Pesquisadores do IO(Instituto Oceanográfico, da USP(Universidade de São Paulo, iniciará uma expedição para estudar os impactos da poluição global e das mudanças climáticas no Oceano Atlântico Sul.

Um grupo de 19 pesquisadores brasileiros e estrangeiros iniciam a expedição no próximo dia 14, à bordo do navio oceanográfico Alpha Crucis.  A pesquisa Samba integra o projeto Samoc(South Atlantic Meridional), iniciado em 2011.

A expedição é financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e conta com o apoio da Marinha do Brasil, da Capitania dos Portos de São Paulo e da Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp, a Autoridade Portuária de Santos).

Os pesquisadores vão permanecer em alto mar num trecho do oceano entre Brasil, Argentina e Uruguai para medir correntes marítimas e temperaturas, usando telemetria, imagens de satélite, equipamentos de fundeio – são lançados no mar e recuperados no ano seguinte –, analisando os dados a mais de 4 mil metros de profundidade para avaliar a circulação profunda.

Além da circulação da água, serão observados o oxigênio, os nutrientes, propriedades química e o carbono. A obtenção destes dados no mesmo lugar permite analisar os efeitos do impacto global sobre a economia azul (que reúne as atividades relacionadas aos oceanos e a seus recursos), impactos na área costeira e atividade portuária, como a presença de ventos extremos, ressacas e aumento do nível do mar. Os pesquisadores retornam no dia 28 de junho.

Pesquisas feitas na expedição de 2018 pelo IO

SAMOC

O Programa SAMOC (South Atlantic Meridional Overturning Circulation) é uma iniciativa internacional cujo objetivo geral é entender e observar trocas interoceânicas e o transporte meridional de massa e calor através de uma seção transversal ao longo de 34.5S, no Atlântico Sul. O programa geral do SAMOC requer a observação das Correntes de Contorno, próximas ao talude continental da América do Sul e da África.

As expedições feitas pelo IO é parte da contribuição brasileira, através de projeto homônimo (SAMOC), coordenado pelo Instituto Oceanográfico da USP e financiado pela FAPESP. Nas expedições anteriores os pesquisadores contaram também com a colaboração dos Projetos SAM (NOAA), INCLINE (USP/NAP), INCT-Mar-COI, INCT-MC (CNPq) e SACC-CRN3 (IAI), que forneceram recursos complementares e permitiram a participação de cientistas do Laboratório Oceanográfico e Meteorológico (AOML) da National Oceanographic and Atmospheric Administration (NOAA), dos EUA, da Universidade de Buenos Aires, Argentina, da Unversidade Federal do Rio Grande (FURG) e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).

Alpha Crucis

Inaugurado no dia 30 de maio de 2012, a principal embarcação de pesquisa oceanográfica do país leva o nome da estrela mais brilhante da constelação do Cruzeiro do Sul. A estrela ainda representa o estado de São Paulo na bandeira do Brasil.

O Alpha Crucis foi adquirido através do Programa de Equipamentos Multiusuários (EMU), uma das modalidades do Programa de Apoio à Infraestrutura de Pesquisa no Estado de São Paulo, mantido pela FAPESP desde 1995.

Com 64 metros de comprimento e 11 metros de largura, o navio opera com uma tripulação de 19 pessoas e 21 pesquisadores e tem capacidade para deslocar 972 toneladas. Além disso, está equipado com instrumentos de pesquisa e de navegação de ponta.

A autonomia (até 70 dias) permite viagens transoceânicas, o que é um salto em relação a seu antecessor, o navio Professor W. Besnard, cuja autonomia era de 15 dias. O navio W. Besnard foi desativado e encontra-se no porto de Santos. A prefeitura de Ilhabela teria manifestado interesse em afundá-lo em sua costa para transformá-lo em atração para mergulhadores, mas o processo teria sido cancelado.

O navio Alpha Crucis de concepção moderna e equipamentos de última geração é dotado de dois motores e um sistema que permite mantê-lo parado em alto-mar, propiciando estudos mais acurados sobre o ambiente marinho.