Nesta edição, estamos publicando o ranking das cinco praias mais poluídas do Litoral Norte entre janeiro e junho(até o dia 16). Nos últimos anos, a praia do Itaguá, em Ubatuba, sempre liderou o ranking, mas neste ano, pelos menos nos seis primeiros meses do ano, tivemos uma surpresa: a praia do Itaquanduba, em Ilhabela, lidera a classificação. A Itaquanduba esteve poluída nas primeiras 24 semanas de 2019
Por Salim Burihan
Os municípios do Litoral Norte convivem com o aumento no número de praias impróprias em plena baixa temporada. A falta de saneamento e as chuvas são os grandes vilões, conforme informamos no domingo passado. Sem obras de esgoto, a tendência é que o número de praias impróprias deve crescer cada vez mais. Caraguá e São Sebastião já fecharam acordo com a Sabesp para ampliação de seus sistema de captação e tratamento. Ilhabela e Ubatuba ainda negociam.
É preciso agilizar as obras de esgoto na região
Chama a atenção o crescimento da poluição em praias como Maresias, cartão postal de São Sebastião; Lázaro, em Ubatuba; e, Massaguaçu, em Caraguá, praia que já foi considerada a de melhor qualidade em toda a região. Outra situação que chama a atenção é a da Barequeçaba, praia que tem tratamento de esgoto, mas está poluída há três semanas, devido a presença de esgoto.
As praias são os maiores atrativos da região. Por isso, devem ser preservadas. É complicado imaginar, que Ilhabela, uma das cidades mais belas e ricas do país- orçamento de R$ 1 bilhão, gasta mais dinheiro em shows, que em saneamento básico. Ilhabela é conhecida no mundo inteiro e em suas águas acontece um dos eventos náuticos mais importantes da América do Sul- a Semana Internacional de Vela de Ilhabela, que ocorre em julho. No ranking, das cinco praias mais poluídas na região, Ilhabela tem três praias: Itaquanduba, Itaguaçu e Viana
Vejam: das 19 praias monitoradas da ilha, pela terceira vez consecutiva 17 estão impróprias para banho. A praia de Itaquanduba, por sinal, é a praia mais poluída do Litoral Norte, no ranking que publicamos nesta edição. A praia esteve poluída em todas as 24 semanas do ano, ou seja, de janeiro até o último dia 16 de junho, segundo a Cetesb.
Confira o ranking das praias mais poluídas entre janeiro a junho deste ano
1º lugar: Itaquanduba, em Ilhabela, poluída em 24 das 24 semanas deste ano
2 º lugar: Itaguá, em Ubatuba, poluída em 22 das 24 semanas do ano
3º lugar: Indaiá, em Caraguá, imprópria em 20 das 24 semanas do ano
4º lugar: Itaguaçu, em Ilhabela; Perequê-Mirim, em Ubatuba; e Porto Grande, em São Sebastião, poluídas em 18 das 24 semanas
5º lugar: Viana, em Ilhabela e Arrastão, em, São Sebastião, impróprias em 16 das 24 semanas
Esgoto lançado no rio complica a poluição na praia do Itaguá, em Ubatuba, a segunda mais poluída na região
Veja quais são as praias mais poluída em cada cidade
Ubatuba: Itaguá(22 semanas) e Perequê-Mirim(18 semanas)
Caraguá: Indaiá(20 semanas) e Prainha( nove semanas)
São Sebastião: Porto Grande(18 semanas) e Arrastão(16 semanas)
Ilhabela: Itaquanduba( 24 semanas), Itaguaçu(18 semanas) e Viana(16 semanas)
Poluição
O fato de ter um número elevado de praias impróprias em pleno inverno e período de baixa movimentação turística- das 90 monitoradas, semanalmente pela Cetesb, 33 estão poluídas, chama a atenção. Tradicionalmente, a poluição cresce após grande concentração de turistas, quando os sistemas de esgotamento sanitário não são suficientes para atender a demanda. A região conta com apenas 52% de seus domicílios atendidos pela coleta de esgoto. A situação fica mais complicada na temporada, quando a população chega a aumentar em até cinco vezes. Consultamos a Cetesb, recentemente, sobre o aumento de praias poluídas na baixa temporada. Veja a resposta:
A alteração na balneabilidade das praias ocorre em razão das chuvas e da poluição. Em maio houve registro de 77 mm de chuva entre os dias 17 a 19. Já em 1º e 2 de junho foram computados 53mm. Com a chuva, o lixo descartado nas ruas é carregado para as praias. As ocupações e o despejo irregular de esgoto também contribuem para que o mar seja considerado impróprio. Sobre o trabalho de monitoramento da balneabilidade das praias, a CETESB avalia a qualidade conforme critérios estabelecidos no Art. 1º da Resolução Conama nº 274/00. É avaliada a concentração de bactérias fecais (enterococos) presentes na água. São essas concentrações que definem se a praia está própria ou imprópria para banho.
Monitoramento
A Cetesb monitora as praias do Litoral Norte desde a década de 70. Na região, são monitorados 97 pontos em 90 praias. Algumas praias, como Maresias e Massaguaçu, por exemplo, a coleta semanal é feita em dois pontos. Essas amostras são enviadas aos laboratórios da Cetesb, onde são realizadas as análises microbiológicas que determinam a densidade de bactérias fecais presentes na água. A avaliação da balneabilidade das praias utiliza critérios objetivos, baseados em indicadores microbiológicos que são monitorados. Os valores desses indicadores são comparados aos padrões pré-estabelecidos, para que se possa identificar se a qualidade das águas está favorável ou não, ao banho de mar. A Cetesb não avalia outros tipos de poluição como por exemplo, de metais pesados ou agrotóxicos presentes na água do mar.
Riscos
Banhista deve evitar nadar em praia sinalizada com bandeira Vermelha pela Cetesb devido ao risco de contrair doenças
Segundo a Cetesb, cursos de água contaminados por esgotos domésticos, ao atingirem as águas das praias, podem expor os banhistas a bactérias, vírus e protozoários. Estes microrganismos são responsáveis pela transmissão, aos banhistas, de doenças de veiculação hídrica tais como: gastroenterite, hepatite A, cólera, febre tifóide, entre outras.
A Cetesb destaca ainda que do ponto de vista de saúde pública, é importante considerar não apenas a possibilidade da transmissão dessas doenças, mas também, a presença de organismos patogênicos oportunistas, responsáveis por dermatoses e outras doenças, como conjuntivite, otite e doenças das vias respiratórias. A doença mais comum associada à água poluída por esgotos é a gastroenterite. Essa doença ocorre numa grande variedade de formas e pode apresentar um ou mais dos seguintes sintomas: enjôo, vômitos, dores de estômago, diarréia, dor de cabeça e febre.
Outras manifestações menos graves incluem infecções dos olhos, ouvidos, nariz e garganta. O fato da praia estar imprópria não significa que todas as pessoas que se banharem no local irão contrair alguma dessas doenças. Isso depende das condições imunológicas de cada um e do tipo de exposição de cada um ( se fica muito tempo na água, se mergulha a cabeça, se engole água ) A impropriedade significa que existe o risco de se contrair tais doenças. Nesse sentido recomenda-se que se EVITE:- Banhar-se em água do mar consideradas impróprias: – Tomar banho de mar após chuvas muito intensas – Banhar-se em canais córregos ou rios que deságuam no mar – Engolir água do mar.
