emissões até 2050, com investimentos em energia limpa, restauração ecológica e economia circular.
Durante o evento, o governo também anunciou iniciativas como o Centro Paulista de Radares e Alertas Meteorológicos (CePRAM), que integrará dados de radares meteorológicos em todo o estado, e o Finaclima-SP, um fundo privado voltado para financiar projetos de mitigação climática e conservação da biodiversidade.
União para o Futuro
A participação do ICC no CEMC é um marco não apenas para o litoral norte, mas para todo o estado de São Paulo. Representando uma coalizão diversa, o instituto se compromete a trabalhar em união com outras entidades e com o governo para construir um futuro mais sustentável. Carbonelli finalizou com um apelo à colaboração:
“Precisamos de união para enfrentar os desafios climáticos. Acreditamos que, juntos, podemos criar soluções que protejam nossas comunidades e preservem nossos ecossistema.
Jornalista Poio Estavski