Em entrevista nesta terça-feira (10), ele comentou das propostas iniciais da gestão; sua principal meta é concluir o biênio sem ter contas reprovadas
O vereador Reinaldo Alves Moreira Filho, o Reinaldinho, do PSDB, foi eleito no último dia 1º para presidir a Câmara Municipal de São Sebastião pelo próximo biênio. Em entrevista concedida na manhã desta terça-feira (10), ele falou sobre as perspectivas da sua gestão e as medidas iniciais que já estão sendo adotadas. Para ele, que aos 28 anos está no segundo mandato como legislador, entre os desafios do trabalho estarão a redução de despesas, aprovação das contas e a melhora da imagem do Legislativo. Confira na íntegra a entrevista concedida ao jornalista Ricardo Hiar, do Tamoios News.
Ricardo Hiar (RH) – Como é para você assumir a presidência da Câmara de São Sebastião?
Reinaldinho (R) – É um desafio que nós encaramos. Foi uma eleição muito bem conduzida, onde consegui a unanimidade dos pares e só eleva minha responsabilidade. Fui eleito no domingo e na segunda-feira, às 8h, já estava lá trabalhando. Estou todos os dias na Câmara, embora tenha o recesso parlamentar.
Mas preciso estar lá para manter o Legislativo funcionando, reconduzir os funcionários para seus postos de trabalho, apagar incêndios. É preciso tentar readquirir a confiança dos próprios funcionários da Câmara sobre o trabalho e também tentar mudar a imagem que a população tem sobre o Legislativo, como um antro negativo. São desafios que estamos encarando diariamente, mas estou com muita vontade, muita gana. Acho que tem muito para mudar, para termos resultados.
RH – Sua decisão em concorrer pela presidência da Câmara pegou muita gente de surpresa, já que você não se manifestou durante o período que precedeu as eleições. Já era sua intenção desde o início? Por que Reinaldinho resolveu assumir essa empreitada?
R – A eleição de presidente de Câmara é muito diferente. Ela requer o voto dos pares. Eu até brinquei na minha posse que era mais difícil conseguir sete votos do que 1452 que consegui nas últimas eleições. Eu disse o tempo todo que só seria candidato se tivesse o apoio dos meus pares. Acho que consegui convencê-los que tinham uma outra alternativa.
A minha proximidade com o partido do prefeito, criava o discurso dos meus opositores, de que seria um comando só para a cidade. Mas deixei muito claro que cada vereador que ali está tem o prefeito de preferência. O meu é o Felipe Augusto, mas o meu caráter, minha índole, tudo o que prezei na campanha vão além dessa amizade. Em nenhum momento vou me furtar de fiscalizá-lo por conta disso.
RH – Você acha que o fato de ser do mesmo partido do prefeito, de ser situação, não interfere no trabalho do Legislativo?
R – De forma alguma. Eu fiquei quatro anos como vereador pelo PSDB, fiz meu trabalho de fiscalizar o prefeito Ernane. As coisas que achei que estavam erradas eu fui contra, quando eram positivas, fui favorável. Eu tenho uma postura definida. Tenho a opinião que no momento político que estamos, que é uma crise institucional, se não tivermos uma boa relação entre os poderes, não funciona. Temos que aliar os idéias, cada um respeitando a sua função, mas andando na mesma direção. Ir na contramão traz prejuízos para a própria população. Ou atrelamos o discurso para melhorar a cidade, ou continuamos brigando e não chegamos a nenhum lugar.
RH – Você foi eleito vereador muito jovem. Como você vê sua trajetória nesse momento? Como está em relação à experiência? O Felipe é também um prefeito jovem, você considera que isso possa dar um novo ânimo para a cidade?
R – Se olhar as pesquisas das eleições, mostravam que era isso que o país pedia. Aqui na região tem o Felipe, jovem em São Sebastião, o próprio Marcinho na Ilhabela e o Aguilar Júnior em Caraguá, assim como o Sato em Ubatuba. A população quis renovar. Sou o vereador mais novo eleito em São Sebastião e também o mais novo a assumir a presidência do Legislativo. É uma responsabilidade que cai nas minhas costas.
