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Estudantes protestam contra falta de segurança em São Sebastião

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Rafael César

Rafael César

Alunos dizem que ocorreram seis assaltos nas mediações da Vila Amélia e da balsa; autoridades afirmam que irão tomar providências em relação ao assunto

Por Rafael César, de São Sebastião

 

Cerca de 60 estudantes da FASS (Faculdade de São Sebastião) realizaram um protesto nesta terça-feira (16), contra a falta de segurança em alguns trechos da cidade, como o trajeto entre a balsa e a instituição de ensino. A ação começou em frente ao acesso da balsa e seguiu pela Rua Andrelino Olimpio do Rego (ao lado do heliponto da Marinha), rua que, segundo os universitários, é onde ocorrem maior parte dos assaltos. O grupo na sequência passou pela Rua da Praia, até parar em frente à Câmara Municipal.

Os alunos alegam que a iluminação da rua é ruim e que o local não oferece nenhuma segurança, apesar de ficar há 300 metros da base da Guarda Municipal de São Sebastião. Os protestantes organizaram o movimento através das redes sociais e também passaram nas salas de aula da faculdade para convidar outros participantes. Muitos acabaram perdendo aula porque o ato aconteceu no mesmo horário das aulas. 

O motim foi regido por barulho de apitos, gritos de ordem e buzinas de carros que passavam pelos alunos apoiando a causa. Os gritos de ordem diziam “Ei! Autoridade, quero ir seguro na volta da faculdade” e “Autoridade preste atenção mais segurança para São Sebastião”. 

Segundo a estudante de enfermagem e também uma das líderes da ação, Evelyn Valéria Souza, 29, a iniciativa surgiu depois que algumas alunas comentaram que queriam desistir do curso. “As mulheres que utilizam esse caminho estão acanhadas e com total receio. Não é justo conosco, pois só queremos estudar e ter o direito de ir e vir sem ser abordada por um assaltante”, reclamou.

Uma das vítimas, Cleilza de Souza, 27, falou que sofreu o assalto na terça-feira passada e que o assaltante a abordou com um revólver e pediu tudo o que tivesse de valor. “Foi uma experiência horrível, o rapaz levou meu celular e um pouco de dinheiro. Havia uma amiga que estava comigo, que disse para o cara que não tinha nada para dar para ele, neste momento ele ameaçou ela de morte se não arrumasse algo de valor para entregar”, relatou.

Os seis estudantes que foram roubados eram de Ilhabela e prestaram queixa a PM (Polícia Militar), afirmou outra idealizadora do protesto, Gleisiane de Souza, 22. Ela também contou que depois de postarem o aviso na internet o policiamento nos pontos citados apareceu.

“Não adianta a ronda policial começar a fazer a segurança só porque estamos protestando e depois que nossas reclamações cessarem e os boatos terminarem, nada disso continuar acontecendo. Utilizamos essa rua, porque ela encurta a nossa caminhada, assim nós não perdemos o horário da balsa”, completou.  

O secretario de segurança, Marcos Jorge, foi no local aonde começou o protesto para conversar com o grupo de graduandos e garantiu que no horário da saída do curso uma viatura da Guarda Municipal fará a segurança nos pontos apontados pelos alunos.

“Eu prometo que no período das 22h, as atenções estarão voltadas para esse trecho da balsa até a faculdade. Os assaltos estão sendo efetuados por usuários de drogas que perambulam perto desses pontos e ficam de olho no período em que os estudantes vão passar para agirem. Temos que sumir com essa sensação de insegurança e prevenir as ações desses meliantes, com uma força ostensiva também”, complementou o secretario.

Reunião na Câmara

A sessão da Câmara acontecia normalmente até o momento em que os manifestantes chegaram à Casa de Leis. Os vereadores estavam debatendo os primeiros requerimentos, quando foram surpreendidos pelo manifesto. 

A ordem do dia só teve uma moção de apelo, de autoria do vereador Gleivison Gaspar (PMDB), que foi apoiada por todos. Ela pedia esclarecimentos e soluções do secretario de habitação do Estado referente à desapropriação de moradias em áreas da Serra do Mar no município. 

O presidente da Câmara, Luiz Antonio de Santana Barroso (PSD), o Coringa, já havia marcado a reunião com os estudantes e adiantou o encerramento dos trabalhos com os vereadores para atender o grupo. A reunião com os estudantes durou cerca de 30min e todos os vereadores participaram da conversa.

Muitas medidas foram discutidas em relação ao problema vivido pelos jovens e várias sugestões surgiram, como a instalação de câmeras, melhoria na iluminação nos trechos que os alunos percorrem e a transmissão do problema a todos os órgãos responsáveis para se empenharem em um estudo logístico que permita produzir um mapa de rondas que não prejudique o atendimento de outras ocorrências.

O comandante da Guarda Municipal, Edson Rosalvo da Silva, estava na reunião e garantiu que os estudos serão feitos para a segurança ser melhorada. Ele comentou que a GCM tem um contingente pequeno de funcionários e que a culpa não é apenas deles.

“Temos oito viaturas para fazer rondas e atender as ocorrências. Entretanto, só usamos três delas. Muitos criticam o fato da base ser próximo ao local dos crimes, mas não entende que estamos ocupados naquele instante ajudando outras pessoas. Queremos ter um apoio maior para conseguir deixar a população segura”, disse.  

Para o presidente da Câmara, a crise na segurança não é municipal e sim estadual. “Conversei com o capitão da Polícia Militar, Daniel Lemes, e ele me disse que existem muitas dificuldades na questão de equipamentos, viaturas e contingente, mas que tentará fazer o máximo para minimizar os assaltos. Investigações já apontam os possíveis suspeitos e eles serão presos. Só não sei se ficarão atrás das grades por muito tempo, pois muitos utilizam as brechas que existem nas leis para sair da detenção”, esclareceu. 

O aluno de direito, Fabrício Batista de Oliveira, 37, achou o resultado da conversa satisfatório e construtivo. Ele comentou que o posicionamento e a recepção dos vereadores vêm de encontro com a época das eleições. “Nós já tínhamos feito abaixo assinado em outra oportunidade conversamos com vereadores e nada foi resolvido. Espero, sinceramente, que medidas sejam tomadas para amanhã”, destacou. 

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