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Liga das Mulheres pelo Oceano: a proteção do mar sob a ótica e potência feminina

Tamoios News

O que queremos? Coragem, conexão e transformação para um oceano limpo e saudável de forma ética, igualitária e apaixonada. Conheça algumas integrantes do litoral norte

Elas são de vários estados do Brasil e diversos países pelo mundo, têm diferentes profissões, mas o mesmo ideal: preservar o oceano. A Liga das Mulheres pelo Oceano nasceu para promover um oceano mais sustentável, com uma comunicação elaborada e divulgada por mulheres, um movimento em rede que potencializa ações e ideias sob a ótica e a potência feminina. 

O grupo surgiu em 8 de março de 2019, a partir da iniciativa de três mulheres: a fotógrafa Barbara Veiga, a pesquisadora da UNIFESP Leandra Gonçalves e a jornalista ambiental Paulina Chamorro e nessa data, mais de 30 mulheres juntas compartilharam um sonho: construir um movimento pelo oceano. Hoje com o mesmo ideal de promover um oceano sustentável, já são mais de 2,5 mil mulheres, entre fundadoras, secretaria executiva, conselho consultivo, conselho executivo, participantes e apoiadoras. “Junto com Barbara Veiga e Paulina, fundamos o movimento, junto com mais 30 mulheres para destacar o papel da mulher no oceano”, conta Leandra Gonçalves, de Santos, professora da UNIFESP. 

A paixão pelo mar as uniu e o movimento age por meio de projetos, ações e movimentos contra o aquecimento do oceano, as consequências das mudanças climáticas, a superexploração dos recursos marinhos, a poluição dos mares por lixo plástico e falta de saneamento.

Desde que nasceu já foram realizadas duas campanhas digitais: ‘Nossa Praia, Nossa Responsabilidade’, referente ao desastre ambiental de vazamento de óleo no nordeste e ‘A Gente Liga para o Oceano’ reunindo 47 atletas de todo o Brasil, fazendo um alerta quanto à poluição marinha. Também contribuíram no Prêmio Marta Vannucci para Mulheres na Ciência do Oceano, uma iniciativa da UNESCO para Sustentabilidade do Oceano, ligada ao Instituto Oceanográfico (IO) e ao Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo.

Conversamos com algumas mulheres que vivem na região e integram a Liga; Kelen Luciana Leite do ICMBio Alcatrazes, Berenice Maria Gomes da Silva, do  Projeto Tamar/Instituto Argonauta/Aquário de Ubatuba e Paulina Chamorro, jornalista e integrante da Liga desde a sua fundação.

“A Liga é um movimento coletivo, várias mulheres de frentes de ação, profissões e vocações diferentes, mas com o mesmo propósito, que é olhar para o mar e o oceano e trabalhar em ações coletivas que possam conservá-lo, preserva-lo, protege-lo e defende-lo”, conta Paulina Chamorro, jornalista, especialista em temas socioambientais, que atualmente mora na Ilhabela.  

Ela conta que o grupo teve início um pouco antes da pandemia e seguiu com ações virtuais, trabalhando fortemente com campanhas correlacionando o oceano com clima e poluição. “A gente entende que a Liga é um farol que pode dar luz a iniciativas de cada uma e que juntas somos mais fortes, um olhar coletivo, uma onda, a ótica das mulheres é muito importante. 

Hora de sermos protagonistas das histórias e é esse sentimento que nos move na Liga. São jornalistas, artistas, fotógrafas, gestoras de áreas, pesquisadoras, executoras de projetos de conservação, jovens estudantes, uma mistura tão bonita por um propósito só fortalece individualmente e como grupo”, aponta a jornalista. 

Kelen Luciana Leite é analista ambiental e chefe do ICMBio Alcatrazes desde 2010, participou do processo de estruturação da unidade, coordenou a elaboração do plano de manejo da Estação Ecológica Tupinambás e participou da instrução técnica e negociação para criação do Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes. Em 2018, Alcatrazes foi aberto à visitação pública, atendendo um grande anseio da sociedade local. “Quando houve a criação da Liga e fui convidada para compor o primeiro conselho, recebi o convite com muita honra. Sempre senti falta de um espaço de diálogo para as mulheres do mar. As mulheres vêm conquistando importantes espaços na pesquisa, na gestão e no estabelecimento de políticas públicas marinhas. A Liga das Mulheres pelo Oceano é um espaço de valorização, discussão de temas relevantes e apoio mútuo das mulheres que trabalham ou identificam-se com o mar, do qual tenho muito orgulho de participar”. 

Segunda conta, no litoral norte as mulheres têm presença marcante no mar em diferentes profissões, mas ainda são minoria e enfrentam desafios no trabalho embarcado e a Liga acaba sendo um espaço de acolhimento e de luz a esses desafios. “Aproveito para parabenizar as gestoras públicas, empresárias, condutoras, analistas e agentes ambientais, pesquisadoras, policiais e tantas outras que trabalham para que o nosso mar seja melhor! Um parabéns especial às mulheres da minha equipe!”.

Berenice Maria Gomes da Silva é oceanógrafa, coordenadora regional da Fundação Projeto Tamar em São Paulo, fundadora e vice-presidente do Instituto Argonauta para Conservação Marinha e fundadora e sócia do Aquário de Ubatuba.

“Acho sensacional a Liga, essa conservação do oceano por meio da mobilização, campanhas, potencializando ações que já existem, com uma proposta de coragem, conexão e transformação por um oceano limpo e saudável e tudo isso feito sob a ótica feminina, e com paixão. Sinto-me muito honrada de ter sido convidada a participar deste grupo, que começou pequeno, com mulheres visionárias que sentiram que a mulher, com toda vida e paixão que carrega para fazer todas as coisas, que esse movimento poderia ser transformador. O que começou pequeno, hoje tem mais de 2 mil”, enfatiza.

“A grande importância, inclusive para nossa região, é justamente a conexão e tentar transformar tudo o que nos indigna, que sabemos que é necessário. A vida do ser humano depende de um oceano limpo e saudável e temos que transformar tudo que é conhecimento em atitude, em transformação e mudança de hábito. Quem mora no litoral norte de São Paulo tem muita informação quanto a saneamento básico, sobrepesca e já estamos sentindo a influência de mudanças climáticas, aumento de nível do mar. Vivendo no litoral dá para entender o que é poluição por plástico, não precisa ser um cientista nem pesquisador. A grande importância da Liga é ter essas mulheres de diferentes perfis e lugares, juntas pensando, propondo ações de forma concreta. Que cada uma de nós consiga fazer um pouquinho para termos um oceano limpo, saudável e uma vida melhor para a gente e para quem vem por aí, com paixão e coragem”, finaliza a oceanógrafa.

Quem quiser conhecer mais sobre o Liga das Mulheres pelo Oceano pode acessar www.mulherespelosoceanos.com.br ou pelas redes sociais @ligadasmulherespelooceano 

Texto: Adriana Coutinho/Tamoios News