Por Ivânio de Abreu
“Uma inveja boa” foi a definição do Comandante chefe da Polícia Nacional Civil de El Salvador, Cesar Antônio Ortega Mejia, após conhecer o Projeto Buscapé na manhã desta quinta-feira (26), na Base da Polícia Militar em Boiçucanga, Costa Sul de São Sebastião.
“Como representante da Polícia Nacional de El Salvador, vendo o desenvolvimento desse projeto, a opinião é geral, estamos extremamente impressionados com os resultados demonstrados e também uma inveja boa. Quero estimular os colegas a continuar com este trabalho, porque é a integração entre a Polícia e a comunidade, que realmente traz bons resultados. Garanto que esse projeto também será aplicado em El Salvador”, prometeu Ortega.
O projeto é uma Associação sem fins lucrativos com 10 anos de atuação, em Boiçucanga, desenvolvido pela Polícia Militar, que tem como foco preencher as horas vagas de crianças com idades de cinco a 12 anos, tirando-as da rua e dando uma visão de mundo melhor. As atividades desenvolvidas são artes marciais, a culinária que é o carro chefe, teatro, música, aulas de boas maneiras, educação militar e natação.
Para o presidente e idealizador do projeto William Silvério de Freitas, 48 anos, 3° Sargento reformado, “o objetivo é a formação da criança, tendo disciplina através das atividades esportivas e culturais desenvolvidas no projeto”.
Eudes de Amorim Assis, 40 anos, chefe de cozinha, é um dos voluntários do projeto e diz ser gratificante poder devolver a comunidade o que ela o proporcionou. “Faz sete anos que sou voluntário do Projeto Buscapé e é uma alegria enorme, porque sou nascido e criado aqui em Boiçucanga, e quero ver essa comunidade bonita com mais profissionais na área de gastronomia”.
Chefe de Cozinha Eudes de Amorim é voluntário do Projeto Buscapé
O Major Subcomandante do 20° Batalhão da Polícia Militar do Interior (BPMI) Alexandre Candido de Lima, considera fundamental a participação da Polícia Nacional de El Salvador. “Traz para nós uma experiência diferente sendo gratificante receber uma instituição policial de outro País. Isso proporciona uma troca de informações importantes e um ganho na área de Polícia Comunitária”, explicou Alexandre.
Segundo o Major, o projeto será ampliado para a área central do município, com o auxilio da Prefeitura, “Fomos surpreendidos pela manhã com a notícia do vice-prefeito Amilton Pacheco (PSB), a prefeitura vai entrar com a estrutura, sede física, parte de professores, para que possa ser criada uma filial nos mesmos moldes que funcionam em Boiçucanga, e atender as crianças carentes que tenham interesse em participar”.
O subcomandante acredita que, após a implantação do projeto buscapé, o índice de criminalidade no bairro caiu, “nós realizamos um levantamento estatístico essa semana, onde chegamos a constatação que até o ano de 2013, comparado ao ano de 2017, houve uma redução de 70% de furtos e roubos ocorridos no bairro especificamente de Boiçucanga, que é onde o projeto tem sua maior participação. Então a gente acredita que o projeto social, teve uma influência direta na redução dos índices criminais, justamente por trazer, gerações de crianças e adolescentes a participarem do projeto”, relata Alexandre.
O principal colaborador do projeto é a sociedade, “a participação comunitária é fundamental, pois, sem as pessoas da sociedade não haveria esse patamar que conseguimos hoje, somente a Polícia não seria capaz de promover tudo isso”, afirmou o Major.
Alunos do Projeto Buscapé
O comandante da Polícia Militar Eduardo Gonsales analisa como importante essa visita realizada pela Polícia Nacional Civil de El Salvador, ” é a primeira visita no nosso Projeto, e considerando que foi escolhido de todos que existem no Estado de São Paulo como o melhor para representar a Polícia Militar do Estado, na categoria Polícia Comunitária, é fundamental esse network, assim eles levam um material de apoio para a implantação desse projeto social no País deles. Levando todo o escopo do nosso projeto e implementado lá” explica Gonsales satisfeito com trabalho desenvolvido.
João Antônio Alexandre de Amorim, 18 anos, passou pelo projeto e agradece ao trabalho desenvolvido, “Eu tinha oito anos quando entrei no projeto, agradeço muito a Polícia Militar, por ter direcionado minha vida, através dos ensinamentos aqui aprendidos. Pude conhecer a gastronomia e assim ver um mundo incrível”, relata o jovem que ingressou na carreira militar e hoje é um dos voluntários do projeto.
