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Morre “Zé Natureza” um dos personagens mais folclóricos de Caraguatatuba

Tamoios News

Por Salim Burihan

José Carlos Pereira da Silva, o “Zé Natureza”, de 64 anos, uma das figuras mais folclóricas de Caraguatatuba, faleceu neste domingo(8), em São José dos Campos.

“Zé Natureza”, nasceu em Maringá, no Paraná. Filho de José Pereira da Silva e dona Nanci. A família passou por sete cidades antes de se estabelecer em Caraguá.

O pai dele, José Pereira da Silva, chegou em Caraguatatuba em 1976 para trabalhar na Construtec, empresa contratada pelo governo do Estado para fazer o acostamento da Rodovia dos Tamoios. Ele faleceu em 2011.

Ele tem cinco irmãos: William, Paulinho, Mara, Clotilde e Rose. William, conhecido como “Garrinha”, jogou no Atlético Paranaense. E faleceu em 2018. A mãe de Zé Natureza, dona Nanci, faleceu em maio do ano passado.

Zé Natureza,  Garrincha e Paulinho foram excelentes jogadores de futebol, os dois últimos atuaram em equipes profissionais. Zé jogou em clubes amadores, entre eles, o XV, o Independente, o União e o Cruzeirinho.

Zé Natureza era um bom centroavante. Zé tinha 14 anos quando chegou em Caraguá. Trabalhou na Padaria Capri, na Quitanda da Terezinha, entre outros estabelecimentos.

Apesar de sua simplicidade, ele foi um dos pioneiros ao investir, naquela ocasião, no turismo de um dia.

Na década de 70, Zé Natureza em parceria, com o Paulão da Pensão Beira Mar, compraram um vagão de trem antigo do Parque do Trombini e instalaram um dos primeiros trailers na praia da Martim de Sá.

O trailer do Zé foi um dos primeiros da Martim de Sá. Ficava em frente à danceteria Le Bateau, ponto de encontro de moradores e turistas.

Foi nesta época que surgiu o apelido “Zé Natureza”. O Zé saia cedinho para colher marisco nas costeiras da Martim, de Sá. Fazia isso todos os dias, só parou recentemente após ficar doente.

Em 1986 vendeu o trailer para o comerciante Zequinha e passou a viver como pescador, vendendo o marisco que retirava das costeiras.

Zé adorava a vida simples e vivia da venda do marisco que colhia nas costeiras

Nesta época, teve um relacionamento com uma jornalista da antiga Rádio Excelsior e da Rádio Globo.

Zé foi então morar na capital, mas não conseguiu permanecer por lá. Não se acostumou à vida corrida da capital e principalmente, pelo fato de ter que usar calça comprida e sapatos. Não aguentou uma semana, pegou o ônibus e retornou para Caraguá. Nunca mais voltou para capital.

Zé Natureza era sempre visto, só de calção, sem camisa, pedalando sua bicicleta pela cidade oferecendo seus mariscos paras pessoas.

Ele morava no bairro do Tinga e levava uma vida simples e ligada ao mar. Com a venda do marisco mantinha sua família.

Na última vez que encontrei com ele, em 2016, Zé Natureza explicou porque o marisco estava tão escasso na região:

“ O aquecimento global aqueceu as águas do mar e isso prejudica o desenvolvimento dos marisco”, justificou.

Zé Natureza, tinha 64 anos, era casado e deixa duas filhas, Graziela e Nádia. As causas de sua morte ainda não foram informadas. O sepultamento deve ocorrer nesta terça-feira(10), no Cemitério Municipal de Caraguatatuba.