A escritora e lixóloga Georgeta Gonçalves faleceu nessa segunda-feira (27), aos 72 anos, em decorrência de complicações pós-cirúrgicas. Durante uma operação de joelho acabou tendo um AVC, entrou em coma e, consequentemente, teve morte cerebral.
Na década de 90 Georgeta se destacou na defesa do Meio Ambiente, principalmente no que se refere ao lixo reciclável, sendo uma das responsáveis pela implantação da coleta seletiva em São Sebastião. Era muito ativa na cidade, participava de audiências públicas e reuniões comunitárias.
Foto: Arquivo Pessoal
“Sempre foi uma mulher dinâmica e atuante, participando dos mais diversos movimentos de defesa do nosso Meio Ambiente. Era uma mulher moderna e com objetivos definidos. Implantou em 1992 na Riviera São Lourenço seu projeto de reciclagem do lixo, projeto este elogiado internacionalmente. Todos nós devemos muito a ela. Fará muita falta”, relembra Luiz Tadeu de Oliveira Prado, ex-presidente da OAB de São Sebastião, ex-conselheiro da OAB/SP, membro do COMAM (Conselho do Meio Ambiente).
Ela era paulistana, mas morava no litoral norte desde 1980. Teve vários estudos publicados, reconhecidos por toda comunidade ambientalista, e palestrou em diversas cidades. Também prestava consultoria sobre o gerenciamento de resíduos.
“Georgeta era uma mulher brilhante, de uma inteligência astuta, perspicaz, voltada pro social, sempre pensando no todo, pensando no coletivo. Antes de todos ela já tinha esse pensamento ambientalista, de conservação, de preservação da terra, e a ideia de que menos é mais: temos que gastar menos lixo, não precisamos de muito pra viver, não se deve exagerar na extração dos recursos naturais porque eles são finitos, por que a gente tem que tirar tanto, gastar tanto, produzir tanto lixo? Era uma pessoa econômica nesse sentido. Vai fazer falta, vai fazer muita falta”, diz o empresário Edinho Engel.
Foto: Arquivo Pessoal
Aclamada também como excelente escritora. Reuniu sua coletânea de crônicas e poemas no livro “Um gato no mercado”. “Essa coletânea de crônicas prova minha compulsão por contar as coisas que me acontecem todos os dias e que não são diferentes das coisas que acontecem para todas as pessoas”, disse Georgeta em uma entrevista para o portal Tamoios News, na época do lançamento.
Além do livro, trechos de sua obra, narrados por ela mesma, fizeram parte de um curta metragem, filmado na praia de Boiçucanga. O vídeo sobre a situação do idoso e da criança no Brasil, intitulado “A criatura sou eu ontem”, pode ser visto no youtube.
“Todos nós, da Sociedade Civil Organizada Costa Sul, perdemos um exército. Em todas as lutas a Geo estava lá. Fizemos em Maresias cursos, palestras, em uma época que reciclar era uma utopia, e lá vinha ela, firme, forte, impondo. Nas crônicas ela era mais observadora, observava calma e explodia nas letras. Amo a Georgeta, para mim ela é uma Estrela Azul, transforma. E seguirá o caminho de luz, que foi semeado aqui”, finaliza Dircéia Arruda presidente da Somar (Sociedade Amigos de Maresias).
Nossos mais sinceros sentimentos à família e amigos.
Essa é uma pequena homenagem do Portal Tamoios News à esta grande mulher, Georgeta!
Por Cynthia Louzada / Redação Tamoios News
