O carnaval está aí e isto nos faz lembrar a catástrofe ocorrida em Santa Maria, Rio Grande do Sul, onde mais de 200 jovens tiveram suas vidas ceifadas.
Após o funesto acontecimento, ficamos imaginando quem teria sido o culpado por tantas mortes. Seria a ganância do dono, ao permitir que mais de 1.500 pessoas estivessem num lugar onde deveriam estar somente mil, ou quem sabe um músico da banda teria sido impudente ao usar um sinalizador no local, causando o incêndio? São muitas as versões a respeito e quem sabe, somente uma perícia bem feita poderia esclarecer esta tragédia, ainda sem punição.
Com a experiência de quem conhece este nosso Brasil, onde ainda fala mais alto a voz do político do que a razão ou a própria lei, minha conclusão é a mais lógica possível. Os culpados são todos os políticos que ajudam a burlar a lei, em troca de votos ou de favores pessoais.
É comum no País que estes políticos “ajudem seus eleitores”. Todos são muito religiosos e seguem a todo custo a histórica fala de São Francisco de Assis, “é dando que se recebe”. Este tipo de favorecimento vai desde a liberação de alvará para um estabelecimento de uso público, sem que estejam preenchidas as exigências legais, até a omissão, deixando de mandar fiscalizar este ou aquele lugar para ver se a lei está sendo cumprida. Basta ter um amigo político para conseguir tudo o que a lei não permite. É assim que a coisa funciona no Brasil e o Litoral Norte não é exceção.
Depois que acontecem as tragédias, os próprios políticos saem à caça de culpados de última hora, inclusive formando as famosas comissões que nunca concluem nada, para apurar a desgraça, como se eles não tivessem nada com isto.
Tragédias não são somente incêndios com muitas mortes. Em menor proporção, menores usando álcool ou drogas em casas noturnas, também não deixam de ser um acontecimento trágico e um prenúncio de acontecimentos ainda mais graves. O pior é quando, por influência política, os fiscais ou a própria polícia, não tomam as providências que deveriam tomar, deixando de fechar os estabelecimentos que transgridem a lei. Este é o jeitinho brasileiro de agir, como se nada de errado estivesse acontecendo.
Os verdadeiros culpados, ou sejam aqueles que exerceram seu poder para que a lei não fosse cumprida, nunca serão molestados, ou quem sabe, passarão anos até que ocorra eventual condenação. A principal punição será na consciência de cada um, se é que eles sabem o que é isto. Torço para que nunca tenham paz. É o mínimo.
Só para lembrar, já passaram três anos deste fatídico acidente, sem que, até agora, qualquer pessoa tivesse sido punida. Isto é Brasil.
