Nesta segunda-feira (09), uma baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) está sendo enterrada na praia de Barreiros, em Ilhabela. É a quarta baleia enterrada em praias do Litoral Norte em 2021. Em junho uma baleia-jubarte foi enterrada na praia de Juquehy, em São Sebastião; em julho uma baleia-de-bryde (Balaenoptera brydei) foi enterrada na praia Grande de São Sebastião; e também em julho uma baleia-jubarte foi enterrada na praia de Barreiros, em Ilhabela.
Alguns banhistas, turistas e moradores acreditam que enterrar baleias na areia das praias pode prejudicar a praia, sujar, danificar ou causar mau cheiro. No entanto, segundo o Instituto Argonauta, sendo enterradas numa cova de profundidade adequada, sua decomposição ocorrerá no subsolo, sem problemas de poluição, contaminação ou mau cheiro no local.
“Por essa razão, a melhor opção ecológica e sanitária é o enterro adequado da baleia sob a areia de uma praia. Para garantir um bom procedimento, sempre que uma baleia é enterrada, a ação é acompanhada por um técnico de campo especializado, auxiliando a ação da máquina da Prefeitura acionada”, explica Hugo Gallo Neto, oceanógrafo e presidente do Instituto Argonauta, e Carla Beatriz Barbosa, bióloga e diretora executiva do Instituto Argonauta.
O oceanógrafo e a bióloga esclarecem o que é considerado para que seja feito o enterramento. “Quando a baleia já encalha na praia, ou a caraça muito fresca pode ser utilizada para pesquisas, ou mesmo sua ossada reaproveitada para educação ambiental, a melhor opção é enterrá-la com condições para isso. Neste caso, o ideal é quando conseguimos controlar esse encalhe e procurar um local adequado, com condições da equipe de necropsia trabalhar e para a chegada de máquinas”.
A professora e pesquisadora Shirley Pacheco do Instituto Terra & Mar (ITM) reforça que, se feito da forma correta, não há motivo para preocupação. “Não vejo problema nenhum nessa estratégia de enterrar os animais na areia da praia, desde que seja enterrado na profundidade adequada, com a devida metodologia e know-how, para que não venha a ser descoberta essa carcaça por eventual ressaca, e que depois seja possível recuperar esse esqueleto para estudos. É uma opção que é usada no mundo inteiro.”
Porém, nem todas as baleias encontradas mortas são enterradas, conforme explica o Instituto Argonauta. “Quando encontramos uma baleia em estado de decomposição avançada, cuja necropsia ou avaliação pouco irão contribuir para indicar a causa da morte, a melhor opção é o que temos feito nos últimos anos em dar preferência ao ‘apoitamento’, que é o encalhe forçado da carcaça em uma costeira afastada, onde naturalmente será decomposta e completará o ciclo de nutrientes necessário para o ambiente. Assim, procuramos um local para encalhar com poucos ou nenhum morador no entorno, preferencialmente, para não causar desconforto ou conflito.”