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Fundação Florestal quer controlar população de capivaras e saguis na Ilha Anchieta

Tamoios News
Foto: Renata Takahashi

A Fundação Florestal (FF) pretende começar um trabalho de manejo reprodutivo de capivaras (Hydrochoerus hydrochaeris) e saguis-do-tufo-preto (Callithrix penicillata) no Parque Estadual Ilha Anchieta (PEIA). Para isso, abriu duas licitações que juntas somam valor de R$ 890.404,96 com a finalidade de contratar empresas que prestem serviços técnicos de captura, castração e marcação dessas espécies.

As empresas que assumirem os serviços deverão executar ações como: instalação de centro cirúrgico, preparação do local para recinto dos animais no pré e pós operatório, manejo reprodutivo, marcação, coleta de dados de cada indivíduo (como idade, sexo, peso, se apresenta parasita, informações sobre a dentição, observações e fotos datadas), transporte dos indivíduos até o local de captura, soltura dos animais e entrega de relatórios.

O motivo da necessidade de controle populacional das capivaras e saguis na ilha é corrigir um erro cometido no passado. Em 1983, o Parque Zoológico de São Paulo introduziu no local cerca de 150 indivíduos de diferentes espécies de animais, entre elas as capivaras e os saguis, sem realizar estudos prévios sobre as possíveis consequências. 

Estudos posteriores feitos no PEIA constataram que, devido ao fato de não possuírem predadores naturais, essas espécies se adaptaram e se proliferaram rapidamente, resultando na perturbação do equilíbrio ecológico do ambiente da ilha.

Foto: Guilherme Fluckiger

As capivaras predam mudas e sementes, interferindo de forma direta no processo de regeneração da vegetação. Assim, impactam também a fauna que de algum modo depende das plantas para sobreviver, como por exemplo animais frugívoros, animais que nidificam e/ou se alimentam em árvores.

Outro problema é o pisoteio dos costões rochosos, que pode resultar em deslocamento, dano ou mesmo na morte de diversas espécies. Essa interação das capivaras com os costões pode reduzir a abundância de organismos bentônicos que lá ocorrem, como algas, crustáceos, moluscos, além de outros invertebrados.

Foto: Guilherme Fluckiger

Os saguis-de-tufo-preto, primatas de pequeno porte, são arborícolas e vivem em grupos. Possuem ampla distribuição, altas taxas de reprodução e alimentação generalista, o que permite que a espécie se adapte facilmente aos ambientes nos quais foram introduzidos. Entre os impactos negativos, destaca-se a perda da biodiversidade da avifauna, por serem predadores dos ninhos das aves. 

O controle populacional das capivaras e saguis está na pauta da próxima reunião do Conselho Consultivo do PEIA, que será realizada no dia 19 de outubro (quarta-feira), com início às 09h e término às 12h, de forma online.

Por Renata Takahashi / Portal Tamoios News