Meio Ambiente

Privatização das Áreas de Preservação do Estado Preocupa Ambientalistas

Tamoios News
Divulgação
Divulgação

Projeto do Governador Geraldo Alckmin prevê 30 anos de controle das áreas pela iniciativa privada

Proposta não se aplicaria à APA Baleia-Sahy, em São Sebastião, pois já vem sendo gerenciada pelo Instituto de Conservação Costeira, conforme termo de cooperação e parceria

São Sebastião (SP) – O projeto de lei encaminhado pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) à Assembleia Legislativa, que prevê a privatização de áreas de preservação em todo o Estado de São Paulo, vem preocupando ambientalistas devido às consequências que a proposta poderá causar se essas áreas forem entregues à iniciativa privada e à falta de clareza em seu texto. De acordo com a propositura, caso o projeto de fato seja transformado em lei, as empresas poderão explorar as áreas por 30 anos.

Uma das questões levantadas por ambientalistas é que o projeto prevê a concessão de áreas e não de produtos ou serviços, como estacionamentos, restaurantes e lanchonetes dentro de um parque estadual. Eles acreditam que as comunidades tradicionais não estão sendo consideradas na proposta, que não prevê, também, a regulação da extração de madeiras. Os ambientalistas dizem acreditar que o projeto está sendo conduzido a “toque de caixa”, que não há transparência na condução do processo e que haveria necessidade de maior discussão com a sociedade.

Eles acham estranho que a audiência pública realizada em meados deste mês na Assembleia Legislativa, após muita pressão das comunidades tradicionais, tenha sido divulgada apenas um dia antes de sua realização no Diário Oficial, o que teria impossibilitado os moradores dessas áreas de se organizarem. Outra preocupação é que a Fundação Florestal, que já não tem efetivo suficiente, não teria como fiscalizar o cumprimento dos contratos com as empresas.

Co-gestão de sucesso – Porém, o projeto não se aplicaria à Área de Proteção Ambiental (APA) Baleia-Sahy, localizada em São Sebastião, no litoral norte de São Paulo, pois ela já vem sendo gerenciada pelo Instituto de Conservação Costeira (ICC) – diferentemente de uma iniciativa privada – conforme termo de cooperação técnica para co-gestão da Unidade de Conservação, assinado em novembro de 2013 entre o ICC e a Prefeitura de São Sebastião. O modelo é inovador e vem apresentando resultados excelentes, segundo a presidente da entidade, Fernanda Carbonelli.

Antes do “nascimento” da APA Baleia-Sahy, em 2011 o Movimento Preserve o Litoral Norte colheu 5.250 assinaturas da sociedade civil com pedido de criação de uma Unidade de Conservação de Uso Sustentável. “O projeto foi submetido a uma série de exigências, e após dois anos de tramitação, a APA Baleia-Sahy foi criada por meio de lei municipal, permitindo a proteção de mais de um milhão de metros quadrados entre as praias da Barra do Sahy e Baleia e protegendo mais de 87 espécies de fauna com algum grau de extinção”, explica Fernanda Carbonelli.

Modelo inovador – À época, ciente das deficiências do município de São Sebastião em gerenciar esta área de forma direta, o movimento criou o Instituto Conservação Costeira (ICC), ONG sem fins lucrativos que hoje exerce a co-gestão desta Unidade de Conservação. Esta gestão compartilhada da APA permite ao ICC a elaboração e execução de um plano de gestão ambiental, a implementação do zoneamento da área, desenvolvimento de estudos, monitoramento preventivo, encaminhamento de denúncias, apoio às comunidades tradicionais, e o programa municipal e estadual de ecoturismo.

A instituição atua também juntamente com a comunidade na elaboração de programas e eventos educacionais, esportivos e culturais em parceria com as Secretarias Municipais, além de oferecer diagnósticos dos meios físicos, biótico e antrópico, com vistas à elaboração de um plano de manejo da Unidade de Conservação, que já está em fase de estudos; e câmaras técnicas.

O modelo que o governo quer lançar já vem sendo aplicado na APA e tem integração direta com moradores da Vila Sahy, (uma grande comunidade existente próxima da APA, caracterizada como Zona Especial de Interesse Social – Zeis), e vem educando, orientando, participando, ouvindo e diagnosticando as necessidades do local, que sente a falta de esgotamento sanitário, maior fonte de poluição lugar.

Fonte: Agência Ecopress

Deixe um Comentário

O Tamoios News isenta-se completamente de qualquer responsabilidade sobre os comentários publicados. Os comentários são de inteira responsabilidade do usuário (leitor) que o publica.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.