O Instituto Conservação Costeira (ICC), com sede no Litoral Norte de São Paulo, foi eleito delegado nato da sociedade civil paulista para a 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente (CNMA), que será realizada de 6 a 9 de maio de 2025, em Brasília. A escolha foi feita pelo Comitê Organizador Estadual (COE-SP) e reconhece a atuação do Instituto na conservação da Mata Atlântica, no enfrentamento da crise climática e na articulação de políticas públicas com base territorial.
“Essa conquista é coletiva. Representar o estado de São Paulo na Conferência Nacional do Meio Ambiente é uma responsabilidade imensa e uma oportunidade de levarmos a voz do território, das populações vulneráveis e dos biomas ameaçados como a Mata Atlântica”, afirmou Fernanda Carbonelli, presidente do ICC.
Com o tema “Emergência Climática: os desafios da transformação ecológica”, a CNMA retorna após mais de uma década e será organizada em cinco eixos: mitigação, adaptação e prevenção de desastres, justiça climática, transformação ecológica e governança ambiental. O evento é considerado o principal espaço participativo para a formulação de políticas públicas ambientais no país.
Educação climática como legado
Entre as principais iniciativas apresentadas pelo Instituto está o programa Escolas Seguras, desenvolvido em parceria com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden). O programa atua na formação de estudantes e educadores da rede pública para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas e reduzir os riscos em comunidades vulneráveis.
Em 2024, o programa atendeu 1.500 alunos em quatro escolas. Em 2025, está sendo ampliado para oito unidades da rede pública, com o objetivo de alcançar 3.000 estudantes. A nova fase conta com patrocínio da ONG Gerando Falcões e parceria da Prefeitura de São Sebastião.
Restauração ambiental com inovação
O projeto Restaura Litoral, criado um mês após a tragédia climática de 2023 no Litoral Norte, também será levado à conferência como exemplo de inovação e resposta rápida. Apresentado em tempo recorde ao Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA), o projeto promove a restauração de encostas por meio de drones e cápsulas de sementes nativas.
A iniciativa é financiada por recursos privados, com apoio do Governo do Estado de São Paulo. Conta com patrocínio da concessionária Tamoios e da ONG Gerando Falcões, execução técnica da Atlântica Consultoria Ambiental, em parceria com a Ambipar, e apoio do Ministério Público Estadual, do Ministério Público Federal, da Fundação Florestal, da Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística do Estado de São Paulo, da Prefeitura de São Sebastião e da sociedade civil da Costa Sul do município.
Em 2024, o projeto foi premiado internacionalmente em Londres, no Global Good Awards, na categoria “Recuperação e Regeneração”.
Defesa da Mata Atlântica e protagonismo local
O ICC também atua na co-gestão da Área de Proteção Ambiental (APA) Baleia-Sahy, que protege mais de 3,9 milhões de metros quadrados de Mata Atlântica entre as praias da Baleia e da Barra do Sahy. A unidade abriga espécies ameaçadas de extinção e tem papel estratégico na regulação hídrica e na prevenção de desastres.
Além disso, a organização participa do programa São Sebastião Resiliente, voltado à criação de barreiras verdes e unidades de conservação em áreas sensíveis do município, unindo planejamento urbano, conservação ambiental e prevenção de riscos.
Reconhecido como a Melhor ONG do Brasil na categoria Meio Ambiente e Sustentabilidade em 2024, o Instituto Conservação Costeira também ocupa uma cadeira titular no Conselho Estadual de Mudanças Climáticas (CEMC), reforçando sua atuação técnica e política no estado.
A presença do ICC na CNMA leva à capital federal não apenas experiências bem-sucedidas, mas a força dos territórios costeiros e da sociedade civil que enfrenta, diariamente, os efeitos da emergência climática.
Por Poio Estavski