Uns acham positivo e outros dizem que falta experiência. Acho que provei que sou capaz no último mandato. Fui eleito pela primeira vez aos 22 anos. As pessoas questionavam muito isso. Fiz um trabalho de quatro anos e quase tripliquei meus votos. Então acho que se você se consegue formar um grupo político, trabalhar e mostrar o que pretende fazer, mesmo que tenha dificuldades para concretizar, as pessoas vão ver sua boa intenção, as coisas acontecem.
Eu amo esse lugar, sou daqui, minha família é daqui, não tenho para onde ir. Não é aqui que quero ter fama de ladrão, de mau administrador. É aqui que eu quero ter o respeito das pessoas, que me olhem no futuro e possam dizer que fui o vereador, o presidente da Câmara que trabalhou e não teve problemas com a justiça. Essa é minha meta política.
RH – E qual sua visão sobre as perspectivas para São Sebastião?
R – Estamos numa crise política fiscal absurda. Necessitava desse chacoalhão. Com esse início de Lava Jato o judiciário mostrou a alguns políticos que é preciso ter responsabilidade e respeito com o dinheiro público. Eu estou vendo uma página se virando. Acho que a cidade está voltando andar e a população voltando a acreditar. Vai levar um tempo ainda, mas as coisas tendem a melhorar.
RH – Quais serão suas principais medidas como presidente da Câmara?
R – Se não me engano, faz 17 anos que não tem contas aprovadas na presidência da Câmara, eu quero mudar isso. Minha primeira medida foi nomear aos cargos de diretoria da casa, pelo menos 70% entre os cargos efetivos. Para esses funcionários eu pago só a diferença salarial, não um integral. A ideia é a cada dois funcionários, gastar o equivalente a um. É uma forma de economizar esses cargos. Penso até em fazer uma reforma administrativa e economizar em torno de R$ 1 milhão por ano.
Eu também já encerrei com a modalidade de contratação por meio de carta convite. Isso é uma questão drástica. É a melhor forma de agradar os amigos. Como nome diz, o mecanismo contrata por meio de convite, com teto de até R$ 80 mil. Eu que quero economia, preciso gerar concorrência. Quem ganha é a gente que usufrui do valor menor. Institui o pregão, pois vão brigar pelo preço.
Existe uma mania no país, dizendo que o dinheiro público não é de ninguém. Muito pelo contrário, o dinheiro público é nosso, por isso estou tentando respeitá-lo de todas as formas.
Uma outra novidade é que vamos criar um aplicativo que vai reforçar a transparência. Hoje todo mundo tem um celular na mão.Ele vai poder ver pelo celular os contratos vigentes, os pagamentos feitos por dia e até assistir a sessão de Câmara.
O Portal da Transparência precisa ser exato como é estabelecido, não como hoje. A população tem direito de escolher o que quer ver. Contratei esse sistema e espero colocar em prática nos próximos dois meses. Que não fiquem dúvidas nos contratos. Renegociei todos os contratos e acho que baixamos cerca de 20%. Vai gerar economia gigantesca já no primeiro mês.
RH – E os cargos que tiveram a recomendação para extinção no mandato passado, como ficam?
R – Ainda não tive com o ex-presidente Coringa e por isso não fui notificado sobre isso. Estou tentando uma conversa com o promotor, para saber o que está ocorrendo. Vou me colocar a disposição, porque quero fazer tudo o que for correto. Quero melhorar a casa, o que for determinado, vou cumprir.
RH – Há previsão de mudanças para as sessões?
R – As sessões serão redinamizadas. Elas não são dinâmicas, práticas e objetivas. Só demora e as vezes não resolve nada. Vamos cumprir o regimento, a sessão precisa começar às 18h.
Nossas audiências públicas precisam acontecer fora do horário comercial, para dar mais acesso e notoriedade. Queremos incluir ainda as sessões itinerantes, fora do Parlamento. Eu quero incluir sessões na Costa Sul, Costa Norte. Quero aproximar a Câmara das pessoas. Muitos munícipes não vão à Câmara, então quero levar isso até eles.