Representantes de várias religiões falaram sobre a importância do respeito inter-religioso
A ETEC de Caraguatatuba promoveu na manhã desta segunda-feira (30), o 1º Fórum de Liberdade Religiosa. A iniciativa reuniu representantes de várias religiões para falar sobre a importância da união para o bem-estar da comunidade. Centenas de estudantes acompanharam a mesa redonda e puderam esclarecer dúvidas sobre o tema.
O evento foi realizado a partir da proposta da aluna Hérica Gabriel da Silva, dentro do projeto de ética, desenvolvido pela orientadora educacional Vanda Cristina das Neves e mediada pelo professor Paulo Alexandre dos Santos. Hérica conta que a ideia de promover o fórum surgiu como um meio de fazer a diferença de alguma forma na vida dos jovens estudantes.
“Um dia a Madre Teresa afirmou que seu trabalho representava apenas uma gota no oceano, mas ela continuava fazendo-o, porque sem ele o oceano seria menor. Minhas crenças e valores são o que tenho de mais precioso, por isso, queria fazer algo na escola que contribuísse na vida das pessoas. Sou grata por uma simples ideia ter se transformado num evento como este”, explicou a jovem de 17 anos, que frequenta A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias.
Adriene Norma Viviani Oliveira, diretora da ETEC, falou que o propósito do bate papo era trazer engrandecimento aos estudantes. “Espero que seja o primeiro de outros fóruns. Que todos os alunos tenham condições de refletir sobre esse tema e entendam que, acreditando ou não em algo, têm o direito da liberdade religiosa garantido”, disse.
O aluno do 3º ano do ensino médio, Matheus Cordeiro, gostou bastante da iniciativa. “Foi muito saudável todo o debate. Não ocorreram brigas entre as diferentes religiões e ainda pudemos ter esclarecimentos sobre vários assuntos”, afirmou.
Diferentes religiões: um propósito em comum
Os integrantes da mesa, apesar de integrarem diferentes religiões, mantiveram o consenso sobre a necessidade do respeito pelas diferenças de credo e como isso pode fazer a diferença na sociedade.
Para Nanci Aparecida da Silva Souza, representante da Casa Espírita Amor e Caridade, a preocupação com o próximo e a busca da melhora do coletivo trazem mais benefícios para a comunidade. “Vivemos melhor quando pensamos no bem estar espiritual e trabalhamos em prol da vida em sociedade”.
Já o pastor José Olímpio Leal Souza, da Igreja Evangélica Cristo é Poder, considerou o tema do encontro bastante sugestivo, pois é uma área que precisa de atenção, num mundo de conflitos religiosos. Ele citou os casos extremos onde pessoas morrem por conta de ataques terroristas que muitos realizam em nome de Deus.
Representante da Tenda de Umbanda Ogum Matinata, Amador Marcondes foi mais enfático ao relatar os problemas de intolerância, que têm sido muito comum, principalmente entre as religiões afrodescendentes. Ele afirmou a importância dos jovens conhecerem tais dados, para refletirem sobre a gravidade do tema.
“Falam que vivemos numa sociedade pacífica, mas a verdade é outra. Nossa sociedade é intolerante, racista, machista, onde o centro do pensar é egocêntrico. Estamos tendo muitos casos de terreiros invadidos e incendiados, de pessoas perseguidas, desrespeitadas. Por isso precisamos pensar juntos para encontrar caminhos para as mudanças reais”, afirmou.
Ricardo Hiar, diretor de assuntos públicos no litoral norte d’A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias mostrou uma estatística de 2013, que aponta o Brasil como o país que ocupa o primeiro lugar no ranking de liberdade religiosa.
“Apesar de sermos o país com maior liberdade, ainda temos muitos problemas relacionados a essa temática. É preciso que as pessoas pratiquem mais o amor ao próximo e o respeito, pois é direito de cada um adorar e acreditar no que quiser. Essa mudança precisa começar por cada indivíduo, por cada comunidade. Só o diálogo e o respeito poderão mudar esse panorama. É preciso que os diferentes grupos religiosos se unam pelo bem comum”, disse.
Representando a igreja católica, o padre Alessandro Henrique Coelho, falou que não há outra maneira de fazer e promover a liberdade religiosa, que não seja a consciência, que advém da educação.
“Precisamos ter alguns princípios básicos e tratar desses assuntos, falar de nossas religiões e da liberdade. Se não discutirmos, nossa tendência também será a de atacar pedra, xingar, excluir nossos amigos das outras religiões. Todos nós temos o direito de ter a própria religião, mas além disso, temos o dever de respeitar a religião dos outros”, concluiu.