As prefeituras de São Sebastião e Ilhabela cobram melhor organização dos bloqueios, já que a situação atual acaba prejudicando o transporte desses pacientes
Por Gustavo Nascimento, de São Sebastião
Sem um hospital referência para atendimento de alta complexidade no Litoral Norte, todos os dias pacientes da região, que necessitam de cuidados médicos não oferecidos pela rede local, precisam se deslocar para outras cidades. O que já não é uma tarefa fácil, tem se tornado ainda pior quando o percurso precisa ser feito pela rodovia dos Tamoios que, em obras, tem realizado constantes bloqueios, sem o tempo hábil para reorganizar a agenda desses pacientes.
Mensalmente, centenas de moradores se dirigem aos hospitais do Vale do Paraíba, Grande São Paulo e Capital para buscar especialidades como oncologia, neurologia, neurocirurgia cabeça/pescoço, cateterismo, angio, ressonância, trauma, entre outras.
No entanto, para chegar até os hospitais referência, é preciso percorrer a rodovia dos Tamoios, que passa por bloqueios e interdições totais nas pistas, tanto pela madrugada quanto no período da tarde, entre segunda e sexta-feira.
O problema se agrava quando as operações são adiadas ou canceladas em cima da hora, o que tem sido bastante comum. Os setores de frota das secretarias de Saúde dos municípios do Litoral Norte precisam alterar a logística do transporte de pacientes para gerar o menor desconforto ao público atendido.
Em São Sebastião, por exemplo, a prefeitura por meio da assessoria de imprensa informou que a série de interdições na Tamoios tem prejudicado a logística de transportes.
Do município são transportadas diariamente 70 pessoas. Segundo informou, a concessionária não faz nenhum comunicado formal à administração, o que dificulta o remanejamento dos veículos agendados para levar os pacientes.
“Por inúmeras vezes, a falta de informação da concessionária faz com que os pacientes – os maiores prejudicados com esta situação – tenham de ficar aguardando a liberação das pistas no meio da estrada, tendo em vista que em determinados trechos (como o de planalto recentemente duplicado) não há opções de retorno e muito menos postos de serviço com infraestrutura para que as pessoas possam aguardar em segurança, até que a estrada volte a funcionar normalmente”, destacou trecho da nota enviada pela prefeitura.
Ilhabela confirmou que também não é avisada com antecedência pela concessionária sobre as operações de bloqueio e seus eventuais cancelamentos e adiamentos de operações. A administração informou que as interrupções são avisadas pelos próprios motoristas da prefeitura que estão viajando e ficam sabendo das operações por meio de faixas e informativos na rodovia, muitas vezes na noite que antecede a viagem. Mesmo assim, ambulâncias e carros já ficaram parados na estrada aguardando liberação.
“Para que não se perca as marcações de consultas/exames, efetuamos as correções dos horários junto aos pacientes (via fone), pois uma consulta de média/alta complexidade nas referências SUS é de difícil acesso. Temos duas opções de locomoção: Mogi Bertioga (adiantamos a saída mais ou menos em 2h30) ou Rodovia Oswaldo Cruz (adiantamos as saídas mais ou menos em 3h)”, destacou a Prefeitura em nota.
Somente em maio deste ano, o arquipélago efetuou 181 viagens em um total de 707 pacientes transportados para as unidades de referência fora do litoral. Além da logística da estrada, a secretaria de Saúde ainda fica alerta aos horários da travessia de balsas que, dependendo das condições, pode tornar as viagens ainda mais longas.
Já Caraguatatuba transporta 120 pacientes com acompanhante para diversas especialidades. No entanto, a prefeitura afirmou em nota que é comunicada pela Concessionária Tamoios sobre as operações de bloqueio com antecedência de dois a três dias.
Quando há operações ou alterações no cronograma de interdições, as saídas são antecipadas para os veículos não ficarem parados na estrada. Por meio da Assessoria de Imprensa, a Prefeitura de Caraguatatuba disse que não acredita que falta comunicação e organização nos avisos da concessionária responsável pela rodovia dos Tamoios.
“Houve paradas rápidas com os carros e vans e não houve prejuízo no atendimento dos pacientes. Os veículos da saúde são cadastrados previamente na concessionária que autoriza a passagem, sempre que possível, durante as operações de bloqueio da pista”, afirmou trecho da nota.
A Prefeitura de Ubatuba foi procurada pela reportagem para comentar o assunto, mas não retornou até o fechamento. A Concessionária Tamoios também não enviou, até o fechamento da reportagem, seu posicionamento oficial sobre o assunto.