Não foi Tragédia, foi crime! Com essas palavras a população da Costa Sul de São Sebastião foi convidada a comparecer nesta manhã de sábado, às 9h na praça da Vila Sahy, para participar de uma manifestação pacífica que questiona a culpabilidade do governo diante do ocorrido.
Em 19 de fevereiro, a cidade de São Sebastião enfrentou o maior desastre de sua história, que matou 64 pessoas e deixou centenas de desabrigados. As fortes chuvas de mais de 600 mm, destruíram residências, arrastaram carros e engoliram rodovias, deixando para trás um rastro de destruição que nenhum morador ou turista jamais imaginou presenciar.
Diante de tantas vidas perdidas e tantos prejuízos causados, algumas vozes têm se levantado e questionado, será que tal tragédia não poderia ter sido evitada? Será que foi um desastre anunciado? Os moradores da Vila Sahy, um dos bairros mais afetados pela tragédia, organizaram uma manifestação pacífica com o intuito de discutir o tema, para que o povo se fortaleça e tenha voz nas decisões a serem tomadas.
O objetivo dessa manifestação é esclarecer questões levantadas pelos moradores, como a falta de participação da população nas decisões do governo, assistência da prefeitura, moradias e prestação de contas do uso do dinheiro recebido em doação.
Segundo Camilo Terra, coordenador do Coletivo Caiçara, “os populares não aceitam que foi apenas uma tragédia por conta das chuvas, é um crime causado pela especulação imobiliária, pela ganância.”
A moradora de Juquehy Carolinny Barros, se vê obrigada a retornar para o local com o marido e a filha bebê, pois não encontram vagas em abrigos ou pousadas. “A única coisa que eu tenho a falar, é que queria e quero, uma resposta da prefeitura sobre o que eles vão fazer com as famílias que estão em área de risco. Estou eu, meu esposo e minha filha de 1 ano e 4 meses, voltando para casa com insegurança, depois que aconteceu tudo isso o medo predomina.”
De acordo com o governo, as medidas emergenciais foram e continuam sendo tomadas. Após a tragédia a população desabrigada foi acolhida em abrigos, e atualmente estão sendo distribuídas entre hotéis e pousadas da região.
Leia um trecho do manifesto:
Chegou a hora do povo falar e decidir!
“A população que perde suas casas, ou que estão em áreas de risco, tem que se unir para exigir sua participação nas decisões de governo que serão tomadas sobre seu futuro.
Todos estão tendo a devida assistência da prefeitura? Todos já têm a garantia de como serão tratados de agora até a entrega das casas?
Você conhece os terrenos apontados pela prefeitura para ser o local das casas?
Essa reunião vai acontecer para ouvir e unir todos os atingidos e para cobrar nossos direitos da prefeitura, governo do estado e governo federal. O povo tem que exigir habitação segura e sem risco, exigir direito à moradia e uma vida digna.
Chegou a hora do povo exigir que o dinheiro público seja usado em seu favor…
Se o povo fosse ouvido e pudesse decidir, ninguém teria morrido nem perdido sua casa.
Por isso, pela dignidade da população trabalhadora e pelo futuro das nossas crianças, vamos nos reunir para que a comunidade fale o que está sentindo e diga o que acha que deve ser feito.
Sem luta não há direitos, sem luta não há vitória.
Viva o povo unido”
Bruna Musskopf/Tamoios News