Política

Prefeito de Caraguá desiste de renúncia pela segunda vez

Tamoios News
Jorge Mesquita
Jorge Mesquita

O chefe do Executivo afirma que agora ficará no cargo até o final do ano

“O que ocorreu foi um momento de fraqueza”, afirmou Antonio Carlos sobre o anúncio da saída em abril

Por Ricardo Hiar, de Caraguatatuba

O prefeito de Caraguatatuba, Antonio Carlos da Silva (PSDB), desistiu mais uma vez de renunciar ao cargo. Esta é a segunda vez que o chefe do Poder Executivo municipal anunciou que deixaria a gestão da cidade e voltou atrás. Agora ele afirma que segue na função até o final do mandato, em 31 de dezembro deste ano.

No final de 2015, Silva declarou que ele e seu filho, o vice prefeito Antonio Carlos da Silva Júnior, deixariam a administração da cidade em abril. Na ocasião, ainda disse que não se tratava de uma renúncia, mas de uma “transição” de cargo. Segundo justificou, precisava de mais tempo para se dedicar a projetos pessoais e não queria estar como prefeito durante as eleições municipais de outubro. Quem assumiria os últimos meses do mandato seria o presidente do Legislativo, Oswaldo Pimenta de Mello Neto, o China (PSB).

A primeira vez que o Silva falou sobre deixar a prefeitura aconteceu em 2014. Na ocasião, ele afirmou que estava cansado da política, da falta de apoio do Governo do Estado e que estava enfrentando muitos processos de adversários que queriam atrapalhar a sua gestão. Após 24 horas do anúncio, ele recuou e disse que continuaria à frente da prefeitura.

A renúncia nas duas vezes foi programada. No primeiro anúncio ele afirmou que renunciaria oficialmente em 90 dias. Na segunda, disse que a saída ocorreria em até 120 dias. 

Ação divide opinião de munícipes

A notícia sobre o prefeito ter ficado no cargo, divide opiniões de moradores. A diarista Fátima de Oliveira Soares, 43, disse ter gostado da decisão. “O Antonio Carlos é um bom prefeito. Que bom que ele vai ficar no cargo”. Essa também é a opinião do serralheiro José Raimundo Sousa, 55. “Eu votei nesse prefeito, então acho que ele tem que ficar até o fim. Pra que sair antes?”, questionou.

A balconista Vivian Dias, 26, discorda. “Se ele fala que vai sair e não sai, está mostrando que não tem palavra. Foi a segunda vez que fez isso, já virou palhaçada”.

O vendedor autônomo Valter Santos, 46, também não gostou da situação. “Uma prefeitura é algo sério, não pra uma hora falar quero ficar, outra hora falar quero sair. Se não estava querendo, porque se candidatou? O povo votou nele e está sendo desrespeitado. Já que falou duas vezes que ia sair é porque não está querendo ser prefeito, então que saia. Mas não botei muita fé dessa vez, porque essa história de que vai sair e marcar uma data lá na frente, é coisa de quem quer só chamar atenção. Quem quer sair, sai na hora”, afirmou.

Outro lado

A reportagem do Tamoios News questionou o prefeito sobre essas ações e os impactos que elas geram para a cidade. Na entrevista, recebida por e-mail, ele falou a respeito de processos e sobre ter feito o anúncio num momento de fraqueza. Ainda assim, afirmou que não há instabilidade política na cidade.

Tamoios News – Qual foi a justificativa para anunciar que deixaria o posto em abril de 2016?

Antonio Carlos da Silva – Em nosso país, a corrupção está generalizada. A imagem que temos é de que ‘todo político é bandido’. Mas a minha maior preocupação sempre foi e sempre será com a gestão pública. O que ocorreu foi um momento de fraqueza. 

TN – O que mudou e agora o motivou a permanecer no cargo?

ACS – Fui eleito prefeito de Caraguá pela quarta vez e, portanto, o apelo da população foi um fator muito forte para continuar. Inclusive, pesquisa realizada pela Rádio Caraguá FM apontou que 83% moradores não queriam que eu renunciasse. Importante esclarecer para todos os cidadãos, que hoje, o Poder Judiciário e o Tribunal de Contas discutem a formalização dos processos e não observam os preços.

Por exemplo, se você contrata um serviço com o preço lá em baixo, possivelmente o processo será apontado como errado. Tudo isso é muito burocrático e, por causa de um erro burocrático, posso ganhar um processo enorme e ainda passar por ladrão. Tenho mais de 40 processos em quatro mandatos de prefeito.

E ainda se o advogado perde o prazo, eu sou ladrão. Isso precisa ser revisto! Temos hoje, na prefeitura, R$ 160 milhões em caixa. Estou até com receio de gastar este dinheiro previsto no orçamento, pois posso vir a ter que me defender em mais 30 processos. Não é fácil ser prefeito. 

Peço desculpas por este momento de fraqueza, mas devido ao apelo da população e o respeito que tenho pelo orçamento municipal e as políticas públicas, permaneço no cargo até dia 31 de dezembro.

TN – Esta foi a segunda vez que o prefeito divulgou essa notícia e depois voltou atrás. Isso não gera uma instabilidade política na cidade?

ACS – Não há clima de instabilidade política e nem na gestão pública. Eu só tenho o que agradecer à minha equipe. Todos os profissionais fazem um excelente trabalho e não deixam que Caraguá interrompa o grande ciclo de desenvolvimento e crescimento que estamos passando. 

TN – Como a prefeitura vem trabalhando quando há esses anúncios de uma possível saída do prefeito?

ACS – Os investimentos da prefeitura em todas as áreas continuam, principalmente na educação, na saúde e no social. Afinal, nosso objetivo é tornar Caraguá uma cidade ideal para visitar, investir e viver.

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