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Iraclis e Fotis: a Grécia em São Sebastião

Tamoios News
Ronaldo Kotscho
Ronaldo Kotscho

Os irmãos Fotis e Iraclis

Os pais de Iraclis e Fotis desembarcaram no Brasil em meados dos anos 50, fugindo da Europa assolada pela Guerra

Por Ronaldo Kotscho

Desde o início da guerra civil na Síria e da multiplicação de conflitos no Oriente Médio e no Norte da África, o governo brasileiro tem oferecido visto humanitário aos refugiados, que já passam de 8,4 mil.

E não é de hoje que o Brasil acolhe os imigrantes que, por vários motivos, abandonam sua pátria para em nosso solo constituir uma nova fase de suas vidas.

Aqui chegaram, no final da época da escravidão, para substituir os negros na lida das fazendas de cana de açúcar; depois vieram fugidos da primeira e da segunda guerra mundial.

Muitos personagens imigrantes habitam o nosso Litoral Norte, mas para contar uma bela história escolhi os irmãos Iraclis e Fotis, caiçaras de São Sebastião, filhos de imigrantes gregos da Ilha de Rodes.

Após os conflitos mundiais, a Europa se tornou uma região com poucas ofertas de emprego e a sua economia andava em uma fase negra.Os pais dos nossos personagens se ocupavam, na Grécia, do comércio e fabricação de produtos artesanais para turistas. Com a recessão europeia no pós-guerra, resolveram abandonar tudo e rumaram para o Brasil.

Panayotis Kastritseas e sua esposa Vassiliki chegaram de navio ao nosso litoral em 1956 e logo se estabeleceram no comércio de produtos artesanais para turistas, sendo a mesma atividade que exerciam em solo grego.

Logo após a chegada do casal, nasceu Iraclis, hoje com 53 anos, e quatro anos mais tarde nasceu Fortis. Ambos ajudaram os pais no comércio aqui no litoral.

Depois de 15 anos em solo brasileiro tiveram que retornar à Grécia e à Ilha de Rodes, mas Iraclis e Fotis, por serem brasileiros, sentiram saudades e retornaram ao Brasil e a São Sebastião.

No retorno à Grécia, alimentaram um sonho de abrir um restaurante grego na nossa região e convidaram um amigo chef de cozinha grego para vir com eles. Assim nasceu o primeiro restaurante grego em terras caiçaras do Litoral Norte, o Athenas.

No início, quem passava pela Rua da Praia achava estranho aquele restaurante grego em terras caiçaras. Comidas como o Mussaká (um gratinado de muçarela, berinjela e carne moída) e outros pratos típicos da Grécia, eram estranhos ao paladar da gente da região.

O restaurante tinha, como tem até hoje, outros pratos que agradavam a todos os paladares. A dupla Iraclis e Fotis oferecia amostras da comida grega e aos poucos a clientela começou a conhecer e a gostar daqueles pratos.

O restaurante não sobrevive apenas com os moradores locais, e sim com os turistas que vêm em grande número no verão e os membros das tripulações da marinha mercante que na maioria são de descendência grega e comparecem em bom número para matar a saudade da terrinha.

Os dois irmãos estão felizes aqui no Brasil e não pensam mais em retornar para morar na Grécia. Conhecedores de turismo como ninguém, pois sempre trabalharam com turistas, têm uma sugestão a dar aos nossos governantes: “Penso que a construção de uma marina nas águas que banham a Rua da Praia seria algo bastante vantajoso para o turismo, já que muitas embarcações de turistas poderiam atracar nele chegando de outras localidades, como Ilhabela e até mesmo dos grandes navios de turismo que todos os anos chegam ao nosso canal”, comentou o irmão mais velho Iraclis.

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