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Manifestações ocorridas em Juquehy preocupam moradores, veranistas e autoridades

Tamoios News
Veranista reclama da hostilidade por por parte de um grupo de moradores de juquehy após ser expulso da praia

As manifestações ocorridas em Juquehy, na terça(19) e quarta-feira(20) assustaram  moradores, veranistas e turistas. Nas praias da costa sul, o comentário é de que teria havido muita agressividade por um grupo de moradores no fechamento da Rio-Santos, na noite de terça(19) e também, na “expulsão” de banhistas da praia, na quarta-feira(20).

As ações, que segundo consta, teriam ocorrido com apoio da prefeitura, visaram criar um conflito desnecessário entre moradores e visitantes em plena pandemia de coronavírus. Para as pessoas que possuem segunda residência na cidade, o que ocorreu em Juquehy pode ser classificado como uma luta de classes e não uma ação específica de saúde.

Segundo eles, impedidos de trabalharem, por causa do decreto municipal,  o grupo liderado por Pauleteh Araújo resolveu descarregar sua ira contra as pessoas que se dirigiam para a região na terça-feira e que se encontravam na praia, na quarta-feira.

Se a prefeitura não tomar alguma providência, a situação pode piorar e acirrar ainda mais os ânimos. Preocupadas, algumas famílias da costa sul estão proibindo seus filhos de irem as ruas. Algumas pichações podem ser vistas em Juquehy protestando contra a presença dos turistas durante a quarentena.

Pichação no campo de futebol de Juquehy

Para os veranistas, a prefeitura deveria impedir e não estimular isso. Afinal, não são apenas os visitantes que buscam as praias, grupo de moradores se reúnem diariamente para jogar futebol, como ocorre na Baleia e em outras praias.  Mesmo com a praia liberada, o esporte coletivo está proibido.

Moradores jogam futebol durante a quarentena na praia da Baleia

São Sebastião vive e depende do turismo. A cidade com cerca de 80 mil habitantes, segundo declarações do próprio prefeito, estaria com 150 mil turistas no mega feriado, mas presidentes de associações de bairros da Costa Sul de São Sebastião dizem que a ocupação não atinge 30% das residências com os veranistas.

A Polícia Civil de São Sebastião instaurou inquérito para apurar as manifestações, que provocaram a interdição da Rio-Santos por várias horas, na terça e, também, as agressões verbais contra turistas e veranistas ocorridas na manhã de quarta(20) na praia do bairro.

Reveja a manifestação ocorrida na Rio-Santos na noite de terça-feira:

 

Reveja o vídeo dos banhistas sendo expulsos da praia de Juquehy na manhã de quarta-feira(20):

As duas ações teriam ocorrido com o apoio da prefeitura de São Sebastião, segundo consta na conversa registrada em um áudio, que está sendo periciado pela polícia civil, envolvendo o prefeito da cidade e um ambulante de Juquehy, Pauleteh Araújo, que seria um dos organizadores dos atos. Pauleteh negou que tenha sido um dos líderes das manifestações e alegou desconhecer que não poderiam interditar a rodovia, segundo suas declarações na polícia civil.

A maioria dos veranistas que presenciou as duas ações, lamentou a atitude da prefeitura, por apoiar ações consideradas agressivas e ameaçadoras, feitas por um grupo isolado de moradores, segundo consta, mais interessado em criar conflito e atrair a atenção da mídia, do que em orientar e conscientizar a todos sobre a importância de reduzir a aglomeração de pessoas nas praias da costa sul devido a pandemia.

Nenhum dos veranistas e turistas se posicionou contra o bloqueio sanitário das estradas, até porque, não se pode proibir a circulação de veículos nas rodovias do estado de São Paulo.

Tão pouco, se mostraram contrários ao uso das praias, desde que, feito de maneira ordeira e educada, mas nunca sob ameaças e constrangimentos. Quem esteve na praia de Juquehy, na manhã de quarta, afirma que não havia necessidade de truculência e ofensas por parte de um grupo de moradores locais, como ocorreu.

Tem gente que afirma, que até mesmo funcionários da prefeitura, se deixaram envolver pelo clima hostil, jogando carros, motos e até tratores em direção as famílias que estavam na praia com suas crianças.

Naquela quarta-feira(2), a maioria dos veranistas, desconhecia que a praia- naquele dia, em plena quarta-feira estivesse fechada para uso, pois um decreto da prefeitura havia liberado o uso das praias de segunda até quinta-feira.

Os veranistas, ouvidos pelo Tamoios News, garantem que não receberam e nem foram informados de que naquele dia, quarta-feira(20), não poderiam ir até a praia porque a prefeitura tinha decidido fechá-la devido ao mega feriado. Faltou comunicação, mas sobrou truculência.

Apuramos que tal situação teria ocorrido apenas em Juquehy. Nas demais praias da costa sul ou nas praias  da região, as prefeituras fizeram a fiscalização de maneira correta, sem alardes ou confusões. Os moradores participaram do fechamento dos acesso, mas dialogaram com os banhistas, que teriam sido tratados com muito respeito, como ocorreu, por exemplo em Barra do Sahy e Itamambuca, em Ubatuba.

