Coral-sol prejudica a biodiversidade e mata corais nativos
Por Raell Nunes
A propagação do coral-sol nas águas do Litoral Norte é uma realidade, assim como a ameaça evidente ao ecossistema marinho. Este contexto vem preocupando pesquisadores e especialistas em meio ambiente. A Ilha Anchieta, recentemente invadida, está tomando algumas precauções.
Em expedição para tentar controlar a ação do coral-sol, a equipe de profissionais da Ilha monitorou e identificou a espécie exótica nos costões do local. Foram detectadas 5.248 colônias de coral-sol, na qual foram feito o mapeamento e o manejo.
Para a gestora da Ilha Anchieta, Priscila Saviolo, o Plano Nacional Estratégico de Espécies Exóticas apresenta a necessidade de identificar a presença do coral-sol, bem como manejar e monitorar.
“A expedição foi um importante passo para contenção desta espécie tão agressiva, que compete com as espécies nativas. Estamos contribuindo não só com a vida marinha ao redor da ilha, mas também com a biodiversidade no Litoral Norte”, diz.
Conforme a pesquisadora Kátia Capel, que desenvolveu uma tese tratando do assunto, os prejuízos causados pelo coral-sol ao meio ambiente em geral. “A biodiversidade que temos não está preparada para responder às ações do coral-sol”, afirma.
A velocidade da reprodução e a precocidade da maturidade reprodutiva do coral-sol são os grandes responsáveis pelo seu potencial destrutivo. As espécies se reproduzem por meio da liberação de larvas pelos coralitos. Elas vagam pelo oceano até encontrar um lugar apropriado para se assentar.
O coral-sol é originário do Indo-Pacífico e chegou ao Caribe na década de 1940, incrustado em cascos de navios. No Brasil, as primeiras colônias foram encontradas nos anos 1980, em plataformas de petróleo na Bacia de Campos, Rio de Janeiro.
A ação dele no Litoral Norte, principalmente em Alcatrazes, é visível e torna a situação ainda mais preocupante. “Está comprovada a diminuição da quantidade e diversidade de peixes onde o coral-sol está presente”, diz o oceanógrafo e presidente do Instituto Argonauta, Hugo Gallo.