O senador Major Olímpio(PSL) esteve, nesta segunda(25), em Ilhabela. O senador tem casa de veraneio na ilha há mais de 20 anos. A família de sua esposa, Cláudia Regina de Abreu Olímpio Gomes, frequenta a ilha há mais de 80 anos. Sérgio Oliveira Gomes, o Major Olímpio, de 56 anos, tem verdadeira paixão pela ilha, onde adora ficar sem camisa, de chinelos havaiana, de calção, curtindo as praias e belezas da cidade. Ele garante que quando deixar a política irá morar em Ilhabela. Major Olímpio concedeu entrevista exclusiva ao Tamoios News. A entrevista de 36 minutos também pode ser ouvida na íntegra, vale a pena:
Por Salim Burihan
Foi sua primeira visita como senador da República ao arquipélago. Major Olímpio foi durante oito anos deputado estadual e quatro anos, deputado federal, antes de se eleger senador com mais de 9 milhões de votos em 2018. O senador esteve nesta segunda reunido como prefeito da ilha, Márcio Tenório, com a vice, Maria das Graças, secretários e vereadores. Logo após a reunião, Major Olímpio concedeu uma entrevista exclusiva ao Tamoios News.
Na entrevista, entre outros assuntos, falou sobre sua ligação com o Litoral Norte, de Bolsonaro, da Reforma da Previdência, do fim do Fundo Partidário, do que pretende fazer por São Paulo, da saída do ministro Bebianno, da relação dos deputados do PSL com Doria e sobre a situação da Venezuela. Confira:
Ilhabela
Em Ilhabela, sou proprietário de uma casinha no Perequê, há mais de 20 anos, eu comprei a casinha da avó de minha esposa quando ela faleceu, a família frequentava a ilha há mais de 80 anos. Ilhabela para mim é meu paraíso. Sempre que eu posso, geralmente, devido aos compromissos, no natal, ano novo e carnaval é onde eu gosto de estar. Meus filhos frequentam mais. Quando aposentar na política pretendo morar em definitivo na cidade. É meu paraíso…
Saneamento
Estive com o prefeito, vereadores e secretários, me colocando a disposição para atender as demandas do município. Tenho uma facilidade maior com o governo federal, estou no grupo político do presidente Bolsonaro. O que eu puder fazer pelos municípios do estado, especificamente para o Litoral Norte e Ilhabela é mais do que nossa obrigação. Com relação a Ilhabela, já estive com o ministro Ricardo Salles(Meio Ambiente), com o governador João Doria, com a superintendência da Sabesp, para fazer avançar o saneamento básico na ilha. Farei a mesma coisa na área do turismo e da cultura. Estamos num alinhamento muito bom neste momento. Estamos com o governo federal, com o governo do Estado, com a administração da prefeitura alinhados dentro de um propósito para promover o bem estar da população daqui. Política partidária a gente faz no momento das eleições. Passadas as eleições, temos que nos empenhar em ajudar. Se estamos com um problema bastante sério de saneamento, temos que buscar juntos medidas que possam mitigar, minimizar ou acabar com esse problema. Acredito que a partir do dia 22 de março já teremos os contratos das obras necessárias assinadas. Estaremos aqui neste dia, junto com o governador, com o ministro do Meio Ambiente, para dizer “olha, estamos juntos. Nós estamos de mãos dadas”…Meu papel é ser um interlocutor de Ilhabela. Eu tenho obrigação de fazer isso…
Royalties
Existe um projeto em discussão que poderá reduzir o repasse de royalties aos municípios do Litoral Norte. Caso o projeto seja aprovado, os municípios terão uma perda de 70% no repasse dos royalties. O senador também comentou sobre isso:
Na quarta feira, dia 27, estarei acompanhando o prefeito da ilha, numa reunião no Supremo Tribunal Federal(STF), em Brasília, para saber como anda a discussão sobre a partilha de royalties. Um assunto muito importante para Ilhabela e para todos os demais municípios do Litoral Norte. Se Ilhabela perde esse sistema atual de partilha dos royalties, 70% do seu orçamento vai embora(Ilhabela arrecadou em 2018, cerca de R$ 1 bilhão em royalties). Se isso ocorrer vai impactar de uma forma muito forte todos os municípios da região. Eles (os prefeitos) vão estar de joelhos lá no STF e eu vou estar de joelhos junto com eles (os prefeitos) lá…
São Paulo
Indagado sobre o que poderá fazer por São Paulo no senado. Major Olímpio explicou:
São Paulo arrecada 40% dos impostos federais e só retorna para São Paulo 7% disso. São Paulo recolhe mais de R$ 600 bilhões em impostos por ano e recebe de volta R$ 37 bilhões. São Paulo tem 45 milhões de habitantes, recebe gente do Brasil todo e tem seus déficits na saúde, no saneamento, na habitação, na educação… São Paulo tem muita arrecadação, mais precisa receber mais. Essa mania de dizer que o estado de São Paulo é rico, que tem R$ 230 bilhões de orçamento…São Paulo tem também muitas necessidades. Vamos lutar nesse sentido. Solicitar mudança no pacto federativo. O próprio Bolsonaro enfatiza “menos Brasília e mais Brasil”, ou seja, mais recursos para os estados, para os municípios…Isso vai ser uma luta nossa, uma luta muito grande, mas é minha obrigação fazer. Um senador é representante do Estado. Vamos dar ao estado de São Paulo o que é justo, hoje, é injusto. São Paulo é pujante mais tem muitas necessidades…Vou te dar um exemplo, São Paulo tem 40% da população carcerária do país e não recebe há 25 anos qualquer repasse do governo federal para a construção de presídios…
