O Litoral Norte começa a dar seus primeiros passos para transformar, efetivamente, a observação de baleias e golfinhos num novo atrativo turístico regional. No ano passado mais de 80 baleias foram vistas na região. Nos últimos dez dias, 34 baleias já foram avistadas. Tudo indica que a observação de baleias e golfinhos deve se transformar numa grande e nova atração turística no Litoral Norte
Por Salim Burihan
O ambientalista Júlio Cardoso, do Projeto Baleia à Vista, de Ilhabela, um dos pioneiros na observação de baleias no Litoral Norte e um dos maiores defensores da transformação da observação de cetáceos em atrativo turístico regional, será um dos palestrantes de um simpósio internacional sobre esse assunto, que começa nesta quinta(13), em Vitória, no Espírito Santo.
O II Simpósio Latino Americano Sobre o Turismo de Observação de Baleias: Status e Perspectivas para a América Latina, que acontece de amanhã até sábado, em Vitória, é promovido pelo Projeto Baleia Jubarte, Sebrae, Petrobras e Prefeitura de Vitória.
Vão participar do evento profissionais como o brasileiro Sérgio Cipolotti, do Instituto Baleia Jubarte; a chilena Marinella Ossandón, do Maryterra Expedições; da argentina Teresa Kaminski, do costa-riquenho Javier Rodriguez; e de Ileana Messina, da República Dominicana, entre outros.
Cardoso, que desde 2004 monitora e registra a passagem de baleias e golfinhos no Litoral Norte, abordará o tema Ciência Cidadã Contribuindo para o monitoramento de cetáceos”, no dia 14, sexta, às 10 horas.
“As baleias não conhecem a nossa região e as pessoas também ainda não conhecem bem o comportamento delas e nem sabem, muitas vezes, que as baleias estão por aqui. Temos que divulgar as regras e fazer com que as baleias sem preservadas e respeitadas”, contou.
Segundo Cardoso, as baleias estão chegando em turma, dão uma paradinha para descanso e alimentação no canal de São Sebastião, antes de seguirem no caminho de Abrolhos para a procriação.
Cardoso explica que o maior problema é que as elas estão encostando em praias e costões talvez buscando comida e acabam se enroscando em redes, cercos e poitas, por isso, é preciso uma campanha para orientar e conscientizar pescadores e donos de embarcações sobre a preservação e até mesmo com resgatá-las.
Turismo
Cardoso, idealizador do Projeto Baleia à Vista e membro da diretoria do Iate Clube de Ilhabela, defende há alguns anos a ideia de se transformar a observação de baleias e de golfinhos em atrativo turístico.
Ele contou que durante a passagem das baleias pela região, no ano passado, foi impressionante o número de pessoas que foram ao mar, para apreciá-las. As baleias viraram atração turística.
“Ainda não temos um turismo de avistagem de baleias e golfinhos bem estruturado e será importante que isso ocorra para que as normas de avistagem sejam respeitadas, para se preservar esses animais”, destacou.
No ano passado, 83 baleias foram registradas na região: 42 da espécie jubarte; 19, da espécie bryde; 16 da espécie orca; e, seis baleias franca.
Nos últimos dez dias, 34 baleias foram avistadas no Litoral Norte. Tudo indica que o número de baleias deverá bem maior este ano.
“O turismo de avistagem de baleias e golfinhos feito de forma sustentável e responsável, respeitando as normas existentes e tomando os cuidados necessários para não interferir no comportamento dos cetáceos, é uma atividade que gera muito emprego e sustenta muita gente e muitas empresas”, contou.
Segundo ele, este tipo de turismo pode ser um importante aliado para a ciência e o conhecimento sobre as espécies, os habitats que frequentam e seu comportamento, pois tudo isso se observa ao avistarmos baleias e golfinhos além de possibilitar o uso da ferramenta da Foto Identificação que ajuda a ver onde está, onde passou, cada animal fotografado.
No mundo todo, em especial nos países mais desenvolvido, este tipo de turismo de observação de baleias e golfinhos, tem importante peso econômico dentro do setor turístico.
“Ele pode ser praticado desde pontos fixos em terra, que tenham boa visibilidade para áreas de presença de baleias, como é o caso da baleia Franca, em Imbituba(SC) ou embarcado como se faz na Bahia e no Espirito Santo. O turismo embarcado exige cuidados e procedimentos especiais com a segurança dos passageiros e dos animais e é importante que os operadores sejam treinados e certificados para operar dentro dessas normas”, destacou.
Segundo Cardoso, há estimativas da Comissão Baleeira Internacional(na ONU) de alguns anos atrás que indicavam que no mundo havia cerca de 1.600 empresas de turismo de avistagem de baleias, que geravam cerca de US$ 2 bilhões de faturamento anual.
No Brasil, segundo Cardoso, este tipo de turismo, infelizmente, ainda é’ pouco desenvolvido, por falta de investimentos e não, por falta de baleias. Além do simpósio no Espírito Santo, Cardoso colocará o assunto, também, para ser discutido em Ilhabela, em julho, durante a semana internacional de vela.
Normas para observação
Com a chegada das baleias, o Projeto Baleia à Vista, intensificou as divulgações sobre as normas, para evitar que baleias sejam feridas ou interrompam a amamentação de seus filhotes devido ao grande número de embarcações que devem se aproximar delas para vídeo, fotos e selfies.
As normas são as seguintes: manter distância adequada (100m); não perseguir e nem bloquear as baleias; ao avistar uma baleia reduzir a velocidade e parar se necessário a embarcação, para evitar acidentes e distúrbios; e, nunca manter mais de duas embarcações próximas a uma baleia durante numa avistagem.
“ Quem navega pela região e, especialmente, o pessoal que faz turismo de pesca próximo as ilhas de Búzios e Vitória, quem faz passeios ao Bonete e Castelhanos ou navega ao redor da Ilhabela, sempre pode ter a sorte de avistar alguma baleia ou grupo de golfinhos e isso é uma experiência fantástica”, garante Cardoso.
Quem quiser saber mais sobre o Projeto Baleia à Vista ou ser um colaborador dele é só entrar no site www.projetobaleiaavista.com.br, na página do facebook @projetobaleiaavista ou enviar um e-mail para projetobaleiaavista@gmail.com.