Cantor que se apresenta em Ilhabela nesta quinta (16) falou com exclusividade ao Tamoios News
Por Josiane Bittencourt , de São Sebastião
Conhecido pelas parcerias musicais com o poeta Vinícius de Moraes e sob o título de um dos grandes cantores, compositores e violonistas da Música Popular Brasileira, Antonio Pecci Filho, ou simplesmente Toquinho, nasceu em 6 de julho de 1946 em São Paulo.
Em entrevista exclusiva ao Portal Tamoios News, Toquinho falou um pouco de sua carreira, da evolução da Música Popular Brasileira e principalmente de suas memórias ligadas ao Litoral Norte onde costumava frequentar as praias da Costa Sul de São Sebastião. Toquinho lembrou, inclusive, da música “Chuva na praia em Juqueí” gravada no disco de 1969.
O músico iniciou os estudos na área aos 14 anos com aulas de violão seguidas de cursos para o conhecimento harmônico e de orquestração. Ainda na adolescência, na década de 60, apresentou-se em clubes, colégios e faculdades.
Já como profissional, mas, ainda instrumentista participou de grandes montagens musicais como: “Na onda do Balanço” (1964); “Liberdade, Liberdade” (1965). Toquinho cultiva até hoje uma forte amizade com Chico Buarque, iniciada aos 17 anos, época em que compuseram juntos a canção “Lua cheia”, a primeira melodia de Toquinho a receber uma letra, e que se constituiria, em 1967, na sua primeira canção gravada em disco, no LP, Chico Buarque de Holanda, volume 2.
Nesta quinta-feira (16), o músico se apresenta em Ilhabela dentro do projeto Pôr do Sol Musical. A programação se estende até domingo (19), sempre a partir das 18h30 na Praia do Perequê. A entrada é gratuita.
Confira a entrevista:
Tamoios News (TN): O que você considera importante para se manter tanto tempo nas “paradas de sucesso” musicais do Brasil?
Toquinho (TQ): Fator primordial: qualidade da obra e dedicação constante ao violão, base e continuidade indispensável para a manutenção de minha carreira. Muito trabalho, uma dose razoável de talento, parcerias sincronizadas com meu estilo musical e a obstinação natural de produzir sempre melhor. As músicas infantis contribuíram sobremaneira com manutenção de minha obra junto ao público porque representam uma renovação constante de gerações interessadas em minhas músicas.
TN: Com uma biografia extensa na música popular brasileira, como você vê os avanços da tecnologia e o surgimento dos novos ritmos que insistem em denominar MPB?
TQ: A música brasileira é muito dinâmica e a tecnologia é incontrolável e ajuda quando bem aproveitada. Transformou a veiculação das artes, principalmente da música, o que não deixa de ser um fator favorável ao atingir um imenso público ávido por novidades e novos ritmos. Aí é que mora o perigo: fica também incontrolável a qualidade das composições. E tudo pode se tornar efêmero e inconstante.
TN: Qual a sua relação com a internet, redes sociais e aplicativos de streaming de músicas?
TQ: Não há como escapar de tudo isso. Procuro acompanhar até o ponto em que não prejudica minhas atividades. Não tenho página em Facebook, nem Instagram, mas, os aplicativos de streaming são administrados pela gravadoras
TN: Na sua opinião, projetos como este em Ilhabela do “Pôr do Sol Musical” são uma boa maneira de se aproximar de diferentes gerações de fãs?
TQ: Todo projeto que preconiza a divulgação da música favorece a aproximação do público com seu artista. Principalmente quando se conta com o benefício esplendoroso da natureza que cerca essa Ilha, verdadeiro continente encantado. Tudo fica mais cheio de graça e de talento. Apesar de ser um local aberto, escolhemos o formato com voz e violão.
TN: Quais são suas memórias do Litoral Norte Paulista? E Ilhabela, há alguma relação?
TQ: Conheço esse Litoral desde suas primeiras evoluções. Namorei muito sob a lua da praia de Juquehy (Costa Sul de São Sebastião), até fiz uma canção, “Chuva na praia de Juqueí”, gravada no meu segundo disco, em 1969. Joguei muito futebol na Barra do Una; e Guaecá ficou imortalizada em minhas memórias pelos momentos intensos vividos em suas praias sob um sol que invadia meu coração. Daí à Ilhabela, um simples pulo de balsas românticas a revelar paisagens repletas de inspirações.
TN: O que o público do litoral poderá conferir nesta quinta-feira?
TQ: Será um show intimista com a participação da jovem cantora Camilla Faustino, que carrega na voz a afinação e o timbre de uma veterana intérprete e nos gestos a graça que embeleza o espetáculo. Além dos sucessos que o público gosta de ouvir e cantar junto, alguns solos de violão e casos interessantes que caracterizam minha carreira ao longo de 50 anos de música.