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Obras de duplicação do trecho de serra da Tamoios continuam em execução

Tamoios News

As obras de duplicação do trecho de serra da rodovia dos Tamoios continuam, apesar da pandemia do coronavírus. São cerca de 1.500 trabalhadores trabalhando no local.

A prefeitura de Caraguatatuba tentou paralisar o trabalho, visando garantir a saúde dos trabalhadores, mas a justiça rejeitou o pedido.

A duplicação do trecho de serra estava prevista para ser entregue em dezembro de 2020, mas ocorreram alguns atrasos e a obra, orçada em cerca de R$ 3 bilhões, deverá ser concluída em 2021.

As obras dos contornos Norte e Sul, orçadas em R$ 1,5 bilhão, permanecem paralisadas desde 2018. O governo do estado busca alternativas para a retomadas das obras, que estão cerca de 75% executadas. Os contornos são fundamentais para agilizar o fluxo de veículos em direção até Ubatuba e São Sebastião, sem passar pela região central de Caraguatatuba.

Obras

Mathias Loch, engenheiro civil, e Robinson Ávila,gerente de engenharia fizeram um estudo sobre o andamento das obras de duplicação do trecho de serra da Tamoios.

Atualmente, encontra-se em andamento a obra de Duplicação da Rodovia dos Tamoios​ (SP-099) no Trecho Serra, compreendido entre o km 60,48, em Paraibuna, até o km 82,00, em Caraguatatuba. Esse trecho de duplicação fará a transposição da Serra do Mar, dentro do Parque Estadual da Serra do Mar.

A extensão total do novo traçado para a duplicação da ​Rodovia dos Tamoios​ – Trecho Serra é de 21,5 km, o qual é constituído por um trecho de cerca de 4 km paralelo à pista existente e mais 17,5 km em traçado novo. Do total, serão 12,8 km em túneis, 2,6 km em viadutos e pontes e 6,1 km em terraplenagem.

Para a construção do Viaduto 3 e do emboque do Túnel 3 – Lado São José dos Campos, sem a necessidade de abertura de acessos e caminhos de serviço pela mata da região, a melhor alternativa encontrada foi a utilização do cable crane.

Cable crane

Os principais objetivos com a introdução desse sistema inovador são a implantação do Viaduto 3 (com tabuleiro de aproximadamente 310 m de extensão e quatro apoios intermediários e dois encontros, um no término do caminho de serviço 1B e o outro próximo ao emboque do túnel T3-4), e implantação do emboque do Túnel 3 4 – Lado São José dos Campos (contenção em solo grampeado de 3.751 m², cortina atirantada de 400 m² e enfilagens).

O projeto foi concebido em conjunto com a​ ​Construtora Queiroz Galvão​ e a empresa austríaca LCS Cable Cranes. A fabricante do equipamento utilizado na obra atua há mais de 20 anos com transporte de cargas em terrenos acidentados.

Apresenta-se neste trabalho estudo de caso de um projeto pioneiro no Brasil implantado pela ​Concessionária Tamoios​ na ​Rodovia dos Tamoios ​– SP/099, na altura do km 72+500. Em uma região de difícil acesso e coberta totalmente por vegetação nativa, a construção de um viaduto de 315 m em curva e um emboque de túnel está sendo realizada com uma tecnologia inovadora, o cable crane, que é um teleférico de carga, que transporta insumos, equipamentos e trabalhadores, conduzidos por cabos aéreos, que são sustentados por duas torres metálicas.

A empresa já executou mais de 20 projetos nos ​cinco continentes utilizando o equipamento. No Brasil, é o primeiro e foi dotado de características específicas de engenharia, que tiveram que ser minuciosamente projetadas e planejadas. Movido por motores, elétrico e hidráulico, o guincho iça as cargas e as transporta por cabo de aço por um trecho de 394 m de vão entre duas torres, uma delas com 42 m e a outra com 35 m de altura. A capacidade do sistema é de até 20 t.

Principais características técnicas do equipamento:

Fabricante

LCS Cable Cranes; origem – Áustria; distância entre torres – 394 m; diâmetro cabo principal – 65 mm; diâmetro do cabo de movimentação – 30 mm; capacidade de carga – 20 t; velocidade de deslocamento – 4 m/s; velocidade de içamento – até 1,5 m/s com 2.000 kg; capacidade da cabine 10 pessoas; altura da torre 1 – 42,1 m; altura da torre 2 – 34,9 m; sistema de controle da operação – 6 câmeras; controle remoto (içamento de carga) – 2 dispositivos.

Devido uma das torres (Torre 1) estar em um lado inacessível, a montagem do cable crane exigiu uma operação complexa, com duração de 120 dias e apoio de um helicóptero. A tarefa contou com o auxílio de quatro especialistas da matriz austríaca, além de aproximadamente 25 funcionários e técnicos da Queiroz Galvão, que passaram pela necessária qualificação.

A Torre 2 foi projetada em módulos, de forma que seus tamanhos não ultrapassassem a capacidade de carga do helicóptero.  Esse helicóptero com capacidade de carga de 3.500 kg foi locado especialmente para fazer a movimentação e encaixe dos módulos que compõem as duas torres, o mais pesado com 3.200 kg. A aeronave precisou fazer 35 viagens com os elementos para a montagem, somente da Torre 1.

Mas antes disso foram realizados vários testes e simulações, para que no dia da montagem tudo corresse de maneira segura e com o máximo de precisão.

As peças foram içadas com um cabo long line preso ao helicóptero, com dois dispositivos: um para possibilitar que a carga fosse solta pelo gancho de baixo e outro próprio para ser utilizado em situações de emergência, caso precisasse ser solto por completo numa eventual necessidade de aliviar a carga da aeronave. Um dos principais desafios na logística de montagem das torres foi deixar o long line no comprimento adequado para manter a exatidão no alinhamento da carga içada. Tudo exigiu muita precisão, paciência e trabalho em conjunto.

O cable crane superou as expectativas nas atividades previstas no plano de viabilidade/operacional tanto em performance como em sua versatilidade de propiciar transporte de equipamentos pesados, insumos, pessoas e grandes volumes de material proveniente de cortes e escavações do Túnel 3.

Com início de operação em março de 2019, pode-se constatar a eficiência do cabo aéreo em todas as tarefas planejadas.