Moradores de Cambury, da Vila Barreira e Nova Barreirinha, protestaram nessa terça-feira (02) em frente à prefeitura e na Câmara Municipal de São Sebastião. Eles cobram regularização fundiária na região.
Desde o anuncio feito pelo prefeito Felipe Augusto, que mais de 300 casas irregulares seriam demolidas no município, por decisão judicial, os moradores se reuniram e se revoltaram com antigas promessas, e garantem que não invadiram a região.
“Paguei e tenho documento de compra e venda!”, garante Maria Elizete Fideles, moradora há seis anos no bairro, mas há 10 com terreno comprado. “Ele sempre se manifestou que iria ajudar a gente, que iria legalizar. Disse na primeira campanha, na segunda falou que estava em processo e tudo mais. Agora, pelo contrário, tá lá falando que não vai fazer isso. A gente confiou muito nele, a gente votou confiando nele”, lamenta.
Rafaela dos Santos, moradora há oito anos, também se revolta com a situação. “O prefeito não faz nada pra ajudar a gente, fala que a gente invadiu, mas nós compramos e pagamos, temos o comprovante de compra e venda! Prometeu que ia ajudar, e agora não faz nada.”

Foto: Arquivo Pessoal Morador
A vereadora suplente Pauleth Araújo também relembra as promessas de campanha do prefeito sobre fazer parceria com o CDHU, Casa Paulista e Minha Casa, Minha Vida. “Ele disse que iria ter sim um investimento de construção de moradias populares, acontece que nada disso foi feito. Além de não ter construído nada, o papel dele como prefeito não houve, ou seja, ele não fiscalizou as áreas que são passíveis de invasão e nem construiu casa, sendo que dizia que teria prioridade em moradias populares. Ele não cumpriu com o dever dele, nem com as promessas”.
Na manifestação em frente à prefeitura, houve bate-boca. Nas imagens feitas pelos populares, é possível ver os manifestantes pedindo explicações e uma postura mais educada do prefeito.
Vídeo enviado por moradores à Redação Tamoios News
“Ele foi completamente hostil com a população, agressivo à todo momento, as pessoas que queriam conversar com ele, ele falava pra se afastar, ficar longe porque não queria que a população chegasse perto dele. Como se fossem bandidos, pessoas criminosas, perigosas, que pudessem agredi-lo ou algo do tipo”, diz Pauleth.
“Ele tratou a gente super mal, querendo saber nome, RG, quem é que mora e que não mora. Isso tudo ele já sabe porque foi feito o cadastro das casas, de todo mundo que mora, ele sabe de todo mundo que mora lá. Então não precisava estar perguntando e debochando dos moradores. Não tinha precisão nenhuma dele tratar a gente mal”, recorda Rafaela.
Vídeo enviado por moradores à Redação Tamoios News
Na manhã de quarta-feira (3), dia seguinte ao das manifestações, funcionários da prefeitura retiraram bloquetes que seriam usados na pavimentação de uma das ruas do núcleo. Os moradores consideraram o ato como retaliação.
“Não sei se levou pro pessoal já, pra chegar e tirar os bloquetes da rua. É infantil, no caso. Uma punição muito injusta por que sabemos que essa material sai dos impostos pagos por nós”, lamenta Rafaela.
Segundo os moradores, o material foi levado pra um bairro vizinho chamado Vila Sahy, por motivo da inauguração de um campo de futebol de grama sintética, prevista para essa quinta-feira (04), às 19h, e precisavam terminar a obra de lá.
“Esses bloquetes era pra terminar a rua, ele deu os bloquetes, mas quem estava fazendo era a população, não a prefeitura, a prefeitura só deu o material. Todo final de semana, sábado e domingo, a população que estava indo fazer a rua da Barreira e Barreirinha, porque a prefeitura não mandou funcionários pra fazer”, informa Maria.
Uma forma de perseguição à população, diz Pauleth: “ele não cumpre a lei do município, não cumpre a lei orgânica, ele não cumpre a constituição que também prevê que toda pessoa tem direito à moradia. Ao contrário disso, ele persegue a população que cobra seus direitos, entrando dentro da comunidade para retirar os bloquetes que seria de pavimentação das ruas”.
Rafaela, mora no litoral desde seus oito anos e diz que o problema só tem passado de ano em ano, e que existe uma diferença social. “O bairro foi crescendo, entra prefeito e sai prefeito e é a mesma coisa, sempre essa coisa de demolir casa, que é irregular, área de risco, essas coisas. E a gente vê que o pessoal que tem dinheiro faz casas numas áreas de mata, igual a Barreira mesmo, como da Baleia, é praticamente toda Mata Atlântica, beira mar. Então fez bem pior, só por que são ricos?”
Diante das incertezas, moradores dizem estar com medo, mas ao mesmo tempo confiantes de uma resolução.
“A gente tá com medo, né, por conta de não ter pra onde ir. Ele não pode simplesmente tirar a gente de uma casa pra deixar na rua”, diz Rafela. “Tivemos que fechar a rua, juntamos a comunidade inteira pra não derrubar a casa de ninguém. É um processo difícil, mas a gente vai conseguir vencer, estamos na luta”, finaliza Maria.
A Prefeitura foi procurada pela reportagem da Tamoios News, mas até o fechamento da reportagem não se manifestou.
Por Redação Tamoios News