O lixo e restos de comida deixados na areia pelos banhistas tem causado o aumento da presença de pombos em praias badaladas do Litoral Norte. O pombo pode transmitir doenças graves. As prefeituras conscientizam os banhistas a evitarem alimentar as aves
Por Salim Burihan
O lixo e alimentos deixados na areia por banhistas tem colaborado no aumento da presença de pombos em praias do Litoral Norte.
A presença dessas aves na areia pode ser constatada em praias muito frequentadas como Martim de Sá, em Caraguá; Praia Grande, em Ubatuba; e, até mesmo Maresias, em São Sebastião.
A presença de pombos nas praias é alvo de preocupação ambiental e de saúde pública. Segundo infectologistas, essas aves são transmissoras de doenças.
As prefeituras, através da Vigilância Sanitária, poderiam promover campanhas de conscientização para que a população não alimente as aves ou deixe lixo e comida na praia.
Segundo especialistas, em locais onde há fartura de alimento ou comida na areia, ocorre o aumento da população dessas aves. Se não forem deixados lixos e alimentos na areia a tendência é que a população de pombos seja reduzida, diminuindo os riscos de doenças as banhistas.
Riscos
Os pombos fazem suas fezes na areia. Os fungos das fezes transmitem as doenças que podem levar até à morte.
Cerca de 57 doenças já estão catalogadas como transmitidas pelos pombos, tais como histoplasmose, salmonella, criptococose, meningite, e também de alergias, como asma, rinite e dermatites.
Em Santos, onde a presença de pombos nas areias também tem sido comum, duas pessoas já morreram este ano por doenças transmitidas pelas aves.
A última delas, em agosto deste ano, foi o empresário José Wilson de Souza, de 56 anos. Em quatro meses, uma dor de cabeça insistente avaliada por mais de dez especialistas evoluiu para um quadro irreversível.
Algumas cidades, como Balneário Camburiu(SC), a prefeitura distribue um folheto para os proprietários dos quiosques e população em geral quanto aos cuidados e, principalmente, para que não alimentem os pombos e acondicionem o lixo corretamente.
Vale lembrar que os pombos são protegidos por lei (lei n 9605/98 – lei de crimes ambientais) e não podem ser mortos.
Litoral Norte
Segundo moradores é comum a presença de pombos nas vielas de acesso a praia de Maresias, na costa sul sebastianense.
Na Ubatuba, a Praia Grande, a praia mais frequentada da cidade, os pombos aparecem próximos aos quiosques, atraídos por lixo e resto de comida.
Na Martim de Sá, a mais conhecida de Caraguá, é comum ver as aves sobrevoando ou próximas aos banhistas no Quiosque Canto Bravo, um dos mais frequentados da orla.
O gerente do quiosque, Gabriel Ferreira, disse que alguns clientes reclamam outros, preferem espantar os pombos quando eles se aproximam das mesas.
“O pessoal lança alimento em direção aos pombos e, isso, atraí cada vez mais as aves. No verão, aumenta muito a população de pombos no quiosque”, disse.
Segundo ele, seria interessante a prefeitura fazer uma campanha para orientar os banhistas a não alimentarem os pombos ou evitarem deixar alimento e lixo na areia.
O veranista Walter Silva, de Campinas, disse que quando vai com os netos na Martim de Sá, evita ficar próximo ao quiosque por receio de que as crianças possam contrair algum tipo de doença.
“Acho que a prefeitura deveria promover uma ação no sentido de conscientizar as pessoas a evitarem deixar restos de alimentos na areia. Percebi que a comida é que atraí as aves”, disse Walter.
Prefeituras
A Prefeitura de São Sebastião informa que o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) não tem registros de denúncias quanto à presença de pombos nas praias do município.
Quando recebidas denúncias relacionados a existência de pombos em algum ponto da cidade, é realizada a orientação para essas aves não sejam alimentadas.
Em todo caso, em ações de fiscalização, a Vigilância Sanitária orienta constantemente ambulantes e comerciantes para que não deixem sobras de comida espalhadas pelo chão/areia e, que o lixo seja acondicionado em local adequado.
A Vigilância Sanitária também orienta banhistas para que não deixem restos de comida jogados na praia, uma vez que este pode servir de fonte de alimento para estes animais.
A Prefeitura de Caraguatatuba Informou informou que o controle é feito pelo Centro de Controle de Zoonoses e o órgão atende denúncias referente aos pombos pelo 156. Sempre são realizadas orientações de como minimizar a presença destes animais em locais como praças e onde há muitos comércios (principalmente pipoqueiros).
A orientação dada é de não alimentar os animais no local e realizar o armazenamento de lixo em locais adequados. Importante lembrar que eles só aparecem pela questão do alimento fácil. O CCZ não pode capturar e eliminar, pois existe legislação que regulamenta.
A Prefeitura de Ubatuba informou que realmente procede a informação. Segundo a prefeitura, a Praia Grande tem muitos pombos devido a restos de alimentos e lixo descartados de modo inadequado.
A Vigilância em Saúde, através da Vigilância Ambiental promove orientações e atende denuncias referentes a este tema e a Vigilância Sanitária atua na fiscalização nos estabelecimentos e ambulantes de alimentos.