Bolsonaro
As propostas do presidente são mais do que necessárias para que a gente não tenha uma ruptura social e até institucional no Brasil. A reforma da previdência é necessária. Eu, particularmente, achei a proposta muito dura, mas a Câmara e o Senado vão tentar equilibrar as coisas. O pacote de segurança do Moro são medidas, que acredito, serem necessárias. Minha avaliação dos primeiros dois meses de Bolsonaro é muito positiva. A avaliação do mercado econômico também é positiva. Veja: as bolsas vão batendo recordes, o dólar baixando, os negócios aumentando…A expectativa das pessoas é muito positiva…Isso é o que há de melhor. Tem os desajustes, as batidas de cabeça…Está começando uma estrutura… Tem a maioria dos ministros que nunca exerceram cargos de ministros e estão apreendendo ainda. Tem uma boa vontade danada. O governo todo tá dizendo: não vou deixar roubar, não tem toma lá dá cá, não tem me dá meu carguinho que eu voto..Essa é uma mudança conceitual muito grande…
Ministro
Eu defendi que o ministro Bebianno ficasse, mas foi uma decisão do presidente. O cargo é de confiança, quando viu que não era de confiança, tirou…Episódio encerrado…Achei que demorou demais o processo e gerou um desgaste desnecessário para o governo. Não podemos gerar fatores negativos e desnecessários. Temos uma obrigação com a população. A população acreditou no nosso projeto político de fazer uma mudança, de fazer uma limpeza no país…Não podemos deixar que a bateção de cabeça possa interferir ou arranhar a imagem do governo. O ânimo tá muito bom na Câmara e no Senado. Tá num bom caminho…
Fundo partidário
O senador está propondo o fim do fundo partidário, recursos repassados aos partidos políticos. Veja o que o senador alega:
É um absurdo a lei permitir isso com dinheiro público. Se não existisse esse fundo a limpeza na Câmara e no Senado seria maior ainda…Nas próximas eleições serão mais de R$ 2 bilhões para fazer santinhos, para fazer bandeirinhas e cada dirigente partidário mandar dinheiro para quem quer…Tem que haver uma ajuda, pois caso contrário, só milionário vai conseguir se eleger…mas não dá ver a desgraça que estamos na saúde, na educação, na segurança e repassar dinheiro para partidos políticos, para cabo eleitoral e campanha política. Tô querendo mudar isso. Se vou ter apoio? Tem mais gente me xingando, do que dizendo que vai apoiar, mais acredito que a opinião pública, quando tomar conhecimento como funciona o fundo partidário, vai pressionar para acabar com isso…
Assembleia
Temos a maior bancada, com 15 deputados e vamos tentar a presidência. Até recentemente, quem tinha a maior bancada indicava o presidente, na hora que o PSDB perdeu, quis mudar a regra. Vamos colocar a Janaína Paschoal de candidata e vamos falar que queremos mudar, não queremos mais que a assembleia seja um puxadinho do palácio de governo…É um puxadinho mesmo…Fui deputado estadual por oito anos, os deputados votam apenas a Lei de Diretrizes orçamentárias(em julho) e o orçamento em dezembro. O resto do ano é só o que o governador quer. Seja quem for o governador…Acho que tem que mudar isso…A população está pressionando, vamos ver…
Venezuela
Isso causa uma apreensão à todos nós. Temos um problema ali muito grande. Se a Venezuela parar de fornecer energia elétrica ficaremos no escuro em Roraima. Teremos um problema sério no abastecimento de combustível nas cidades da fronteira, como Pacaraima. Lá não existe posto de gasolina, pois na Venezuela, o litro custa dez centavos…Estamos ficando sem abastecimento de combustível por lá…É uma questão de diplomacia. Acho que o governo brasileiro tem que se manter num plano da neutralidade. Nem tanto o que o americano quer. Americano está com a música do Tim Maia, “Me dê motivo!!! Estão doidinho para meter bomba, canhão e tiro lá dentro da Venezuela. O Brasil tem que ficar num ponto de equilíbrio…Não acredito que entraremos em guerra contra a Venezuela. Deus me livre da gente ter um cenário de guerra entre nações, aqui na América do Sul, não é só com relação ao Brasil…Tivemos um episódio lamentável que foi a guerra das Malvinas(Argentina x Inglaterra), extremamente triste, como registro histórico…O sofrimento da população é muito agudo, o Maduro tem que entender que é hora de sair…é muita pobreza…O Brasil tem 16 mil quilômetros de fronteiras, faz fronteira com doze países…Para nós, temos que ter muita cautela nisso…O Brasil também está sofrendo lá….