O que ocorreu em Juquehy, foi um episódio a parte e constrangedor, segundo os veranistas. Para aqueles que presenciaram a interdição da estrada e a retirada de banhistas da praia teria faltado preparo, planejamento e educação por parte da prefeitura e do grupo de manifestantes.

 Atitude covarde

O veranista “S”” tem casa de veraneio em um condomínio de Juquehy há cinco anos.  Quando foi anunciada a quarentena, optou em trocar o apartamento da capital pela casa da praia.

O motivo é simples. “S” é casado e tem três filhos, um de nove meses, outro de cinco e um terceiro, de seis anos de idade. Optou em vir para São Sebastião por causa dos filhos. A casa de Juquehy, sua segunda residência, oferece um espaço maior para as crianças cumprirem a quarentena.

Há dois meses na cidade e trabalhando diariamente no sistema home office, “S”, só passou a frequentar a praia com a mulher e os três filhos quando a prefeitura liberou o uso delas, de segunda até quinta.

Pois bem, naquela manhã de quarta-feira(20), ele estava na praia com  a mulher e  os três filhos, o menor no carrinho de bebê. O que era para ser um passeio bom e salutar para as crianças acabou se tornando num momento de profundo terror, segundo “S”, que é inglês e diretor de uma empresa na capital.

“Fomos ameaçados e ofendidos por um grupo de pessoas, sem saber o porquê de tudo aquilo. O pior foi ver as máquinas e motos da prefeitura avançando sobre as pessoas, a maioria com crianças, foi uma situação assustadora, meus filhos começaram a chorar, ficaram desesperados. Foi deprimente e totalmente desnecessário, não havia necessidade de tanta agressividade”, conta “S”.

Segundo ele, a família desconhecia que a praia estava fechada, pois pelo o que entendia a praia poderia ser utilizada de segunda a quinta. “S” alegou que desconhecia qualquer comunicado da prefeitura sobre o fechamento da praia naquela quarta-feira(20).

Desesperado e forçado a deixar a praia com a família, “S”, teve que abrir caminho por um terreno com arame farpado para deixar o local.  Acabou ferindo uma das mãos. O grupo de moradores e funcionários da prefeitura tinham terminado de fechar todos os acesso até a praia.

Segundo ele, as pessoas foram praticamente expulsas da praia por um bando de moleques enlouquecidos e por uma atitude lamentável da prefeitura. Ele considerou uma covardia o que a prefeitura fez.

“Não é assim que se faz, é preciso educação. Tem que educar, informar e conscientizar as pessoas. Que eles percorressem a praia de maneira ordenada e sem estardalhaço e ameaças, para informar as pessoas que a praia seria ou estaria fechada naquele dia. Não queremos descumprir nenhum decreto, somos favoráveis a todas as normas para prevenção do vírus. Foi um absurdo o  que ocorreu”, lamentou. “S” disse que as crianças ficaram traumatizadas com o episódio e não querem mais saber de ir à praia.

Conflito desnecessário

O empresário “D” frequenta São Sebastião há mais de 30 anos. Ele tem casa em Juquehy e empreendimentos na costa sul, gera empregos para mais de dez famílias. No episódio ocorrido na quarta-feira, em Juquehy, segundo ele, a prefeitura “deu um tiro no pé”.

Segundo ele, em suas lives, o prefeito deixou claro que apoiava as manifestações e que colocaria, inclusive, a estrutura da prefeitura nas ações. Para “D” a prefeitura precisa rever suas posições.

Ele disse estranhar o fato da prefeitura apoiar um grupo de moradores no fechamento da  praia de Juquehy naquela quarta-feira, pois de acordo com o decreto do prefeito as praias estão liberadas de segunda até quinta. Para “D” não haveria necessidade para tanta truculência por parte do grupo de moradores na interdição da Rio-Santos e na retirada de banhistas da praia na quarta pela manhã.

Segundo ele, os veranistas, mesmo durante a quarentena, gastam nos supermercados, nos postos de gasolina, nas padarias, nos açougues, nas peixarias, enfim continuam gerando emprego e renda e adotando todos os cuidados contra a covid-19. Ele disse que as manifestações de terça e quarta passadas criaram um clima muito ruim, deixando a imagem de que veranistas não são mais bem vindos a São Sebastião.

“Ao invés de gerar um conflito entre um grupo de moradores e veranistas, a prefeitura deveria contratar essas pessoas emergencialmente para que elas fiscalizem as praias, mantendo o distanciamento exigido, evitando aglomerações, impedindo uma possível propagação do vírus. Isso seria o ideal para São Sebastião e para todas as cidades do Litoral Norte”, sugere.

Segundo ele, as prefeituras, como fez São Sebastião deveriam liberar o uso das praias, mantendo o distanciamento social e impedindo as aglomerações. “Praia faz muito bem para todos. Caminhar na areia, em dia de sol,  garante a vitamina D, importante para aumentar a imunidade. O ideal é liberar com regramento e não impedir o uso delas. Os prefeitos devem avaliar isso”, comentou.