
Mapa mostra de forma coletiva os grandes empreendimentos da região e os impactos que são gerados
Levantamento mostra não só os empreendimentos já concluídos, mas também os que estão em execução e os projetados para o futuro, de um modo conjunto
Por Ricardo Hiar, de Caraguatatuba
O Litoral Norte de São Paulo tem passado por diversas transformações nos últimos anos, principalmente com a instalação de grandes empreendimentos, como a Base de Gás em Caraguatatuba e a duplicação da Rodovia dos Tamoios.
Como cada um desses processos acontece isoladamente, não havia até então uma maneira de perceber todos os impactos gerados por eles em toda a extensão territorial.
Foi pensando em suprir essa lacuna e trazer subsídios para estudos mais direcionados e formas de preservar a região é que o Observatório Litoral Sustentável desenvolveu um mapeamento dos grandes empreendimentos. O trabalho, que já está pronto e disponível para consulta, inclui não apenas o que já está pronto, mas também aqueles empreendimentos em fase de projeto ou desenvolvimento.
O grupo, que tem como proposta realizar uma agenda de desenvolvimento sustentável no Litoral Norte e Baixada Santista, trabalhou por pelo menos seis meses para conseguir levantar todos os dados e definir os detalhes desse mapa das ações sofridas na região.
De acordo com a coordenadora do Observatório Litoral Sustentável, Danielle Klintowitz, as ações do projeto começaram em 2014, mas já como resultado de outras atividades realizadas anteriormente, desde 2011, com esse viés do apoio e incentivo ao desenvolvimento sustentável.
“A sociedade sentia a necessidade uma instituição que ancorasse essas ações. Por isso criou-se o Observatório, quem mantém convênio com a Petrobras e o Instituto Pólis. Dentro desse grupo criamos algumas câmeras temáticas, entre elas, a dos grandes empreendimentos˜, completou. Segundo explicou, para consolidar esses resultados, um dos caminhos foi a promoção de diálogos entre os empreendedores da região, a sociedade civil e o Poder Público.
“Ao longo desses encontros percebemos a necessidade de entender quais eram esses grandes empreendimentos, as áreas afetadas e onde estão. Nem o IBAMA tem essa visão completa de todos os empreendimentos juntos, porque são licenciados individualmente”, contou.
Para construir o mapa com todos os empreendimentos, o Instituto Polis definiu uma lista, que foi feita coletivamente, com todos as grandes obras e investimentos da cidade. Depois levantou dados individuais, tanto por meio dos órgãos licenciadores, quanto pelos próprios empreendimentos. Por fim, eles foram alinhados no mapa, que mostra as interligações e permite avaliar os impactos coletivos. “Faz uma diferença muito grande olhar eles de forma coletiva, como são impostas no território, do que olhar separadamente. É possível entender o impacto sinergético entre eles”.
O mapeamento agrega informações sobre a infraestrutura, dados demográficos e econômicos. “O resultado ajuda entender o panorama do território e as transformações que sofrerá. Nele é possível, por exemplo, ver claramente uma estratégia do Governo do Estado de fazer um maior escoamento de material por essa região. Está em andamento uma operação de logística muito grande, com investimento grande. Essas estruturas geram impactos profundos na região tanto ambiental, quando social. Tem a atração grande de população, pois as próprias construções trazem uma série de trabalhadores que, em muitos casos, se fixam na região”, completou.
Segundo a coordenadora, esse panorama afeta diretamente o meio ambiente, principalmente devido falta de emprego, e condições de infraestrutura e urbanização. Além disso, tem a peculiaridade de comunidades tradicionais, quilombola, caiçaras e indígenas, que correm riscos de ter o território comprometido e invadido com esse aumento populacional.
“Muito importante do projeto é a transparência e a necessidade de conhecimento da população em geral, sobre esses empreendimentos. A sociedade não é esclarecida sobre os empreendimentos que serão instalados em seu território. Não se tem clareza. Essa é uma das principais riquezas do mapa e desse trabalho, para levar mais informação para a população”, completou Danielle.
Para mais informações e acesso ao mapa, o link é: https://goo.gl/tYcNbR.