Baleias

Litoral Norte quer usar experiência do Espírito Santo na exploração turística da avistagem de baleias

Tamoios News
Foto-Júlio Cardoso

A avistagem de baleias no Litoral Norte de São Paulo começa a dar seu primeiros passos para se transformar efetivamente em uma atração turística para a região. A presença das baleias aumentou desde o ano passado e deve crescer ainda mais. Qualificar e capacitar as empresas náuticas para a exploração deste tipo de turismo é realmente fundamental. Isso vem sendo feito com sucesso no Espírito Santo

Por Salim Burihan

Iniciativas dos Projetos Baleia à Vista e Viva Baleias, ambas sediadas em Ilhabela, no sentido de definir normas e regras para uma avistagem mais segura são fundamentais para o crescimento deste tipo de turismo, que pode gerar emprego e renda, garantindo a preservação das espécies.

Júlio Cardoso, do Projeto Baleia à Vista, foi um dos pioneiros no monitoramento e registro das baleias de passagem pelo Litoral Norte, faz essa atividade desde 2004. Cardoso, também, foi um dos primeiros a divulgar as normas de segurança, preocupado com preservação das baleias e de seus observadores.

Foram ações importantes, afinal, muita gente quer ver de perto as baleias que circulam por aqui, mas desconheciam os riscos e as normas, que são bem simples: posicionar a lancha a 100 metros de distância e desligar o motor.

A partir, da divulgação dessas normas de segurança, Júlio Cardoso iniciou um trabalho no sentido de orientar a Dersa e a Petrobras a interromperem ou suspenderem suas operações quando as baleias cruzarem o canal de São Sebastião. A Dersa aderiu a solicitação e interrompe as balsas quando baleias cruzam o canal que separa São Sebastião de Ilhabela.

Outra iniciativa de Cardoso foi estimular as prefeituras de Ilhabela e São Sebastião a capacitarem empresas de turismo náutico para este tipo de turismo, a avistagem de baleias. A prefeitura de São Sebastião foi a primeira a aderir. Na capacitação, os agentes dessas empresas recebem informações sobre as baleias, espécies, rotas migratórias e as normas de segurança.

Para Júlio Cardoso, do Projeto Baleia à Vista, qualificar e capacitar empresas de turismo náutico é fundamental para o crescimento deste tipo de turismo

É isso, estamos ainda no começo, é um trabalho importante e necessário para que o avistamento de baleias e golfinhos se transforme definitivamente num grande atrativo turístico, entre junho e outubro, quando as baleias passam por aqui vindas da Antártica em direção a Abrolhos, no sul da Bahia e no retorno delas.

A avistagem de baleias e golfinho pode se transformar no turismo mais sustentável e rentável para uma região que sempre dependeu, apenas, da praia e dos dias de sol. Em pouco tempo, este tipo de turismo, irá gerar renda e empregos.

Espírito Santo

A temporada de avistamento das baleias Jubarte no Espírito Santo já começou e vai até o mês de outubro. Com embarcações regulamentadas pela Capitania dos Portos e equipes treinadas, os passeios turísticos saem da capital Vitória aos finais de semana e feriados, quando houver condições climáticas favoráveis, e contam com a presença de pesquisadores do Projeto Baleia Jubarte. A expectativa é de que cerca de 25 mil baleias passem pelo litoral capixaba até a segunda quinzena de outubro.

O ministro do turismo, Marcelo Álvaro Antônio, destacou a organização dos serviços náuticos especializados em turismo de avistamento de baleias no Espírito Santo e a importância de a atividade turística ser realizada de forma sustentável. “A contemplação de baleias, além de ser uma experiência riquíssima e um diferencial da oferta turística de Vitória, é capaz de gerar emprego e renda para todos os envolvidos nesse tipo de serviço, fortalecendo a cadeia produtiva que tem se estruturado em torno do turismo de observação de baleias”, disse.

Duas embarcações estão regulamentadas pela Capitania dos Portos e com equipes treinadas para que os passeios aconteçam com segurança para os turistas e as baleias, sempre respeitando o ambiente marinho e a preservação da espécie. As embarcações, com capacidade para 30 e 22 passageiros, partem do Píer Cais do Pescador, na Enseada do Suá. Os passeios duram, em média, cinco horas (ida e volta), com permanência de até trinta minutos para contemplação das baleias.

Famosas pelos seus saltos, as espécies podem ser vistas de 10 a 20 milhas náuticas (entre 20 a 40 quilômetros) de distância da costa da capital capixaba. No momento do embarque, os turistas recebem orientações sobre as normas de avistagem, navegação e segurança. Além das recomendações, é entregue aos passageiros o Guia de Vida Marinha onde mostra, por meio de imagens registradas pela equipe de pesquisa Jubarte – Lab, que além dos cetáceos, baleias e golfinhos, é possível avistar tartarugas e aves marinhas como o albatroz, trinta réis e outras espécies que habitam a costa capixaba.

Durante todo o mês de junho foram realizadas capacitações dos demais profissionais da cadeia produtiva do turismo de Vitória envolvidos com as expedições. O secretário de Estado de Turismo, Dorval Uliana, destacou o protagonismo do Espírito Santo no turismo de observação de baleias. “Trata-se de um grande ativo capaz de gerar emprego e renda para diversos segmentos, fazendo com que a atividade seja bem-sucedida e realizada de forma sustentável social e ambientalmente”, afirmou.

Números – Segundo dados do Observatório do Turismo da Prefeitura de Vitória e do Instituto Ecomares, na temporada de 2018, entre os meses de junho e novembro, 893 turistas, a bordo de 38 expedições, tiveram a oportunidade de observar as baleias que visitaram o litoral capixaba. Durante o período, foram realizadas oito expedições de pesquisa e monitoramento, com média de avistamento de 10 baleias por embarque. Com Geraldo Gurgel e informações da Secretaria de Estado de Turismo do Espírito Santo.