
Atleta conquistou títulos no Brasil e o direito de participar da disputa europeia
O esportista já ganhou o campeonato regional, paulista, estadual, e conseguiu chegar até as quartas de final da competição European IBJJF Open Championship 2016
Por Raell Nunes, de Ubatuba
O jovem lutador de jiu-jítsu, Tiago Cardoso Arabe, 22, disputou o campeonato europeu IBJJF Open Championship 2016, em Lisboa, Portugal. O lutador acabou parando nas quartas de final da categoria faixa azul, peso pena, até 70kg.
O caiçara já disputou o campeonato mundial, o brasileiro e Argentina open. Conseguiu consagrar-se campeão no regional, paulista e estadual.
Tiago mora no bairro Samambaia e qualifica-se com a equipe União Paulista, com seus treinadores Osieo Hecher e Diego Rodrigues. Ele foi à Lisboa sozinho, mas obteve a ajuda de patrocinadores.
O lutador chegou semana passada ao país que colonizou o Brasil, onde permaneceu até o último domingo (24). A equipe do Tamoios News entrou em contato com o esportista para uma entrevista exclusiva.
Tamoios News (TN) – Quando que você percebeu que tinha vocação para ser lutador de jiu-jítsu?
Tiago Arabe (TA) – Conheci o jiu-jítsu quando tinha 12 anos e cheguei a treinar um bom tempo, mas depois parei. Pratiquei outros esportes, sempre fui ligado a atividades físicas. Quando completei 18 anos um amigo, Charles Pereira, insistiu para que eu voltasse a treinar. Acabei pegando mais gosto e dediquei-me muito mais. Comecei a competir frequentemente e as oportunidades foram aparecendo.
TN – Como você conseguiu participar de um campeonato europeu e qual foi a sensação?
TA – Disputar o Europeu da IBJJF sempre foi um sonho. Até então, só acompanhava por fotos e vídeos pela internet e, de tanto se informar, comecei a acreditar e correr atrás. Estar lá foi uma das melhores sensações. Ainda não sei como descrever, a ficha ainda não caiu.
TN – Você parou nas quartas de final, está decepcionado? Acha que poderia ir mais longe?
TA – Estou arrasado pelo meu desempenho. Treinei muito para este campeonato, não podia ter dado bobeira. Foi um erro fatal e ao mesmo tempo bobo. Entretanto, não posso tirar o mérito do meu adversário, que estava bem preparado. Se eu não cometesse erros nessa luta, poderia ter sido campeão.
TN – Qual é a diferença entre os atletas do Brasil, e de Ubatuba, para com os europeus?
TA – O jiu-jítsu brasileiro é o melhor, os atletas têm mais raça. Em todos os campeonatos que participei, os brasileiros se destacavam. No entanto, os melhores campeonatos são para fora do país, infelizmente. No Brasil tem muitos atletas talentosos e, em Ubatuba também. O problema mesmo é a falta de recursos financeiros, patrocínios.
TN – A sua rotina de treinos deve ser intensa, fale um pouco dela.
TA – Treino todos os dias. Agora, na segunda-feira, quarta e sexta, eu pego pesado de manhã, à tarde e à noite. Quando chega a época de competições, eu faço minha preparação física, com treinamento funcional e sempre corro para dar um gás.
TN – Quais são as maiores dificuldades para um lutador caiçara?
TA – É muito complicado para quem está começando no esporte. Quem quer ser um grande nome no jiu-jítsu tem que, no mínimo, de um apoio. Muitas empresas têm condições de ajudar, mas não ajudam, porque pensam que não terão retorno. Graças a Deus sempre tive suporte para estar em grandes competições, como esta na Europa.
TN – Você é um lutador jovem, o que pensa para o futuro?
TA – Penso em competir o máximo que eu puder. Quero conquistar muitos títulos, aproveitar a boa fase para progredir meu jiu-jítsu. Tenho um sonho, o de ser campeão mundial. Quero trabalhar duro com a minha equipe, sou apenas um faixa azul ainda. Que Deus me abençoe e me dê sucesso para orgulhar minha equipe e minha família.
TN – Está com saudade de Ubatuba?
TA – Com certeza. Estou aqui por causa da minha família, acredite, é muito ruim estar sozinho. É um pouco triste ver os pais, treinadores, reunidos num ginásio lindo e o meu pessoal longe. Mas sei que eles torcem por mim. Repito, estou aqui por causa deles. Não vejo a hora de estar em casa. Realizei um sonho vindo aqui e conhecendo outro país, mas não há lugar melhor que a nossa terra.